Capitulo IV: O Borrão de Caneta

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Logo pela manhã já percebi que o clima continuava pesado. Eles estavam reunidos na mesa da cozinha tomando café juntos, mas ninguém falava nada.... Somente o necessário...
Ao terminarem a primeira refeição do dia se levantaram e se despediram. Cada um seguindo sua direção silenciosamente. Papai e mamãe foram ao serviço de carro e Billy estava indo à escola a pé. Decidi acompanhar o Billy.
Os amigos de Billy o encontraram no caminho. Eu me lembro muito bem deles:  Gabriel e Jonatan. Sempre vão lá em casa depois da escola e passam a tarde jogando vídeo game com o Billy.
Na tentativa de animar Billy, Gabriel e Jonatan o cumprimentaram com um sorriso no rosto:
-Oii Billy!!
Billy sem levantar a cabeça os cumprimentou desanimado:
-Oi...
Os dois amigos já sabiam do acontecido. Sem conseguir sequer levantar a cabeça de Billy, um sinalizou com a cabeça para o outro e, simultaneamente os dois deram um abraço no Billy:
-Meus pêsames brother...
Gabriel completou:
-Conta com a gente, cara... A gente tá aqui pra te dar apoio...
Billy deixou lágrimas escorrerem em suas bochechas e sem se mexer agradeceu com uma rouquidão em sua voz:
-Obrigado pessoal.... Eu não sei o que seria de mim sem vocês....
Essa cena encheu meu coração de alegria. Saber que ele tem amigos de verdade que se preocupam com ele e querem fazê-lo se sentir melhor me deixa muito feliz.
Chegaram na escola, infelizmente os três estavam em salas diferentes.... Fui na sala do Billy e o acompanhei até a sua mesa escolar. Billy estava sempre de cabeça baixa. Não percebeu que os colegas todos ficavam olhando pra ele e cochichando, mas ninguém se prontificou a confortá-lo. Parecia que o acontecido era só um assunto a mais pra eles conversarem....
A última a entrar na sala foi a professora. A única que fez alguma coisa pelo Billy! Ela foi até a mesa dele e o abraçou:
-Billy, se você não estiver se sentindo bem pra estudar, não precisa se esforçar. Pode descansar na sua mesa, e até mesmo sair da sala quando precisar. Estou preocupada com você... Por quê não tirou o dia de folga?
Billy respondeu:
-Se eu ficar em casa é pior, porque me lembro da minha irmã o tempo todo. Quero estudar e passar mais tempo na escola pra eu ocupar minha mente...
A professora respondeu:
-Você tem razão!! Você precisa se distrair!! Fico satisfeita em saber que está me dando a oportunidade de te ajudar nisso!
Era aula de história, a professora foi próxima a lousa e deu a ordem:
-Todos abrindo o livro na página 194! Leiam os textos até a página 200 com muita atenção, pois vou dividi-los em grupos e vamos começar uma gincana de questionários de história!
Os colegas não gostaram nada da ideia e ficaram com raiva do Billy só porque ele queria estudar. Quando a professora se virou para passar as regras da gincana na lousa, os colegas começaram a atirar bolas de papel no Billy, mas ele não reagia....
Fiquei furiosa com aquilo!! Queria defendê-lo mas sabia que seria inútil qualquer tentativa...
Billy se sentava em uma das ultimas carteiras do meio. Um colega, que estava na ultima carteira próxima a janela à esquerda de Billy, estourou sua caneta na bolinha de papel e arremessou contra o Billy. Por reflexo segurei a bolinha. Apenas aquele aluno viu a bolinha parando no ar. Sem pensar arremessei a bolinha na professora. Acertei o louro palha dos cabelos da professora o que fez uma mancha redonda azul atrás de sua cabeça. Ela imediatamente olhou pra trás e viu o garoto virado de lado com as mãos cheias de tinta de caneta. Ela arregalou os olhos e passou a mão no cabelo. Antes mesmo de ver o estrago, ela já fez uma cara de choro quando sentiu o visco da tinta em seu cabelo. E, quando ela viu o azul em sua mão, soltou um berro:
-THOMAS!!! JÁ PRA DIRETORIAAAAAA!!!!
Ele, assustado e sem entender o que estava acontecendo, se levantou imediatamente e foi à diretoria, pois era inútil retrucar. Foi acompanhado pela professora furiosa.
No momento que eles saíram, a sala toda, que estava em silêncio, vendo a reação da professora, disparou as gargalhadas:
-O THOMAS É DOIDO!!! HÁ! HÁ! HÁ! ACERTOU A PROFESSORA!!!
-QUE IDEIA LOUCA QUE ELE TEVE!! MAS DEU CERTO!!! HÁ! HÁ! HÁ! ELA NÃO ESTÁ PASSANDO MAIS MATÉRIA!!
Por causa da bagunça, Billy levantou a cabeça pra ter alguma ideia do que estava acontecendo à sua volta, mas não interagiu com ninguém.
A bagunça permaneceu por mais uma hora, até a chegada da professora de artes. Esta, pelo visto, dava medo nos alunos. Parecia estar sempre de mau humor. Todos ficaram em silêncio. Sem dizer nada, ela já começou a passar matéria na lousa, e era muita coisa.
Foi uma bela punição aos outros alunos. Eu me sentia um pouco mau pelo que fiz com a outra professora, mas era a única ideia que tive naquele momento.
Quando estes pensamentos chegaram a minha mente, daí caiu a minha ficha. Eu consegui segurar a bolinha de papel, mesmo ela não sendo minha. Então entendi as regras dos meus poderes de fantasma: Eu só podia movimentar objetos deste mundo se eles pertencerem a mim ou para proteger alguém que amo.
Depois da aula de artes chegou o intervalo. Acompanhei Billy o tempo todo. Fiquei mais aliviada em saber que os amigos dele estavam por perto novamente. Ouvi Jonatan perguntar:
-Como está indo hoje, Billy?
Billy respondeu:
-Em parte me arrependo de ter vindo por causa dos meus colegas de classe. Mas vocês dois fazem valer muito a pena eu ter vindo!!
Jonatan disse:
-Obrigado!! Fico feliz em saber disso. Ahh! Lembrei de uma coisa!! Minha mãe foi sorteada no trabalho dela na semana passada, ganhou três ingressos para ir ao cinema que expiram hoje. Era pra eu e minha mãe irmos juntos, mas ela nunca têm tempo....
Gabriel elogiou:
-É uma ótima ideia, Jonatan! Vamos ao cinema! Ocupar a mente com algo divertido vai fazer bem...
Após a escola pude ficar mais tranquila com o Billy na companhia de seus amigos. Fui para casa sozinha. No caminho, enquanto andava, admirava o céu e as árvores. O céu estava com um azul vivo, as aves estavam fazendo um espetáculo com sua cantoria.
Olhei para frente e já podia avistar o parquinho infantil que estava em uma praça próxima a minha casa. Lembranças daquele local inundaram a minha mente. Era o meu ponto de encontro para passar a tarde com a minha melhor amiga Kate.
Quando me aproximei do parque encontrei a Kate sentada no banco do parquinho, parecia me esperar, mas estava completamente desolada. Kate estava usando o uniforme da  nossa escola e segurava um pequeno buquê de margaridas, as flores que eu mais gostava.
Fui correndo a seu encontro. Sentei ao seu lado e passei meu braço sobre o ombro dela tentando, em vão, acolhê-la em um abraço. Ela chorou por um tempo e, quando não tinha mais lágrimas, começou a falar pra mim olhando para as margaridas:
-Você não sabe o buraco que está deixando em meu coração com a sua partida. Eu nunca tive um irmão, mas nunca me importei porque tinha você..... Agora não tenho ninguém!!
Começou a chorar de novo.... Eu não pude deixar de reparar nas flores, foram escolhidas com muito carinho. Olhei para o rosto dela, sempre meigo, por mais encharcado que estivesse pelas suas lágrimas. Deu uma vontade de colocar uma das flores do buquê em seu cabelo vermelho. Não pude conter minha mão, apenas fiz e deu certo para minha surpresa!
Ela levantou a cabeça espantada. Depois dessa, não duvidei mais do que eu poderia fazer. Mas antes que ela tivesse alguma reação desagradável, me ajoelhei no chão e comecei a escrever na areia do parquinho:
-"Por favor não se assuste!! Sou eu, a Sarah!!"
Ela viu o movimentar da areia e, imediatamente leu a mensagem.

*Obrigada por vir conhecer a Sarah e a sua história! Quero saber o que você está achando, comenta aí!! Só não esqueça de dar uma estrelinha! Tenho certeza que seus amigos e parentes vão gostar também!! Por isso não deixe de compartilhar!!

Sua Irmã é Um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora