NEW YORK

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27 de DEZEMBRO de 2020

NEW YORK

CHARLES POV

Após as festas natalinas e depois de negociar com Mattia sobre o que eu podia fazer em New York, finalmente estou indo pegar um avião.

Assisti alguns filmes sobre chegar em New York e me sentia preparado psicologicamente. Serei recebido nesse turbilhão de cores e energia, me sentirei amado e encantado com a cidade que nunca dorme, querendo sair por aí dançando... Bem, isso não aconteceu.

É assim que sou recebido pela cidade: atropelado por tudo e por todos.

New York está chuvosa e tinha nevado mais cedo, por isso quase caí três vezes até conseguir pegar um táxi. Saí de uma Paris fria, mas nada comparada ao que estou sentindo aqui. O frio cortante parece que vai rachar meus lábios. Estou usando uma malha quente e um casaco pesado, meu cachecol da Burberry, luvas e minha touca de frio da Ferrari; toda essa roupa chega a ser uma combinação quase exótica, mas que me aquece. New York acaba de me receber com a temperatura de 8°, mas nem quando fui esquiar senti tanto frio.

O taxista que me levou direto do aeroporto ao The Met Museum dirige igual a um louco e discretamente me seguro nos bancos de couro com uma mão enquanto a outra carrega a caixa de macarrons que Aaron fez para a irmã dele: 20 doces em cores e sabores sortidos que receio que quebrem devido a toda ultrapassagem que ele faz. Se esse motorista dirigisse um carro de Fórmula 1 ele já teria batido em 6 pilotos logo na largada. Quase não consigo ver todas as lojas quando passamos por elas, por isso quando o taxista para na porta do The Met eu sinto uma náusea no estomago e certa gratidão por estar finalmente em terra firme.

The Met Museum, em Ney York City. O maior museu dessa cidade é também um dos museus mais visitados do mundo. Li tudo que precisava nas minhas mais de 12h de voo até aqui. Sei sobre as escadas que me recebem assim que ergo meus olhos, os seriados que aqui foram gravados, assim como filmes e até assisti ao filme Uma Noite no Museu durante meu voo para quando chegasse aqui me sentisse mais a vontade, entretanto sinto um frio pelo meu corpo que não tem nada a ver com o frio dessa cidade.

Pelo horário que chego ao museu (as 22:42h) sei que o museu está fechado, mas ainda há pessoas sentadas nas escadas conversando e sei que não haveria nenhuma possibilidade de eu conseguir entrar, mas Oscare me ajudou nisso. Por isso, igual aprendi com Marin me encaminho para uma das entradas laterais e mostro o crachá que me dá acesso ao museu. O segurança do local não me reconhece, ou parece não se importar, apenas me mostra o caminho que devo seguir para "fazer meu trabalho", aceno a cabeça informando que tudo bem e explicando que tudo que preciso está na mochila.

- Espero que você não me coloque numa encrenca, Oscare. - eu digo baixinho passando pelo corredor iluminado a meia luz.

Quando estou chegando no salão principal o barulho de uma obra é ouvido, sei que eles estão construindo alguma coisa e parece ser grande. Ao me aproximar a primeira pessoa que vejo é Andrew Bolton usando um terno na cor cinza, está em pé observando o que as pessoas estão fazendo. Dou a volta de forma discreta para ter uma visão melhor, percebo que eles não estão construindo nada, estão filmando alguma coisa, acho que é um novo filme pois percebo que existem seguranças ali.

- Precisa de uma bebida? - uma voz diz ao meu lado direito. - New York consegue ser absurdamente fria em dezembro.

Olho para a minha direita e vejo que é a projetista do pódio do México, a mesma garota que me apresentou ao pai da Marin.

- Conheço você. - eu digo aceitando o que ela me oferece. - Mas não conheço você.

- Sou Asling Flores. - ela diz enquanto fazemos um brinde, quando tomo o primeiro gole finjo que não me engasguei: é chocolate quente com whisky. - Como eu disse, New York consegue ser absurdamente fria em dezembro. - ela toma mais um gole da sua bebida. - Sou amiga da Marin... Fui eu projetei o pódio do GP do México.

ALMOST IS NEVER ENOUGH - CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora