Depois de tudo que se sucedeu, Eklesia foi levada para o castelo de terreno e ficou acertado que estaria sobre a custódia de Paráclito enquanto o Rei não estivesse presente.
O lugar era belíssimo podemos dizer que esse reino foi um dos mais belos que nosso Rei construiu, perdendo apenas para o reino celestial, mais isso é assunto para outra hora. Por hora nos concentremos apenas na reação da pobre criança que estava acostumada a viver na lama e sujeira, quando viu as cortinas brancas e limpas, o chão encerado e brilhante, e todo o resplendor de toda obra ali presente, ficou perplexa e um pouco intimidada, diga-se de passagem.
− Venha Eklesia! Você precisa conhecer seu quarto, vai ama-lo! - Paráclito disse todo empolgado para a criança assustada que o seguia em silêncio.
− Eu... Nunca tive um nome. - Sussurrou a menina para o nada.
− Agora você tem, é filha de um Rei! Venha princesa Eklesia... a tanto para mostrar... - Ela gostou do homem que seria seu tio, ele tinha uma natureza que trazia consolo, fazendo-a quase se esquecer de tudo que viveu até ali.
Os dois pararam em frente a uma porta majestosa, com detalhes e escritos que ela não podia interpretar, pois ainda não sabia ler.
− Quer saber o que está escrito aí? - perguntou o tio a menina que permaneceu em silencio. - Aquele que pede, recebe, e o que busca, encontra, e aquele bate então se abrira... era o que você queria não é? Um escape!
A menina então caiu em choro, e o tio a abraçou levando embora toda a sua dor, todos seus traumas de homens que a violaram mesmo sendo tão pequena.
− Nunca mais ninguém a ferirá! Nunca mais te usarão! Nunca mais... você agora não está mais desamparada. Cuidaremos de você enquanto você quiser ser cuidada. - ele afagou seu rosto e ela sorriu.
(...)
Já instalada em seu quarto, foi chamado uma serva para ajuda-la com o banho e a se vestir, já que a mesma não poderia fazer isso sozinha graças as feridas de iníquos em seu corpo, que ainda a incomodavam bastante.
Já vestidas com roupas limpas, Eklesia pensou em como sua vida tinha mudado tão drasticamente, essas coisas não costumavam acontecer com ela. Apesar de não ter nome, as pessoas costumavam chama-la de Desventurada, e com o tempo se acostumou com esse apelido, acreditando também em seu significado. Ela não merecia tudo isso! Disso tinha certeza, mais apesar de tudo isso seria adotada por um Rei, não qualquer rei, mais sim o Rei dos reis! Era demais para se assimilar.
Seus pensamentos foram interrompidos quando uma batida suave na porta se fez-se ouvir, ela correu a abrir e encontrou seu agora tio, a esperando.
− O jantar será servido, creio que há alguém lá em baixo que você queira conhecer melhor. - Dito isso, ele ofereceu seu braço, conduzindo a jovem moça até um lindo lugar, que ele disse se tratar da sala de jantar.
Ao adentrar o recinto reparou em duas figuras imponentes a sua frente, uma é claro, mais imponente que a outra, se tratava do Rei e seu general, Miguel.
A menina tentou se esconder atrás do tio por vergonha, mais não adiantou, ele deu um leve empurrão a incentivando a seguir em frente.
− Eklesia, quanto tempo tenho esperado para te conhecer minha filha. - disse o Rei pegando-a desprevenida.
− O Senhor já sabia que me conheceria? pensei que fui achada por acaso! - três risadas gostosas ecoaram pelo lugar, risadas que a fizeram querer rir também, mesmo sem saber o motivo.
− E não há criatura alguma encoberta diante dele, antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele que sabe de tudo...A propósito sou Miguel. - Disse e estendeu a mão.
A menina não entendeu muita coisa, mais devolveu o cumprimento. Mais tarde enquanto todos participavam de uma refeição acalentadora para o estômago da princesa, o Rei se levantou de repente e chamou Paráclito e Eklesia para passear pelo jardim do castelo.
Ela então os seguiu, se perguntando se não seria desfeita deixar Miguel para trás.
− Não se preocupe com ele. - disse Paráclito próximo a ela, sua voz era tão baixa que era quase como se sussurrasse em seus pensamentos. - Miguel entende que nem todos os mistérios precisam ser revelados a ele também, nosso general é fiel ao nosso Rei.
Ela assente e continua andando, seguiram todos até um lugar repleto de todas as mais belas flores com cores e tamanhos diferentes, era lindo demais para se descrever, mais se ela tentasse, poderia dizer que aquilo era como o paraíso que ela tanto ouviu algumas pessoas comentar nas feiras que ela costumava roubar comida.
− Eklesia! Agora você será minha filha e eu serei seu pai, te amarei por toda a sua existência, e mesmo depois dela, continuarei te amando. - Olhou em seus olhos. - Não posso te obrigar a ficar aqui comigo, caso não queira, pode ir quando quiser. Mais se escolher permanecer você estará sobre a minha proteção, eu o próprio Rei Theo me levantarei a seu favor.
Eklesia não tinha o que pensar, é claro que ela permaneceria ali, como negar tudo o que estava sendo oferecido? Seria uma tola se o fizesse, coisa essa que ela não desejava ser.
− Eu quero! Quero ser sua filha, quero permanecer aqui.
− Se é assim quero te presentear com algo!
Ele olha para Paráclito que apenas sorri e se achega mais perto da moça, tira uma caixinha azul com detalhes de seu bolso, e dá mais um passo sobre o olhar atento da moça.
− Eklesia, cuide muito bem desse presente, pois ele tem um valor inestimável para mim, e terá também para você. - abriu a caixinha e de lá tirou um lindo colar cravejado de diamantes, que continha o nome dela gravado no centro. - Essa colar se chama promessa, guarde-o sempre com você!
Ela assente e logo coloca o colar em seu pescoço, prometendo a si mesma que jamais o perderia.
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Eclesia
SpiritualEklesia foi achada suja e coberta por uma praga chamada Iniquos, Rei Theo a adotou e a colocou sobre os cuidados de Paráclito. Agora já limpa e com todas as regalias de uma princesa, teria Eklesia coragem de jogar tudo isso para o alto em busca de s...