Capítulo 4 - A ceia 👑

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Quando passamos por momentos difíceis em nossas vidas é natural querer esquecer, ainda mais se essas lembranças foram ofuscados por todo o brilho de uma felicidade genuína.

Eklesia entendia que só soube o que era vida quando foi achada naquele lamaçal onde se encontrava suja e coberta por Iniquos, portanto preferiu esquecer a antiga data de seu nascimento, e a partir daquele momento apenas comemorava a data de seu renascimento, de onde passou da morte para a vida, do choro a alegria e por fim, do cativeiro a liberdade. Assim como o amargo procede o doce, sabia também que foi necessário se encontrar naquele estado, pois só se pode ser achado quem se perdeu, ser curado quem já se machucou, e limpo quem já se sujou. Nesse caso tudo que passou até ali foi necessário para sem quem era.

E foi pensando nisso que a moça mirou sua face refletida no imenso espelho de seu quarto, ela já não era quem já foi um dia, os olhos tristes e sempre baixos deram lugar a olhos vivos com um brilho de esperança. Esperança essa que  começou quando ganhou seu mais belo presente, a promessa que carregava sempre junto ao peito, jamais pensou em retirar o colar que ganhara de seu pai na noite em que foi trazida ao castelo.

Ah aquela noite!

— Princesa, o que faz aí olhando para o nada!? se apresse, seu pai está para chegar a qualquer momento. — Paráclito tem a intenção de ralhar com a sobrinha, mais logo ela desvanece quando a jovem princesa  se levanta da cadeira onde estava. — Você está belíssima minha sobrinha, não consigo acreditar que cresceu tão depressa! Logo mais estará casada com Emanuel vivendo em Celestial!

— Sim meu tio! Estou nervosa com esse momento, por hora vamos nos concentrar na vinda de Papai para meu aniversário! — Da alguns pulinhos de alegria, não sendo possível se conter. — Eu ainda não acredito que ele realmente virá!

— Ele nunca faltou em nenhum ano até aqui Eklesia, não seria agora que faltaria! — Ele vai até a moça e estende seu braço, a conduzindo até a sala principal. — A guerra pode estar intensa, mais ele sempre encontrará tempo para você! — Ele para e a encara nesse momento, porém desvia o olhar sorrindo ao escutar a voz do arauto gritando

— Abram bem os portões, abram os portões antigos, e entrará o Rei da glória!

—Quem é esse Rei da glória? — Pergunta uma outra voz.

— É Theo, o Senhor , forte e poderoso, o Senhor , poderoso na batalha! —Nesse momento Eklesia largou o braço do tio esquecendo todos os modos de jovens damas que havia aprendido até ali, e saiu correndo em direção a porta quase caindo para trás quando a mesma se abre de repente.
Porém foi amparada pelo Pai que logo que a viu a tomou nos braços em um forte abraço  paterno. A moça bem que tentou não chorar, mais foi impossível, a saudade era tanta que a impedia de fazer qualquer coisa a não ser derramar lágrimas de alívio e felicidade por vê-lo ali tão perto.

— Ah Eklesia! Como senti sua falta minha filha, veja como está grande e alta! Logo poderá empunhar a grande espada, o que acha Miguel ? — Diz se distanciando para vê-la melhor. Eklesia que até então não tinha visto o general amigo, vai até ele abrindo o mais belo sorriso.

— Acho que logo poderá começar seu treinamento! Como tem passado Princesa? — Ele sustentava uma pose séria e imponente, porém Eklesia já o conhecia bem o suficiente para tê-lo como alguém da família, até mesmo um tio ou amigo, já não se intimidava com sua aparência.

— Vou muitíssimo bem! Ainda mais agora que fiquei sabendo que enfim vou poder segurar a famosa espada do Espírito!

— Ela pertenceu a seu tio. — O rei então vai até o irmão dando um abraço apertado, que o mesmo corresponde com a mesma alegria parental. — E logo mais pertencerá a você minha filha!

— Não vejo a hora. — diz e logo se posiciona ao lado do pai novamente, ainda não havia conseguido matar a saudade. — Que tal iniciarmos a ceia em comemoração ao meu renascimento, conversaremos melhor a mesa, de estômago cheio! — Três risadas gostosas que a moça tanto sentiu falta, ecoaram no local, a fazendo se lembrar da noite em que chegou assustada ao local e partilhou de uma ceia muito parecida com essa.

A ceia em questão era comemorada todo ano, na mesma data em que Eklesia veio ao castelo, ela se consistia em um pão divino ao paladar, e no melhor vinho, um vinho que só poderia ser aberto  por essa época do ano. Paráclito uma vez contou que quem o fabricou foi o próprio Emanuel, e isso é claro a deixou mais desejosa de saber ainda mais sobre o noivo.

Mais tarde depois de muitas risadas a mesa, o assunto se voltou a bela princesa, e Eklesia quis saber como o Rei havia escolhido o seu nome.

— Ah! O seu nome tem um significado muito especial, Eklesia, Eclésia ou Igreja... — Nesse momento o Rei é interrompido com algumas risadas da filha.

— Igreja? Um belo nome, mais por favor, agradeço por ter escolhido Eklesia. — Paráclito a olha discretamente, e ela se sente envergonhada pela falta de modos. — Perdão papai! Continue...

— Bem, como eu dizia, seu nome quer dizer, chamada para fora! — Sorri abertamente. — Achei perfeito para você!

Eklesia ficou em silêncio por um momento pensando em como aquele significado poderia ter algo a ver com ela, porém nada vinha a sua mente.

— Vamos minha filha, pergunte o que deseja, não precisa se sentir envergonhada em minha presença. — Novamente a princesa se sentiu constrangida com o olhar carinhoso de Theo.

— É que... Chamada para fora não parece exatamente um nome apropriado para alguém que apenas saiu do palácio uma vez! — No mais íntimo, ela deseja ver como era o mundo lá fora depois de tanto tempo.

— Você entendeu errado princesa. — Paráclito se pronúncia pela primeira vez. — Você foi chamada para fora exatamente do lugar aonde deseja voltar!

— Muitas pessoas ao voltarem sem o preparo certo, acabam morrendo. — Miguel também entra na conversa. — É o caso das pessoas de fora desse palácio.

— Mais elas não parecem mortas para mim!

— Não é da morte física que estamos falando. — Rei Theo se levanta e oferece suas mãos a moça, a guiando até a janela. — Quando você vivia lá fora se sentia viva? — Ela apenas nega com a cabeça em silêncio. — Você foi chamada para fora Eklesia, foi chamada para a vida.

O que o Rei não falou, é que a moça ainda teria que voltar para lá, e quando o fizesse seria para lutar por todas aquelas pessoas que se encontravam mortas em suas próprias feridas de Iniquos.


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Bom dia gente!! ♥️♥️

Precisei voltar antes que o esperado!

Mais me contem, o que acharam desse capítulo ?

Desde já agradeço, e não esqueçam de deixar o seu votinho 😂😂 

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