Maldição da balada do dia quinze

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~Cheryl's pov

Estou há quase cinco minutos olhando para uma poeirinha incômoda no canto do porta-retrato em cima de minha mesa. Não conseguia tirar Toni da cabeça e nem sequer consigo imaginar o dia, a hora ou o mês que a deixei entrar no meu coração.

Não posso negar que ela sempre me chamou atenção. Desde a primeira vez que a vi, chegando atrasada na reunião de pais, com a blusa ao contrário, uma completa bagunça, soube que aquela mulher séria problema. Na verdade, ela foi a resolução.

Nem consigo me recordar da última vez que gostei de alguém dessa forma, mas a dor do coração quebrado nunca é esquecido, de fato. Contra todos os impecilios, contra todos os meus princípios, aqui estou eu, suspirando por uma mulher que conheço há pouco. Suspirando por ela.

-É sobre a Toni, certeza. -Acordo ao ouvir a voz de Sophie e a risada contida de Jason.

-Sempre é sobre a Toni. -Jason rebate e eu fito os dois com curiosidade, ali na porta do meu escritório.

-Posso saber o que estão cochichando aí, seus fofoqueiros?

-Que você agora só fica com esse sorriso idiota nos lábios o tempo todo, estou até estranhando. -Minha irmã rebate, sentando em minha frente e levando os pés até minha mesa. Reviro os olhos, tirando-os dali.

-Isso é da sua conta, sua enxerida?

-É da nossa conta quando você começa a passar mais tempo no banheiro se perfumando, quase grampeia o dedo por estar com a cabeça na lua e ainda por cima esquece os dias dos compromissos importantes. -Faço uma careta com as observações nada sutis de Jason. -Você está apaixonada, não está?!

-Cala a boca, não estou nada.

-Por que esse pessoal sempre nega, hein? Que coisa mais chata! -Sophie questiona, emburrada. -Você está apaixonada, mana, só aceita. Toni é incrível, você tem sorte.

Tudo bem que eu acho ela uma das melhores pessoas que já conheci, sinto o coração aquecer quando ouço sua risada e já tenho até seu cheiro de eucalipto decorado em minha mente, mas eu não estou apaixonada, ok? É um deslumbramento por uma pessoa que consegue ser incrível em todos os sentidos. Toni e eu estamos nos conhecendo, é só.

-Sabe o que eu acho? -Eles me olham. -Que vocês dois não tem nada pra fazer e tiraram o dia para me perturbar. Eu estou ocupada, podem me dar licença?

-Você quem sabe, maninha. A negação é sempre a pior das escolhas! -Lanço meu dedo do meio para Sophie que sai do cômodo revirando os olhos e rindo.

-E você? O que quer? -Jason me olha de braços cruzados.

-Só quero que se cuide, está bem? Toni parece ser uma pessoa ótima e altamente sensível, não a machuque.

-O discurso não deveria ser ao contrário? -Ele suspira, passando as mãos pelos cabelos cor de fogo.

-Eu sei que você consegue se exceder, então não tome nenhuma decisão precipitada. É só um conselho.

Dito isso, ele sai, me deixando à sós com pensamentos bagunçados e muita informação para filtrar. Odeio não estar no controle nem mesmo dos meus próprios sentimentos. É uma droga!

Termino de rever alguns trabalhos que os professores do ensino médio haviam me mandando para que eu aprovasse e vejo no relógio que já estava na hora de eu me aprontar. Toni passaria para me pegar às nove e já eram oito.

Uma hora deveria ser o suficiente.

Tomo um banho quente e demorado, saio do banheiro com uma toalha enrolada no cabelo e outra em volta de meu corpo. As gotículas que desciam por minha clavícula me incomodavam um pouco, mas relevo.

Uma tia nada normalOnde histórias criam vida. Descubra agora