“Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça. Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal.”
HB 5:13-14Pela manhã, assim que Eklesia despertou foi-lhe servido uma refeição leve para que seu estômago não a rejeitasse, se tratava de uma pequena porção de mingau cumprindo assim o que seu tio proferirá antes da jovem resolver fugir.
"Eklesia é como uma pequena criança que por não saber digerir alimento solido, precisa adquirir forças apenas com o leite" Porém uma hora a criança cresce e já não age mais como tal, alimentando-se também como adulto.
Ah caro leitor, como esse é um mistério que poucos conseguem compreender! E se entendem, preferem pois por ignorar...Assim como do jeito físico crescemos também espiritualmente, necessitamos evoluir, precisamos passar pelo processo, e nesse processo de crescimento muitos estão se perdendo assim como Eklesia se perdeu, deixando então de evoluir ou retardando seu próprio desenvolvimento... Do que se queixa o homem afinal!? Se queixa de seus próprios pecados!
Mais voltemos então a história.
Após se alimentar corretamente a jovem recobrou o ânimo e disse já estar pronta para voltar para casa, Evangelho porém respondeu que lhe mostraria algumas coisas antes. Os dois então saíram acompanhados por Graça que segurou o braço da jovem a sustentando para não cair de fraqueza pelo caminho, chegaram então até a Seara onde a jovem foi encontrada e ela quis saber o porquê de haver tão poucos trabalhadores dispostos, perguntou se o salário desses trabalhadores era assim tão pequeno.
− Na verdade ainda não se viu salario melhor, seu Pai em pessoa faz questão de paga-los! Infelizmente o grande problema é que as pessoas não se sentem dispostos para o trabalho, estão tão encantadas e cegas ora com a cidade da apostasia onde Lucius e seus sete irmãos trabalha, ora com a feira do Deleites, no final acabam dizendo lhes faltar tempo. – Eklesia entendia muito bem as palavras de Evangelho pois ela mesma se viu cega por essas mesmas coisas, embora seus olhos foram abertos graças aos cuidados imerecidos de seu Pai, que ela sabia muito bem ser a pessoa que a libertou das correntes que a prendiam.
− Não compreendo porque existem tantos desertores do reino de celestial! Porque as pessoas não conseguem ver que tudo que Lucius oferece são mentiras, enganos e por fim... morte!?
− Porque ele as engana! Eklesia veja bem como ele conseguiu engana-la... – Evangelho respondeu de maneira acalorada. − Essas pessoas se encontram cegas, e muitas delas então presas assim como você estava! Agora me diga quem lutara por elas? Quem se levantara por essas pessoas que se encontram fracas e machucadas, assim como você mesma se encontra!?
− Pois eu digo que se eu tivesse forças e o devido treinamento, eu mesma derrubaria essa cidade! E acabaria de uma vez por todas com aquele enganador! Eu odeio Helel com todas as minhas forças, o odeio mais ainda por ter me enganado! – Seu semblante muda de repente. – Eu me odeio também, troquei o maior amor que eu poderia ter por migalhas... Eu... eu não mereço e nunca mereci ser cuidada e protegida por titio, não mereço! Estou suja demais para voltar! Talvez o melhor a se fazer é ficar aqui e esperar a minha morte, eu mereço essa praga que carrego em minha carne!
− Minha filha! – Graça vai até a jovem e olha em seus olhos fazendo com que a jovem se lembrasse quase que imediatamente de casa, as lembranças e a saudade bateram tão forte que Eklesia abraçou aquela senhora gentil associando-a ao seu pai. – Se me permitir, gostaria muito que meu amado esposo lhe contasse uma história... por favor Evangelho, conte aquela do filho que se perdeu!
− Oh é claro querida! Mais que tal se nos sentarmos !?
Eles então trataram de sentar, Eklesia se sentou em um tronco cortado e podre não sem antes constatar que aquele tronco poderia muito bem ser ela, já Graça e Evangelho se sentara juntos no gramado, um do lado do outro como costumavam sempre estar.
− Bem, − Evangelho retomou a palavra sobre os olhos e ouvidos atentos da princesa. – Certo homem tinha dois filhos, o mais moço disse certa vez a seu pai, dai-me a minha parte da herança, o pai muito triste acabou cedendo sua parte e assistiu seu filho não muitos dias depois juntar todas as suas coisas e partir enfim para uma terra distante onde gastou todos seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de haver gastado tudo, sobreveio sobre aquela região grande fome e esse mesmo jovem que outrora havia sido rico passou a sentir necessidade de coisas simples como o próprio alimento, ele então foi até um cidadão daquelas terras e ele o mandou para os campos cuidar de seus porcos, e foi lá que ele percebeu como havia decaído, pois desejou se alimentar do alimento que era destinados aos porcos. Ele então se lembrou de seu pai, e pensou que poderia ao menos servir como um empregado seu, já que não merecia mais ser chamado de filho. Mais assim que o pai avistou seu filho vindo de longe acredite vocês que ele correu, abraçou seu filho colocando um anel em seu dedo e mandando que seus servos o vestissem com as melhores roupas enquanto um banquete estava sendo preparado para ele...
− Espere! – Eklesia o interrompeu ansiosa como sempre. – Mais e o outro irmão? Ele foi o mais justo entre os dois!
− Ah! Deixe-me terminar a história... – Ralhou Evangelho de maneira divertida, assim como Paráclito costumava fazer. – Bem, como eu ia dizendo... O pai mandou que vestissem nele as melhores roupas e que matassem um de seus melhores novilhos cevados em um grande banquete, o irmão mais velho ao saber disso muito se indignou, pois alegou ele mesmo nunca ter recebido tal tratamento, porém o pai respondeu que tudo que era seu também era do jovem, e que ele poderia usufruir de todos os seus bens, enquanto que seu irmão, por esse sim deveriam se regozijar pois estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado!
Após o fim dessa história todos ficaram em silêncio enquanto a jovem princesa absorvia tudo que havia ouvido até ali, sim, ela havia tomado uma decisão, ainda que seu pai a tratasse como uma serva, ela voltaria para o castelo e pediria perdão por tudo que havia feito. Graça também viu a decisão em seus olhos por isso se apressou em dizer.
− Eklesia... Não se esqueça de tudo que ouviu e aprendeu até aqui! Não pare para conversar com ninguém pelo caminho, não perca tempo com coisas inúteis e se apresse em chegar ao castelo antes que Helel há intercepte pelo caminho.
− E se ele me encontrar primeiro!?
− Se for cautelosa e continuar no caminho chegará a tempo!
− E se eu não chegar Senhora Graça ? – As lagrimas caem livremente nesse momento, porém é evangelho que responde.
− Se não chegar ao seu tio a tempo temo que não resista a novas investidas!
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Próximo capítulo a seguir ➡️
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Eclesia
SpiritualEklesia foi achada suja e coberta por uma praga chamada Iniquos, Rei Theo a adotou e a colocou sobre os cuidados de Paráclito. Agora já limpa e com todas as regalias de uma princesa, teria Eklesia coragem de jogar tudo isso para o alto em busca de s...