Uma tia nada normal

Maldição do dia onze

~Toni's pov

Enfim, Domingo.

Como só teria mais quatro dias com os pirralhos, resolvi reservar o dia inteiro para eles. Fomos ao supermercado pela manhã, compramos muitas besteiras, ingredientes para uma lasanha, que eu certamente queimaria, e até um novo jogo de tabuleiro.

Meu coração parecia afundar cada vez que eu lembrava que só os teria para mim por mais quatro dias. Para quem não queria nem começar com aquilo, eu estava melosa demais.

-Tia Toni? Como nós vamos fazer isso aqui? -Tom questiona, apontando para os ingredientes da lasanha em cima da bancada de mármore.

-Eu achei o livro antigo de receitas da avó de vocês, tem tudo aqui. -Folheio as páginas, vendo as letras todas distorcidas. Sou uma perdição naquilo. -Pois bem, vou tentar. Alex e Gael, vocês querem começar a encher a piscina?

-Sim! -Eles respondem em uníssono, correndo até a varanda onde montei uma piscina de plástico azul de tamanho médio. Especialmente hoje, o sol achou que deveria brilhar de forma astuta.

-E então? -Thomas questiona, me olhando com o cenho franzido e braços cruzados. -Posso ajudar?

-Claro que sim. Vem aqui, coloca isso. -O entrego um avental enorme e cheio de florzinhas amarelas que costumava ser de Ronnie. -Você só vai cozinhar se vestir isso, seu pirralho.

-Está bem.

Ele faz o que mandei, ficando uma gracinha com o avental que cobria até quase metade de suas canelas, cabelos bagunçados e uma careta no rosto.

Começamos a trabalhar na gororoba, ou melhor, no almoço de hoje. Tom parecia ter mais ciência do que estava fazendo do que eu, que só jogava os ingredientes na panela e rezava para dar certo.

Uma hora depois, estávamos colocando a porção de mistura de coisas dentro do forno, trocamos um hi-five rápido, sujos de farinha e fomos ver como Alex e Gael estavam se saindo com a arrumação da varanda.

-Demoram uma hora para fazer isso?

-Qualé, está lindo. -Alex rebate, terminando de montar as luzinhas amarelas pelo local, já Gael era o responsável por montar uma cabana de lençóis com alguns pedaços de madeira que eu juntei para colocarmos na lareira. Preciso admitir, estava uma graça. -Vamos dormir nessas cabanas hoje.

-Não mesmo. -Rebato.

-Ah, mas vamos sim! Tive o maior trabalho do mundo, tia Toni! -Gael suspira, colocando o último lençol na estrutura.

Ignoro o fato de que minhas costas, com certeza, amanheceriam totalmente quebradas e foco no fato de que eles, pela primeira vez, estavam trabalhando juntos em algo. Ajudo a menina a terminar de colocar as luzes brancas pelo jardim, para então mandar todos para o banho.

Saio do banheiro enrolada com uma toalha branca e tomo um susto ao ver a moreninha sentada com a postura reta em minha cama, dentro de um vestidinho rosa e uma fita da mesma cor nos cabelos lisos.

-O que foi?

-Posso te fazer uma pergunta? -Encolho os ombros, virando-me para procurar uma roupa para vestir. -Eu sei para onde você foi ontem. -Pigarreio, tentando não parecer culpada por algo que eu não era.

-Ah, sabe?

-Aniversário da tia Cher.

-Como você sabe, Sherlock?

-Porque eu ouvi você falando com minhas mães pelo computador, não foi por querer. -Arqueio as sobrancelhas, mas ela não parece intimidada nem nada. -Podemos conversar sobre o que está acontecendo? -Solto uma risada anasalada.