ALMOST IS NEVER ENOUGH - CHARLES LECLERC

PARTE 2 - SEDICI

7 de setembro de 2019, sábado

GP DE MONZA - ITÁLIA

CHARLES POV

Ela não me esqueceu. É tudo que eu preciso ouvir. Estou pensando em como esclarecer as coisas e tentar reconquistá-la quando Marin começa a falar.

- Ah Charlie, acho que só os deuses romanos sabem o quanto eu tentei, Charles. - ela me encara e percebo que ela está chorando. - Como explicar pras pessoas que já se passaram 3 meses desde que você conheceu alguém e ainda está pensando nela? Embora você a viu apenas uma vez? Como explicar que você ainda está apaixonada por ela?

"Apaixonada?" é a única coisa que se passa pela minha cabeça. Ela ainda está apaixonada.

- Somente Aaron que me acompanhou até aquele squad para tentar achar alguma coisa sabe o quanto chorei. E todas as vezes que ele perguntou sobre você e várias vezes seguidas até eu dizer seu nome e ele te achar pelo instagram e então eu não conseguir te mandar nenhuma mensagem porque...

- Você deveria ter mandado. Eu iria dar um jeito de ir ao seu encontro... - eu disse indo em sua direção.

- Iria mesmo? - nos olhos de Marin há apenas dúvida. - Charles, no dia que eu tive coragem de te achar você estava de férias com a Giada, sua namorada. Que liberdade você acha que eu tinha de chegar na sua vida, cobrando um noite sendo que vocês tinham anos e anos de relacionamento.

- A gente tinha dado um tempo quando te encontrei... - eu digo dando uma resposta a ela. Eu já havia dito isso, será que ela achava que eu estava brincando quando disse que ia atrás dela?

- Charles. - Marin se aproxima de mim e coloca sua mão no meu rosto, sinto uma leve hesitação mas também há uma corrente elétrica existente ali. - Eu nesse momento não estou cobrando, não mesmo. Não tenho esse direito. 

Ela tira a mão do meu rosto e olho pros seus dedos, as unhas ainda cortadas curtas e mesmo assim roídas de nervosismo. Ela me olha e nossos olhos parecem cansados, essa conversa entalada em sua garganta a tanto tempo que não sabemos que rumo levar agora. Desprendo meus olhos dos seus e tento procurar algum rumo nessa conversa, automaticamente vejo o casaco de Esteban Ocon agora apoiado numa cadeira. O casaco preto com a logo da Mercedes em prata parece um peso no meio dessa conversa, como se o próprio Ocon estivesse ali. Tento não ser paranoico em imaginar eles juntos, mas preciso saber como ele entrou na vida dela. Marin observa que me aproximo e pego o casaco e então pergunto.

- E você e o Esteban? - pergunto segurando esse maldito casaco em minhas mãos. Acabo de perceber que sou muito ciumento quando o quesito é Marin.

- O Esteban... - Marin diz como se fosse uma piada que ela gosta de ouvir. - Eu tentei tanto, mas eu tentei tanto... Esteban é um cara tão legal...

Ela se encaminha para a janela. A luz da lua entra pelo paredão de vidro a iluminando. Ela está linda como sempre... Acho que nunca achei uma mulher tão linda na minha vida e de diversas formas diferentes.

- Esteban é francês, assim como Aaron. Embora Aaron e eu sejamos irmãos, ele nasceu em Lion e eu no Brasil. - ela diz olhando pela janela e a forma como passa as mãos pelo braço me incomoda, só quero aquecê-la e cuidar dela. - Aaron conheceu Esteban numa social que a Mercedes deu e ele trabalhou. Se tornaram amigos próximos e numa festa em que fui encontrar Aaron eu o conheci.

Não quero saber disso. Não quero saber dos detalhes, mas ao mesmo tempo parece um castigo que tenho que passar para entender como nunca nos encontramos depois daquela noite em Paris.

- O engraçado era que você estava na festa. Foi no GP de Mônaco, na festa que deram para arrecadar dinheiro para alguma entidade. Bem, Aaron é chefe de cozinha e estava comandando a cozinha nesse dia, por isso ele me convidou. - ela suspira como se a lembrança a agradasse. - Eu fico normalmente pela cozinha, dando dicas sobre os pratos e auxiliando no que dá, mas nesse dia eu tinha o convite pra jantar, com o amigo do meu irmão, já que ele estava trabalhando...