A Condição

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A verdade estava exposta sobre a mesa, Madara não mantinha-se abalado por fora mas por dentro seu mundo desmoronava aos poucos. Talvez fosse o destino querendo lhe pregar uma peça ou aquilo era um golpe premeditado entre ambos, não sabia e no momento nem estava afim de descobrir. Ser pai não era uma notícia para si, todavia ser o pai daqueles pequenos garotos sentados no tapete da sala era sim um novo assunto, afinal, não os conhecia e nem pôde ver o nascimento dos próprios filhos, pior ainda fora largar a mulher que amava sem o seu apoio no momento em que ela tanto precisou de si.

ㅡ Faz cinco anos desde que você foi embora.. _ A voz falha tornava-se embolada cada vez mais pelo choro que lhe sufocava a garganta, no momento sua vontade era de gritar até as cordas vocais ficarem mudas. ㅡNaquele dia em que me deixou deitada em sua cama sozinha e sofrendo por ter decidido partir, você iluminou a minha vida com meus filhos.

A dor que sentia dentro do peito era forte e a cada palavra dita parecia piorar mais, enfrentava o passado naquele exato momento e sem perceber estava fraquejando ao encara-lo cara a cara. Talvez não tenha sido uma das melhores escolhas que haverá tomado, mas estava mais que na hora de finalmente acalentar essa dor corrosiva que a cada dia que se passa mais lhe machuca ao olhar para seus filhos e lembrar de quanto sofreu por um homem que de um dia para o outro sumiu dos radares e finalmente retornou. Não entendia de onde suas forças saíam, talvez fosse de Itachi que no momento mantinha-se de pé atrás de si com uma mão enlaçando sua cintura e a outra junto a sua com os dedos cruzados.
O olhar do Uchiha mais velho estava perdido em um ponto qualquer da casa onde residiam, talvez pensando nos problemas que agora enfrentaria ou apenas revivendo o passado por meio das lembranças. As íris brilhantes ficaram sem vida ao encarar por fim a mulher a sua frente, não culpava-a e muito menos iria culpar as crianças que foram fruto de seu amor incompreendido, sim, incompreendido. Não poderia explicar o porquê de tudo aquilo, afinal não acreditariam no que lhe ocorria a cinco anos atrás e naquela época sumir do país e não deixar sinal de vida era uma das suas únicas opções, não queria ficar para no fim causar uma mágoa e tristeza maior à mulher que tanto amava e ainda ama.

ㅡ Não tenho o direito de lhe pedir nada, Madara. _ Fechou os olhos escondendo as orbes esverdeadas que no momento derramavam lágrimas salgadas. ㅡ Mas não tire meus filhos de mim, por favor.
ㅡ Não os levarei com uma condição. _ Riu-se enquanto encarava o sobrinho com desdém e presunção.
ㅡ E qual seria? _ Itachi questionou já sabendo a resposta.
ㅡ Reconquistar Sakura novamente, eu ainda não desisti de erguer minha família e retornei por este motivo. À cinco anos atrás eu realmente fui covarde e quero tentar consertar isso novamente, nem que eu leve anos para conseguir. _ Respirou fundo erguendo-se da cadeira enquanto ajeitava o blazer preto que lhe caía bem, direcionou seus passos até a porta de entrada da residência e com um sorriso convencido e amargo nos lábios retornou ao casal que mantinha-se de pé. ㅡ Voltarei no domingo da próxima semana para ver nossos filhos, Sakura.

Poderia sim ser um homem de bom senso mas não queria no momento, o que seu sobrinho tinha era seu e nem que lhe custasse longos e torturantes anos recuperaria. A mulher que lhe atormentará os sonhos e pensamentos nesses mil oitocentos e vinte cinco dias retornaria à seu lado, a prova viva de seu amor por ela hoje batia em dois corações e mesmo com o tempo contra si recuperaria seus filhos, sua amada e seu futuro.
Saiu a passos calmos rumo a um bar qualquer pela cidade para ingerir uma boa dose de álcool, necessitava estar embriagado para digerir as informações que a pouco lhe foram ditas e com isso retirar a imagem da mulher de cabelos róseos sendo abraçada por seu sobrinho da cabeça, perguntava-se intimamente se apenas levavam um casamento de fachada pelas crianças e a honra da Haruno ou se realmente tinham sentimentos verdadeiros ali. Não conseguia raciocinar ao cogitar a probabilidade de Itachi tê-la tocado, tê-la feito esquecer-se de si e dos problemas enquanto dividiam a mesma cama. Torturava-se mentalmente por ter sido covarde e tomado uma decisão que apenas prejudicou todos os planos que vinha planejando desde muito tempo, achou que fugir seria a resposta e afundar-se em mulheres pagas ajudaria-o esquece-la mas nada adiantava, por muito pagou prostitutas de olhos verdes para ao menos ter o aconchego de lembrar dos olhos brilhantes e desejosos da Haruno mas nada satisfazia-o, apenas ela conseguia sacia-lo e não importava quantas mulheres deixasse de ter em sua cama era inesquecível, ela era inesquecível.

Perdido em devaneios nem deu-se conta quando havia passado do bar, talvez sua necessidade no momento não fosse o álcool e a embriaguez mas sim o carinho e amor que tanto lhe faltava. Com a respiração pesada soltou o ar pelas narinas com pesar e encarou o céu escuro pelas nuvens chuvosas que tornavam o clima frio e sombrio, passou as mãos pelo rosto logo passando-as pelos cabelos que lhe caiam sobre a face, não sabia por onde começar e como o faria, tão logo sabia se a mulher realmente ainda guardava um sentimento tão profundo no peito que ainda possa ser exposto e acolhido, provável que se tivesse Itachi também tomaria a metade dele, mas não desistiria nem que sua vida dependesse disso; Morreria amando-a e assim continuaria.

Sugar Daddy - ɴᴀ̃ᴏ ʀᴇᴠɪsᴀᴅᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora