Uma tia nada normal

Maldição do dia da peça

~Veronica's pov

-Suas roupas estão todas aí, não é? -Questiono, mais nervosa que meus três filhos que me olhavam com as feições divertidas.

-Estão sim, mama. Fique tranquila. -Alex responde, abraçando minha cintura.

Era quase a terceira peça deles três durante todo os anos no colégio, mas era sempre o mesmo ritual, o mesmo nervosismo de mãe. Eu amava ver o brilho de vida que eles me demonstravam, era tão bom vê-los crescer, mas tão ruim saber que logo logo teria que deixá-los ir.

Como se soubesse que algo estava errado, Betty passa um braço por meus ombros, me sorrindo de forma carinhosa. Seus olhos me passam segurança e afeto.

Dirijo calmamente até o teatro que seria o local da apresentação. Batucando os dedos no volante no ritmo da música, enquanto os três cantavam e dançavam animadamente.

Quando minha vida se tornou isso?

Me sentia a mulher mais sortuda do mundo. Tenho a esposa mais compreensiva, carinhosa e amorosa do mundo, os filhos mais educados e o trabalho dos sonhos.

E por quê parecia faltar algo?

-Boa noite, sejam bem-vindos!

O segurança do teatro nos recepciona quando o entregamos os convites dourados. Alex, Tom e Gael se despedem de nós com beijos rápidos, eles cumprimentam Sophie, Jason, Josie e a tia que estavam na plateia e logo passam pela cortina vermelha, indo se preparar para o grande momento.

Sento no lugar que Toni havia separado para mim e para Betty, cumprimentando à todos com um sorriso cordial.

-Algo está errado. -Ela sussurra, perto de mim. Arregalo os olhos. -Sou sua irmã, sei reconhecer quando não está bem, cabeção.

-Eu...

-Não tente me enganar, ok? Diga o que está havendo de uma vez. -Ela cruza as mãos em cima das pernas, me olhando de forma complacente. Tomo uma lufada de ar.

Betty, que estava sentada ao meu lado, conversava animadamente com os outros três, me deixando um pouco mais à vontade para falar o que anda me cercando nesses últimos dias.

-Eu estou pensando em adotar um filho. -Toni arqueia as sobrancelhas.

-Isso é motivo para ficar chateada, com cara amarrada? Betty não gostou da ideia?

-Não é isso. Estamos em uma fase boa, cômoda. Ela está se dando bem na clínica veterinária, eu também estou recebendo grandes casos como advogada, os trigêmeos também estão ótimos na escola, adeptos à rotina. Não sei se um novo bebê seria tão...bom para o momento que estamos.

-Isso é baboseira, você sabe, Ronnie. -Suspiro. -Betty ama crianças, seus filhos são apaixonados por você, por vocês. Sem sombra de dúvidas, eles aceitariam um novo irmão de braços abertos. Então trata de dar uma desculpa nova para seu medo bobo.

Ela declara, voltando a fitar o papel em suas mãos.

Era difícil aceitar, mas Toni estava certa. Eu sempre tive medo de mudanças, mesmo daquelas que eu sempre quis.

Alguns minutos depois arqueio as sobrancelhas ao ver Fangs entrando no teatro, segurando na mão de um menino de cabelos lisos como os seus e olhos castanhos.

-E aí, pessoal! Boa noite. -Todos respondem. Ele parecia bem, leve, feliz. -Esse é o Valentim, meu filho. -O garoto sorri de lado e logo me derreto.

-Olá, Valentim. Você é muito bonito, garoto. -Toni fala, recebendo um sorriso maior ainda do menino. -Me chamo Antoinette, mas pode me chamar de tia Toni. Se você quiser claro.