PARTE 1 - TRE

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LONDRES, Dezembro de 2018


Charles POV - Londres

Acordo na minha cama. No caso na cama do hotel. Olho o relógio de cabeceira e são quase 15H da tarde. Cacete. Levanto-me rapidamente e fico tonto. Jogo meu corpo na cama e gemo baixinho. E ouço uma risadinha.

Será?

- Como está o Sr. Ressaca? - Arthur fala de algum lugar do quarto.

- Moooasjasjjas. - eu digo de modo incompreensível.

- Cara. Daniel está muito feliz pois você saiu da teoria da ressaca para a prática rapidamente.

Arthur se aproxima de mim com um copo enorme de água e alguns remédios para ressaca. Do lado tem um melão cortado e um pão doce. E flores.

- As flores são para aumentar minha auto estima após a noitada de ontem? - pergunto tomando os remédios.

Ergo o copo apenas o suficiente para tomar o remédio que arranha minha garganta. Bebo mais água e ataco o pão doce, é recheado com chocolate e tenho certeza que não ficará no meu estômago, mas como mesmo assim.

- As flores foram Giada que mandou. - ele diz apontando para trás de mim onde vejo um lindo buquê de lírios cor de rosa.

- Giada? - eu pergunto confuso. - Não tenho muita certeza do que está acontecendo aqui...

Arthur me olha sorrindo. Percebo que ele está arrumado demais nessa manhã de domingo: camisa de polo bem passada, calça jeans escura e tênis limpo.

- Vamos sair? - eu digo o olhando. Começo a comer o melão, está docinho e começa a derreter na minha boca. - Se você me dar um tempinho consigo te acompanhar...

- Bem, eu vou sair. - ele diz se levantando do sofá que estava. - Conheci uma garota legal ontem e ela me chamou para sair antes de seguir viagem, então vou aproveitar...

- Não ganho nem um resumo melhor dessa história? - eu digo dando um sorrisinho.

Arthur me olha por alguns segundos. Parece muito mais maduro agora nessa manhã do que no começo da temporada passada, ou até mesmo durante todo o tempo que passamos juntos.

- Charles... - ele me diz calmo. - Estou satisfeito que esteja aprendendo a curtir suas férias e se divertindo com os outros pilotos da Formula 1, mas cuidado com o que a mídia divulga.

- Como você sabia que eu saí com os meninos? - pergunto. Não lembro como cheguei ao quarto e estou na verdade acreditando que Arthur me resgatou no elevador... - CACETE!

Arthur nem tem tempo de falar nada pois me levanto rápido demais da cama, abro a porta do meu quarto e aperto o botão do elevador. Fico aguardando nervoso. Estou descalço e pela primeira vez percebo que tem um cheiro estranho em mim, lembro do vômito da noite passada e penso que talvez toda a cama que dormi também esteja com um cheiro semelhante ao meu, ou pior.

- O que você está procurando? - Arthur aparece ao meu lado. Ele está cheiroso, bem diferente de mim. - E você precisa de um banho.

Eu o olho com a cara fechada e quando a porta do elevador abre, peço para ele segurar. Olho diretamente a lixeira e procuro algum vestígio da noite de ontem, mas a lixeira está vazia e o elevador parece que nunca foi vomitado por mim. Saio de lá com a cabeça baixa e volto pro quarto e deito na cama. Agora que estou acordado percebo que acho que vomitei na cama também e fico enjoado. Tento não respirar fundo e começo a tirar todos os lençóis da cama e faço uma trouxa de roupa suja. Tiro minha camisa e minha calça, jogando em cima da roupa suja perto da porta do quarto. Arthur continua me observando.

ALMOST IS NEVER ENOUGH - CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora