Após ser tratado, Jonatan ligou para sua mãe do telefone da recepção:
-Sim mãe, eu tô bem. A mãe do Billy me trouxe ao hospital...... É que a gente caiu de bicicleta.......... Foi na rua Quatro......... É....... a gente vacilou um pouquinho......... O Billy??......... Ele tá bem!......... Ele bateu a cabeça com força, vai ficar em observação por um tempo......... Não foi grave........ O Gabriel??.......... Ele veio bem antes......... Acho que sim........... Ele estava bem melhor que o Billy............. Não, não........ fica tranquila, eu ligo pra ele depois............ Mãe!! Mãe!!........ Calma!!....... Deixa eu te falar.......... Mãe!!........... Me escuta.......... Mãe, seu filho é um rapaz muito forte!! Fica tranquila!! O papai sempre disse que os mais fortes têm que proteger os mais fracos, né?.......... Então, eu estou fazendo exatamente isso........ Mãe, o Billy está passando por uma situação muito difícil. A gente sabe muito bem como é......... Meu dever como amigo é ajudá-lo............ ok, mãe, vou direto ao ponto............ Eu sei que você está preocupada e me quer por perto, mas eu não posso abandonar o Billy agora......... Não..... não é só por causa do acidente........ Eu preciso dar apoio pra ele, porque ele está sofrendo muito com a falta da Sarah........Sim, mãe!! Eu quero sim!! Você pode me dar essa força?............ Obrigado!! Te amo demais!! Tchau!!
Fiquei impressionada com a conexão que Jonatan tem com a mãe dele. Mas ouvi dizer que nem sempre foi assim... Ao perder o pai, aos 11 anos de idade, Jonatan ficou muito rebelde e se envolveu com pessoas de má índole. Nesta época ele estava morando em uma cidade muito distante..... Eu não me recordo o nome da cidade, mas era bem pequena, perto do litoral. Ele não conversava mais com a mãe dele e mantinha distância dela. Era membro de uma gangue de meninos na escola onde estudava e ficava roubando o dinheiro da cantina de outros alunos. Certo dia a gangue dele foi atrás de algo mais lucrativo. O líder da gangue, Junior, fechou um acordo com um cara apelidado de "Calafrio", um traficante famoso e temido na região. Junior fez esse acordo sem o consentimento dos outros integrantes da gangue.
Depois de um bom tempo, o traficante ficou sem convocar o Junior pra qualquer serviço. Até que, em um dia das férias, Junior marcou um ponto de encontro com os outros sete membros da gangue, incluindo Jonatan. Na reunião Junior falou de uma grande quantia em dinheiro que receberiam para dar cobertura aos traficantes no transporte de drogas para o centro da cidade. Os outros seis membros concordaram com o negócio na hora por causa do dinheiro, mas Jonatan não quis, afirmando não querer se envolver com o tráfico de drogas. Junior e os outros integrantes da gangue não gostaram nada da decisão de Jonatan, pois ele era o braço forte da gangue e faria muita falta. Ficaram realmente furiosos com isso, dizendo coisas do tipo: "NÃO É VOCÊ QUEM DECIDE ISSO!!" "VOCÊ NÃO PODE ABANDONAR SEUS PARCEIROS EM UM MOMENTO COMO ESTE!!" "CARA!! É MUITA GRANA QUE A GENTE VAI PERDER!!". Mas nenhuma das argumentações de seus colegas o convenceram de participar da operação. Frustrados, partiram para a violência. Jonatan deu muito trabalho a eles por ser o mais forte, mas ele perdeu por número. Apesar de ser muito resistente, Jonatan ficou inconsciente de tanto que apanhou. Pensando que ele havia morrido, o jogaram em um terreno baldio num bairro próximo a sua casa. Felizmente foi encontrado por uma vizinha que costumava fazer caminhada próximo aquele local e tinha o costume de cortar caminho por aquele terreno. Ela imediatamente chamou a ambulância. O hospital ligou para a mãe dele e depois a polícia também foi acionada. Resultado: A grande maioria dos traficantes, que trabalhavam para Calafrio, foram presos, pois Junior já havia dado os detalhes da operação que sua gangue iria realizar antes de Jonatan recusar o serviço. A gangue de Junior foi encaminhada a uma instituição para menores infratores, onde permaneceram por um bom tempo. Como ordem do juiz, Jonatan e a mãe dele ficaram em um programa de proteção à testemunha e tiveram de se mudar pra cá.
Depois de um tempo, descobriram que a gangue de Junior, após ser liberada pela instituição de menores, foi assassinada por Calafrio e seus traficantes foragidos por falharem na cobertura contra a polícia. A sorte de Jonatan é que sua gangue acreditava que ele estava morto, assim, Calafrio nunca soube sobre a sua existência.
No endereço novo, apesar de não ter mais interesse em se envolver com gangues ou grupinhos de garotos valentões, Jonatan continuava rebelde e não se empenhava nos estudos. Sua mãe ficava desesperada, ele sequer queria falar com ela a respeito e sempre que ela tentava, ele a tratava de maneira ríspida.
Um dia, Jonatan esqueceu um livro em casa e a mãe dele foi levá-lo. O encontrou em seu intervalo, mas decidiu observá-lo antes de entregar-lhe o livro. Ele carregava sua bandeja com um sanduiche e um suco. Um garoto, bem menor que ele, estava correndo sem prestar atenção no caminho. Acabou batendo em Jonatan e derramando o suco em sua camisa. Jonatan ficou furioso e agarrou o garoto pela camisa, já se preparando para acertar um soco no garoto. Foi quando sua mãe interveio e o segurou. Jonatan ficou impressionado com a atitude de sua mãe, pois não esperava que ela estivesse lá naquele momento: "O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI!?" Ela não respondeu seu questionamento e, segurando com muita força seus braços gritou: "O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO!?" Ele ignorou o questionamento da mãe e gritou mais alto ainda: "SAI DAQUI!! VOCÊ ESTÁ ME FAZENDO PASSAR VERGONHA!!!" Ela deu um tapa forte em seu rosto e ele se calou na hora, então ela falou de maneira firme: "VERGONHA!? O QUE VOCÊ ENTENDE POR VERGONHA!? QUEM ESTÁ PASSANDO VERGONHA AQUI SOU EU POR TER UM FILHO TÃO COVARDE!!" Jonatan abaixou a cabeça, e ela continuou: "SEU PAI SEMPRE DISSE QUE OS MAIS FORTES DEVEM PROTEGER OS MAIS FRACOS!! E O QUE VOCÊ ESTEVE FAZENDO TODOS ESSES DIAS DESDE QUE ELE MORREU!?" Aquelas palavras penetraram profundamente no coração de Jonatan, pois ele lembrou quem foi seu pai. Um policial justo que sempre protegeu e acolheu as pessoas que mais precisaram dele. Foi considerado um herói por muitos, ele ajudou a acabar com o tráfico da região de tal maneira, que a violência só recomeçou após sua morte. Ninguém jamais irá esquecer do policial Elias. Ele foi morto como herói, pois se entregou em lugar de uma refém em um assalto a mão armada em um banco. Pelo que foi investigado, naquele acontecimento, a verdadeira intenção dos bandidos não era de assaltar o banco, o plano deles foi cuidadosamente arquitetado para matar o policial Elias. Sabendo que o policial daria a sua própria vida para salvar uma inocente mulher indefesa, eles invadiram o banco somente para pegar reféns. Um banco era o ideal para chamar atenção dos policiais rapidamente por causa da grande quantidade de alarmes. Após a morte de Elias todos os bandidos se entregaram, pois sua missão foi cumprida, mas, desde então, um grande buraco foi aberto, não só no coração de seus familiares, mas também de toda a população da cidade onde o bravo policial atuava.
Com essas lembranças em sua mente, Jonatan se virou para a sua mãe e a abraçou chorando e pedindo desculpas, ele ainda não havia superado a perda do pai.
Desde o acontecido, o comportamento de Jonatan mudou. Apesar de ele ainda ter muita dificuldade na escola, os professores notaram que Jonatan se tornou uma pessoa muito mais agradável e tranquila.
Se passaram dois anos naquela escola, mas Jonatan permaneceu na mesma sala. Entraram novos alunos na classe, um deles chamou bastante a atenção dos professores por sua inteligência e, por curiosidade também chamava a atenção da classe pelo seu porte físico minúsculo e magrelo, era o Billy. No momento que Billy entrou na sala pela primeira vez, Jonatan não deu muita atenção. Porém, no primeiro dia do segundo mês de aula daquele ano, Jonatan havia chegado mais cedo, pois sua mãe o trouxe de moto. Ao chegar no pátio, Jonatan se deparou com um cena que o incomodou muito: Tinham dois valentões batendo em um garoto de maneira muito covarde. Um segurava enquanto o outro batia e os livros do garoto estavam todos espalhados pelo pátio. Jonatan, sem pensar, acertou o rapaz, que batia no pequeno garoto, com um soco certeiro e forte no rosto. O rapaz voou longe com o impacto e caiu inconsciente no chão. Depois encarou com olhos furiosos o outro valentão que segurava o pequeno garoto. O valentão não pensou duas vezes e pos-se a correr, mas não prestou atenção na pilastra de sustentação que estava atrás dele. Bateu a cara com força na pilastra e desmaiou também.
Quando Jonatan foi ajudar o garoto a se levantar. Imediatamente o reconheceu, era o aluno destaque nas notas da sala de aula, o Billy. Não deu tempo de Billy agradecer Jonatan por ter salvado ele. O inspetor de alunos apareceu atraído pelo barulho da briga, viu o sangue do primeiro valentão nocauteado na mão direita de Jonatan, e viu os dois rapazes jogados no chão desmaiados. Achou que Billy e Jonatan bateram neles juntos e os mandou diretamente para a diretoria.
Os valentões foram para a enfermaria. Da enfermaria da escola, um deles foi diretamente ao hospital, pois o soco do Jonatan foi tão forte que deslocou sua mandíbula e quebrou um dente.
Enquanto isso, Jonatan e Billy estavam esperando a chegada dos pais em um banco do lado de fora da diretoria. Billy puxou assunto: "Obrigado, cara! Você me salvou! Confesso que, quando te vi correndo na minha direção, achei que fosse outro valentão, me desculpa!"
Jonatan não olhava para o Billy e não falou nada, mas Billy continuou: "Sabe, hoje em dia é muito difícil encontrar um cara forte como você protegendo os mais fracos como eu. As pessoas, quando tem algum poder, querem mandar e prosperar em cima dos mais fracos, mas você é diferente....." Jonatan o interrompeu: "Não precisa me agradecer..... Eu só fiz o que deveria estar fazendo há muito tempo...."
Billy sorriu e falou: "Sabe, você me lembra muito um grande herói que eu sempre admirei e sempre vou admirar, o policial Elias. Eu sempre acompanhei todos os feitos heroicos dele pelos jornais.... estou muito triste por ele ter falecido.... é como se tivessem tirado um grande pedaço de todos nós....."
Jonatan falou um pouco ríspido: "Isso não se compara a dor que a família dele está sentindo!"
Billy concordou: "Você tem toda a razão! Ninguém mais do que a família..... Só posso imaginar o que o filho dele deve estar passando.... mas eu tenho certeza de uma coisa que ele foi um pai maravilhoso e o filho tem muito orgulho de ter ele como pai. O filho dele deve ser uma pessoa maravilhosa também!! Tenho muita vontade de conhecê-lo, já que não vou mais poder conhecer o policial Elias....."
Jonatan deixou escapar, com lágrimas nos olhos, comovido com o que Billy disse: "Meu pai foi sim uma pessoa maravilhosa e sempre tive orgulho dele! Mas eu não tenho nada de especial.... cometi muitos erros.... não mereço ser comparado a ele......."
Billy ficou maravilhado, mas ao mesmo tempo perdeu todas as suas palavras. Mais uma vez ele não teve tempo de falar o que pensava. Os pais chegaram e a reunião na diretoria começou.
Tudo foi esclarecido na reunião. Meus pais, a mãe de Jonatan e a diretora descobriram que Billy já sofria bullying a mais de duas semanas e era constantemente ameaçado se falasse alguma coisa. Embora a atitude de Jonatan tinha um motivo muito nobre, ele ficou com uma semana de suspensão. Por mais que os pais dos valentões discordassem eles também tiveram suspensão e a diretora ordenou que os levassem ao psicólogo para tratar do comportamento violento e se o bullying se repetisse seria expulsão.
A semana de suspensão se iniciou. Billy se prontificou em levar a matéria das aulas na casa de Jonatan e se ofereceu a ajudá-lo com os estudos. É claro que a mãe de Jonatan gostou muito da ideia e, apesar de relutante no início, Jonatan aceitou a ajuda de Billy e acabou virando seu melhor amigo. Billy fez tão bem ao psicológico do Jonatan, que Jonatan passou a se dar melhor com a mãe dele e a sua rebeldia se extinguiu.
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Sua Irmã é Um Anjo
NouvellesÉ a história de uma garota chamada Sarah, que morre em um atropelamento e volta como espírito para tentar ajudar as pessoas que ama a superar a sua morte.