Uma triste decisão

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Talvez para muitos o recomeçar seja uma forma nova de viver o que não fora vivido antes, para Sakura o recomeçar era persistir em apagar as lembranças e focar apenas em seus filhos e o bem estar deles. Uma mulher muda após a gravidez e ela havia mudado o suficiente para negar tudo aquilo que lhe vinha ocorrendo, o baque de realidade era doloroso o suficiente ao ponto de lhe apertar o coração em puro desespero e angústia, isso gerado pelo medo da perda. Medo, sentimento esse que negou ter por muitos anos mas hoje via que nunca o conseguiu realmente não senti-lo, sentia-se fraca, sentia medo.
Os olhos jaziam lágrimas sem parar e o consolo dos braços fortes já não estava sendo o suficiente, não queria perder seus filhos e muito menos o marido que estava começando a tocar o íntimo de seu coração gelado para que novamente pudesse esquenta-lo. Estava arrependida de ter exposto a verdade para o homem insensível e sem escrúpulos que a pouco estava em sua frente, poderia tê-lo negado e mantido em baixos lençóis o verdadeiro pai de seus filhos, mas não seria justo, ele merecia saber. O rosto branco mantinha-se levemente inchado, os olhos, bochechas e a ponta de seu nariz mantinham-se vermelhos pelo choro constante que até então prolongava-se. Com uma lufada de ar pesada o moreno que lhe acolhia nos braços segurou em seu rosto com delicadeza olhando-a com amor e carinho, não queria abrir mão da Haruno mas antes o seu sofrimento que o da mulher. Um beijo casto fora deixado no topo de sua cabeça e um sorriso triste fora esboçado no rosto do homem, a mulher sabia exatamente o que faria e negava a si própria que ele teria essa coragem logo agora que tanto precisava de seu apoio.

ㅡ Itachi, não. _ Negou abraçando-o fortemente, não poderia deixa-lo ir.
ㅡ Sakura meu amor, olhe para mim. _ Pediu com delicadeza negando a si mesmo ser fraco, mas estava falhando miseravelmente.
ㅡ Não!
ㅡ Por favor..
ㅡ Não Itachi, não! _ Afastou o rosto choroso do peito do moreno que abraçava olhando-o, demonstrando toda sua frustração e angústia naquele momento e mesmo assim ele iria abandona-la ali quando precisava de seu carinho. ㅡ Não vá, não me deixei.
ㅡ Me desculpe meu anjo, mas não posso ficar, não mais... _ A mão quente do Uchiha limpou de suas bochechas rosadas as lágrimas que escorriam, afastando-se da mulher que sentia sua visão escurecer aos poucos, parecia um pesadelo que não conseguia acordar.

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Quando os olhos abriram-se novamente seu corpo estava deitado sobre a cama, uma enxaqueca não dava descanso a sua cabeça e o suor lhe molhava as roupas. A respiração estava falha e o olhar desesperado percorreu pelo cômodo em busca do Uchiha que dividia a casa e a vida consigo, nenhum sinal.

ㅡ Itachi? _ Lhe chamou com receio.

Silêncio.

As orbes esverdeadas pairaram sobre a cama vazia, a mão direita tocou a área recém arrumada e sentiu uma fina lágrima descer juntamente de um suspiro forte e pesado. Levantou-se da cama enquanto vagarosamente fazia uma massagem sobre as têmporas, como estava doendo, céus!
Os pés tropeços lhe guiaram para a cozinha onde uma mulher loira segurava em mãos um recipiente de vidro com uma massa dentro, não sabia a quanto tempo Ino estava ali e nem perguntaria, não queria conversar verdadeiramente não queria nem ouvir uma voz se quer. O armário fora aberto em busca da pequena caixa com remédios de diferentes propriedades e para quaisquer sintomas, todos foram retirados de seus devidos lugares e o qual buscava até então não havia encontrado, já estava lhe estressando as vistas doerem pela claridade provinda das vidraças da sala de estar. O sol já estava esbanjando seus raios para o mundo, não eram quentes nem tão despercebidos, estavam na temperatura perfeita para aquele início de manhã gélido.

ㅡ Mesa. _ A voz serena pronunciou-se pela primeira vez indicando onde estava o que tanto procurava. ㅡ Sente-se, preparei um café amargo e forte.
ㅡ Obrigada.

A contragosto sentou-se, queria perguntar de vez o que lhe estava entalado na garganta mas temia as respostas. A Yamanaka sabia as dúvidas que rondavam sua cabeça naquele momento, obteve por Itachi as devidas explicações e mesmo odiando a decisão do Uchiha não poderia impedi-lo e manda-lo ficar como um cachorro bem educado.

ㅡ Já conversamos, estou acabando o café da manhã. _ Disse simples enquanto despejava com uma colher funda a massa que preparava em uma frigideira quente com um fino fio de óleo de soja, faria panquecas.
ㅡ Onde estão..
ㅡ Foram para a casa do pai, saíram agora a pouco. _ A interrupção lhe causou um certo nervoso, todavia não comparava-se ao que acabará de ouvir. ㅡ Não surte, as crianças já sabem a verdade e estão cientes de tudo.

Não conseguia lembrar-se de quando haverá contado aos gêmeos sobre Madara, verdadeiramente não sabia nem o dia em que estava e por alguma razão aquilo lhe incomodou. Levantou-se da banqueta frente a ilha despojada de uma linda pedra de mármore negro e fora até o pequeno calendário na área de escritório da casa, pegou o pequeno pedaço de papel em mãos rumando a cozinha novamente.

ㅡ Que dia é hoje? _ Questionou mirando a amiga que virava com uma outra colher o alimento, Ino não lhe deu respostas. ㅡ Ino, que dia é hoje?
ㅡ Domingo.

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Ohayo!
Mais um capítulo finalizado, estou retornando a escrita então talvez vocês vejam mudanças às anteriores.
E agora que irá começar a entrar em ordem tudo que ocorreu durante esses vinte capítulos, obrigada a todos meus amores!
Até mês que vem, com mais um de onde veeeeeeeeem!
:3

Sugar Daddy - ɴᴀ̃ᴏ ʀᴇᴠɪsᴀᴅᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora