Maldição do dia do encontro

1.5K 130 37
                                    

~Toni's pov

-Uau. Isso tudo é...

-Loucura? Pois é. -Suspiro, arrumando a postura enquanto Cheryl aperta seus braços ao redor do meu corpo. -Nunca pensei que esse tinha sido o motivo de ele ter fugido. Céus, Fangs nunca seria responsável à esse ponto.

-Ele estava assustado, deve ter entrado em pânico. -Arqueio minhas costas, virando de frente para ela.

-A questão não é essa, Cherry. A menina também estava com medo, até muito mais, ele me disse até que os pais dela a expulsaram de casa. Isso é uma loucura. -Levanto da cama, andando de um lado para o outro. -Se eu soubesse disso antes, nunca teria o deixado ir embora.

-Você não podia ter feito nada. -Paro de andar para fitar seu rosto sério. -Seu irmão teria ido embora mesmo assim. Pare e raciocine, você está colocando toda a culpa em suas costas. Você não é culpada de nada disso.

-Eu...-A ruiva se aproximar de mim, me segurando levemente pelos ombros.

-Você precisa ficar calma. Isso é problema do seu irmão, está bem? -Suspiro, abraçando-a e enterrando meu rosto em sua nuca.

-Obrigada por ser meu ponto de sanidade. -Cheryl ri baixinho.

-Disponha.

Passamos mais algum tempo deitadas na cama, assistindo uma série estranha que ela me obrigou a ver. Depois de eu constatar que já estava tarde até demais e que precisávamos trabalhar amanhã cedo, me despeço da ruiva com um beijo longo.

Entro no carro e dirijo até em casa, com a mente totalmente longe. Dessa vez, não estava pensando nela, estava pensando na burrada do meu irmão.

Não foi culpa sua, não foi culpa sua.

-Boa noite, dona Toni. -Sorrio fraco para John.

-Boa noite, John.

-Tem alguém esperando pela senhora.

-Quem?

-O mesmo homem de ontem. Como eu o vi subindo com a senhora, o deixei entrar. Tudo bem?

-Ah, sim. Obrigada. -Ele sorri.

Aperto no botão do elevador, e pela primeira vez, senti saudade das implicâncias da dona Maria, não a vejo há dias, parecia estranho.

Assim que o cubículo para no meu andar, o sinal ecoa pelo corredor e meus olhos param no homem sentado em frente a minha porta, fitando os pés.

-O que está fazendo aqui? -Meu irmão levanta, arrumando a jaqueta.

-Vim falar com você, mas não estava em casa. -Destranco a porta e ele me segue para dentro. Cumprimento Yoshi, que logo foi abanar o rabo pra visita já familiar. -Que bobo da minha parte, você deve estar cansada. Eu posso voltar outra hora.

-Não, fique. -Ele afirma. -Então, o que foi? -Fangs senta ao meu lado.

Pela primeira vez, ele parecia totalmente diferente do meu irmão engraçado, extrovertido e animado. As bolsas arroxeadas em baixo de seus olhos, diziam que ele não havia pregado os olhos na última noite. Seus cabelos estavam bagunçados - eles nunca saiam do lugar -, a blusa amarrotada, os suspiros desanimados.

Nada desse novo Fangs me lembrava meu irmão.

-Eu contei para os nossos pais.

-Acho que a resposta deles não foi tão positiva, hum?

-Nosso pai não quer mais nem falar comigo, nossa mãe me comeu com um discurso que achei justo da sua parte e, como você, Ronnie me bateu. -Arqueio as sobrancelhas. -Eles disseram que, se Valerie quiser, eu vou sim assumir esse filho. Eles não me criaram para ser um egoísta covarde. -Meu coração aperta ao ver seus olhos marejados. -Eu só queria ter feito diferente, não ter ido embora, não ter fugido. Eu só faço escolhas erradas, sempre foi assim.

Uma tia nada normalOnde histórias criam vida. Descubra agora