PARTE 3 - VENTIQUATTRO

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(NARRADOR TEMPORAL)

Marin e Charles não se viram após Monza.

E as coisas se tornaram um pouco complicadas após duas vitórias de Charles na Ferrari e Marin ter conseguido o emprego que sempre desejou.

Ambos foram sobrecarregados com uma pressão por resultados e vitórias que acabou mexendo com o psicológico dos dois. E os dias seguintes não foram fáceis.

Na Fórmula 1, Sebastian Vettel não estava satisfeito com a onda de sorte do Charles e por isso em Singapura embora Charles tenha feito a pole position, a Ferrari fez uma estratégia que permitiu que Vettel passasse na frente do jovem monegasco, o que acabou fazendo com que Sebastian ganhasse a corrida. 

Nesse dia os pilotos da Ferrari brigaram no box.

Também foi em Singapura que os jornais descobriram que Giada e Charles terminaram, causando um borborinho sobre a vida amora do jovem piloto monegasco que ele não queria. Inclusive começou um boato que ele estaria saindo com uma grande amiga de Giada, cujo nome era Charlotte.

Na mesma semana que isso aconteceu, uma sequência de fotos de Marin acompanhada de Oscare Ralph apareceu na mídia durante um evento em New York. Ela radiante usando um vestido azul escuro e ele de terno numa festa em que foram para promover uma marca de roupa famosa, ambos dançando e se divertindo bastante. Quando Marin foi apontada como novo affair de Oscare isso incomodou Charles de uma forma que ele não sabia entender, por isso brigaram na semana do GP de Rússia.

Quando Oscare soube que Charles e Marin brigaram por causa das fotos, eles discutiram no hotel em que se encontraram e passaram a se evitar pelos dias seguintes e por incrível que pareça foi Esteban Ocon que ajudou os dois a se entenderem e fizerem as pazes. 

Mas a saudade bateu, então Warner e Leclerc se entenderam e combinaram se encontrar em Susuka como tinham prometido ainda em Monza, mas com o tufão se aproximando do Japão o voo de Marin foi cancelado e eles não conseguiram se ver.

No sábado em que não teve treino classificatório, Charles disse que ia ficar no quarto estudando uma estratégia, mas fugiu e foi parar na exposição de animes que estava tendo, a mesma exposição que ele sabia que sua garota estava querendo ir. Não conseguiu entrar, mas achou uma lojinha que vendia coisas de anime e comprou um presente para Marin com coisas que ele sabia que ela gostava: uma camiseta da Sakura Card Captors e uma réplica do colar que a Sakura usava para liberar as cartas, comprou vários doces e comidas japoneses, uma blusa de manga dos Power Rangers pois ele achou que ela gostaria e enviou junto um moletom da sua nova marca de roupas que ele ainda não tinha lançado. No cartão postal escrito apenas saudades e enviou. Não sabia se era o suficiente, mas tentou.

Para Marin os dias pareciam que tinha 72h de trabalho e nada de descanso. Ela passou os dias inteiros trabalhando com Andrew Bolton que se mostrou bastante dedicado a sua função e por isso cobrava muito dela, sua assistente pessoal. O final de semana de Suzuka foi tão corrido que ela acabou dormindo numa almoxarifado do The Met e não assistiu a corrida e nem conseguiu mandar mensagem para Charles, estava tão cansada que não sabia nem pedir desculpas pela ausência.

Após sua corrida não ter sido exatamente como ele queria, Charles ainda chorou com saudades de Jules Bianchi e de Marin, sabendo que não saberia o que fazer se a perdesse também.

Quando chegou em casa, em Mônaco, após esse final de semana conturbado Charles encontrou em cima da sua cama um pacote pequeno e simples, seu coração ficou apertado ao perceber que era de Marin.

"Te vejo em casa. Saudades."- ela dizia no envelope e dentro dele o endereço da sua casa e a cópia da chave da casa dela. Pensou que aquilo poderia ser o melhor presente que ela poderia ter enviado, porém tinha mais.

No fundo tinha um porta retrato. Charles rasgou o papel de seda pensando que era uma foto deles juntos, mas o que viu apertou seu coração e ao mesmo tempo o aliviou: era uma foto analógica de Jules e Charles tirada no ano do acidente de Bianchi, 2014. Ambos tão novos e sorridentes, pousando para um fotógrafo amador, o pai de Marin. Charles sentou na cama e chorou de alívio naquele dia, quando ligou para ela, Marin contou que achou num dos filmes analógicos que o pai dela tirava e nunca revelava e por isso achou que aquela foto pertencia a Charles e enviou.

Naquele dia, eles fizeram as pazes. E Charles disse que a amava pela primeira vez, mas que entendia que a distância era complicada. Eles sentaram e conversaram sobre coisas que não estavam claras ainda e perceberam que com a nova agenda dos dois até o final do ano, eles não se veriam mais.

Marin não chorou na frente de Charles, mas um dia após uma ligação com ele, ela chorou sozinha no seu apartamento. Já era meados de outubro e ela não conseguiria ir ao GP do Brasil, as coisas estavam complicadas demais no trabalho e ela não tinha mais certeza se queria se manter em New York. Fora a saudade de Charles que apertava o seu coração em todos os momentos.

No GP do México, Lewis Hamilton se consagrou SEIS VEZES Campeão Mundial de Fórmula 1 chegando muito próximo da marca de Michael Schumacher e todos os holofotes estavam nele, mas foi nesse GP que a projetista do pódio que Charles achou o mais incrível desse ano (o pódio recebia o primeiro colocado numa plataforma suspensa que erguia o vencedor do GP com o carro junto!) apresentou o Sr. Lorenzo Mercadante-Warner, pai de Marin e Aaron.

Eles saíram para jantar, o que foi estranho e ao mesmo tempo bastante comum. Lorenzo era um homem bonito, alto e ombros largos e se parecia em vários pontos com Aaron, mas carregava o amor pelo que gostava na forma que falava e isso era totalmente Marin. Ele contou há quanto tempo gostava de Fórmula 1, confidenciou a Charles histórias sobre seus filhos e disse que sabia o quanto Marin gostava dele, mas entendia o quanto cada um morar e trabalhar distante um do outro deveria estar machucando os dois.

Charles se viu explicando que não iria abandonar a Marin em momento nenhum e Lorenzo acalmou Charles informando que ele não precisava se explicar, ele entendia e mudaram de assunto agora falando sobre as corridas que o pai da Marin assistiu no Brasil, principalmente as de Ayrton Senna. E quando fizeram uma vídeo chamada para Marin ela ficou radiante e chorou no meio do museu em que estava trabalhando naquele dia o que acabou gerando muitas risadas da parte de Charles e da parte do pai da Marin.

Após o GP do Brasil, Lorenzo teve um infarto e faleceu. Contrariando as ordens da Ferrari e toda  a programação que a Ferrari tinha, Charles pegou o primeiro avião e encaixou uma rota longa de viagem até a Itália, onde o pai dela foi enterrado. No aeroporto encontrou Marin na área de espera para seu voo de volta a New York, triste e abalada. Eles passaram exatos 43 minutos juntos, onde todos eles foram preenchidos com Marin chorando no ombro de Charles e Aaron ao lado deles, os protegendo. Esses minutos fizeram total diferença na relação deles, e embora os jornais não soubessem eles estavam juntos e mais fortes do que antes.

Em Abu Dhabi após a última corrida do ano teve os testes de pneus para a temporada de 2020 e então o ano de Fórmula 1 acabou. Charles tinha alguns compromissos para cumprir no lugar de Sebastian Vettel que tinha acabado de ser pai. Após a morte do pai de Marin, eles fizeram as pazes de modo definitivo e acharam um meio termo na relação de amizade deles e trabalho.

Dezembro era o mês que o museu mais tinha programação para turistas devido ao final do ano, então o tempo que Charles e Marin tinha estava cada vez mais escasso. Com a diferença de fuso horário e os dias delas sendo preenchidos com trabalho e mais trabalho eles só se falavam por mensagens e algumas fotos, todas respondidas com horas de diferença. A distância preencheu os espaços vagos entre eles.

O que seria de Charles e Marin agora?


ALMOST IS NEVER ENOUGH - CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora