"Naquele Dia", afirma o Eterno Todo-Poderoso, "quebrarei o jugo que está sobre o pescoço deles e arrebentarei as suas correntes; não mais serão escravizados por qualquer outra nação
Jeremias 30:8"Me chame como gosto de ser chamado...Helel" Essa frase ressoava nos ouvidos e mente de Eklesia a todo momento lembrando-a de quão tola havia sido, afinal apaixonou-se por ninguém mais ninguém menos pelo homem que prometeu odiar, o motivo de toda guerra, o maior traidor do reino de Celestial, sim, ela era uma verdadeira tola.
Assim que sua mente processou o que havia ouvido a jovem correu em direção a Lúcius esquecendo-se do medo que sentira minutos atrás, a fúria em seu corpo a impulsionava, ele por sua vez não deixou barato, tratou logo de empurra-la e ordenou a servos que trouxessem rapidamente correntes e grilhões para que a prendessem enquanto ele aplicava o devido castigo, que consistia em fortes chibatadas. Passaram-se semanas e todos os dias Eklesia era submetida ao mesmo tratamento, além disso foi proibido que lhe trouxessem qualquer tipo de alimento ou água, a não ser quando estivesse prestes a desfalecer de fraqueza, Lúcius não queria vê-la morta tão rapidamente privando-o assim de tortura-la por mais tempo.
Nos primeiros dias a jovem chorava todas as noites com saudade de casa mesmo sentindo-se indigna para tal sentimento. Afinal ela cedeu as investidas do inimigo, deixou-se levar, portanto merecia tudo que lhe sobreveio.
− Ah! Você ainda vive!? Sabe... eu estava aqui me lembrando quando eras digna, lembra-se disso meu amor? - A pior tortura para a jovem eram as acusações, todos os dias Lúcius fazia questão de lembra-la como havia caído ao adentrar no lugar onde a mesma era mantida cativa. - Princesa Eklesia á invejada... Não, espera, que tal essa....Princesa Eklesia á bem aventurada... o que eles pensariam de você agora em!? Paráclito...
− Não ouse falar do meu tio! - Gritou a jovem para Lúcius que ria escandalosamente. - Fale o que quiser de mim, mereço oque estou passando nessa condição miserável, Mais o nome de Paráclito não deve jamais ser mencionado por essa sua boca podre!
− Diga oque quiser querida, mais isso não muda o fato de que jamais será aceita por nenhum deles, Emanuel teria nojo de você! Está destinada a ser minha! MINHA!
Lágrimas grossas caíram livremente por seu rosto, enquanto a mesma implorava baixinho para que ele parasse de falar, foi quando uma estranha força se apossou de seu corpo frágil e se ponde em pé com dificuldade, encarou Lùcius que intimidado com a ousadia da jovem deu um passo para trás sem o seu sorriso zombeteiro.
− Não zombe de mim inimigo meu, não te alegres porque ainda que eu tenha caído me levantar-me-ei! Ainda que esteja presa nas trevas verei a luz... - Palavras que não pertenciam a jovem apenas brotavam de sua boca, assustando tanto a mesma como Lúcius que se encontrava pálido. - Sofrerei e sofro porque pequei contra o meu pai até que julgue minha causa, porém você ainda me verá em pé e voltara para trás confundido! Meus olhos o verão sendo pisado como a lama das ruas!
O silêncio que sucedeu foi ensurdecedor, Lúcius ou Helel, como gostava de ser chamado, apenas saiu porta a fora não sem antes proferir todos os tipos de ofensas e pragas que a jovem não fez questão de ouvir por estar presa pelo choque das suas próprias palavras.
(...)
Eklesia assistiu o cair da noite de uma janela minúscula de seu cárcere, ela era o único indicio de liberdade que poderia experimentar, seus sonhos também. Portanto se ajeitou como pode em uma posição desconfortável no chão frio, já estava acostumada com incomodo e aprendera a adormecer mesmo em meio a dor adentrando rapidamente no mundo dos sonhos.
Estava novamente no castelo, o lugar parecia vazio e silencioso, apenas sons de seus passos eram ouvidos, de repente uma densa escuridão se apossa do ambiente a impedindo de enxergar, olha para seus próprios pés e percebe que os mesmos agora se encontram presos assim como suas mãos. O desespero toma conta da jovem que cai ao chão sendo inundada com as lembranças que passaram como um filme em sua mente, seu pai a abraçando, Paráclito velando seu sono quando a mesma era assolado por terrores noturnos, sorrisos genuínos, brincadeiras, canções e uma frase que insistia em se repetir, "Com amor eterno te amei e com benignidade de atraí" "Com amor eterno te amei e com benignidade te atraí"
− Paiiii! - Grita com todas as suas forças. - Tenha misericórdia de mim, pequei contra o teu amor, traí aquele que me salvou, aquele que deu um lugar a sua mesa me chamando de filha! Não sou digna... não sou digna!
Um forte clarão irrompe o ambiente e o barulho de cadeias sendo soltas e caindo ao chão se é ouvido. Eklesia agora estava solta! E podia correr livremente até o jardim, lugar que recebera o cordão da promessa, a jovem sorriu ao ver que o tempo não mudara a beleza das flores, pelo contrário, todas pareciam bem cuidadas e exalando um doce perfume, sim, agora ela estava em casa. Seu coração se acelera com ansiedade e uma voz, uma doce e potente voz se é ouvida.
− Eu te perdoo filha, volte para casa, estou te esperando... Eis que chegou a hora de lutar!
Ao despertar a jovem sentiu algo diferente, se levantou então e pode constatar que todas as suas correntes estavam ao chão e a porta do cárcere se encontrava aberta e convidativa, andou com dificuldade e receio temendo ser essa uma armadilha de Lúcius para tortura-la ainda mais, mais quando sentiu o leve peso de um pingente em seu peito e viu que seu belo colar estava de volta sorriu pensando que aquilo não era nenhuma armadilha e se pois a correr, sim ela estava livre.
Quando seu pés alcançaram enfim a tão sonhada liberdade fora do casarão, correu com mais força ainda para longe da cidade de apostasia, sem olhar para trás até que chegou a um belo campo chamado CAMPO DO AGRICULTOR ou SEARA como alguns costumavam chamá-lo, onde caiu desfalecida pelo cansaço.
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Eclesia
SpiritualEklesia foi achada suja e coberta por uma praga chamada Iniquos, Rei Theo a adotou e a colocou sobre os cuidados de Paráclito. Agora já limpa e com todas as regalias de uma princesa, teria Eklesia coragem de jogar tudo isso para o alto em busca de s...