Vivendo em matilha

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Acordei um pouco desnorteado, afinal estava me sentindo quente, estranhamente quente. Meus olhos viram dois corpos ao meu redor e por alguns segundos fiquei estático, confuso, até todas a lembranças voltarem.

  Yifan tinha me trazido para a imensa caverna que chamavam de toca, eu tinha sido apresentado a fêmea entre eles, e descoberto seu nome, Triz, a vampira. Ainda não tinha entendido direito o que era uma vampira, mas sabia que não era loba, ao menos. E então o alfa líder deles veio até mim, o maior lobo entre eles, com os olhos rasgados por duas cicatrizes imensas e que pareciam fazer ele mais horripilante do que já era, contudo ele não me atacou e logo saiu, dando espaço para que eu pudesse respirar. Mas eu vi irritação em seu olhar... E me senti sem graça e ainda mais confuso.

  Então fui levado para a parte da caverna bem iluminada, eles tinham energia ali, ao contrário do que pensava, mas enfim, o que eu sabia? E lá conheci todos os membros da matilha.

  Vinte e um alfas, cinco betas e a vampira. Me perdi nos nomes, na verdade, mas os lobos eram de pelugem tão variadas e de olhares tão distintos que alguns eu guardei bem o nome naquele momento, porque me chamaram a atenção por motivos diferentes. O lobo amarelo e de pelos muitos curtos que se chamava Hoya, ele me encarava de um jeito penetrante que me assustou muito, mas permaneci quieto e imóvel enquanto Yifan dizia seus nomes e o que faziam entre eles. Protetores batedores, caçadores, vigias, mantedores... Tudo aquilo era muito confuso e estranho aos meus ouvidos, mas parecia fazer sentido e serem distinções importantes para aqueles lobos, por isso fui assentindo como se compreendesse.

  Quando um lobo mediano de olhos cinzas e pelo cinza claro me encarou, eu também guardei seu nome, não porque ele me deu medo, mas porque ele me causou uma imensa sensação de paz. Ele era um vigia, segundo Yifan, e seu nome era Youngjae, o lobo gêmeo dele, Daehyun  também me passou aquele tipo de sentimento calmo. Ambos sentados em um canto daquele imenso cômodo chamado de sala comum, me olhando, pacíficos.

  Outro que guardei o nome de cara foi o lobo branco, todo branco de olhos azuis cintilantes. Onew, pois esse lobo me encarava como se pudesse ler a minha alma, me encarava como nenhuma outra criatura, pessoa me encarou antes. E eu senti vontade de ir até ele tocá-lo. O que óbvio seria loucura e me segurei. Depois tinha o grupo dos assustadores, dos indiferentes, e dos curiosos. Eu queria muito saber quem era quem, mas como eu não podia falar ali, isso também seria indiferente, porém nomes são importantes, eu dava muito valor a eles. E aqueles lobos tinham me aceitado entre eles e iriam cuidar de mim ali, eu não conhecia aquele mundo, eu precisava aprender e depois encontrar o caminho até as fadas, eles diziam que elas eram perigosas, mas eu confiava na árvore e se ela me mandou lá, algum motivo havia.

  Naquela noite então, onde eles diziam que já nevava fora daquelas paredes rústicas de pedra, eu adormeci enrolado no pelo aconchegante de Jisung e sonhei com a árvore me dizendo que estava tudo bem e se eu fui aceito, eu deveria ficar ali mesmo.

  Também sonhei com Sehun aprisionado em uma sala e chorei assustado. Eu precisava salvá-lo... Mas como?

  E então acordei entre corpos humanos, ainda maiores que o meu, mas nada como os lobos. Me afastei assustado, contudo uma mão tocou meu ombro e uma voz conhecida, contudo agora sem o tom gutural comum aos lobos, me falou baixo:

— Estes são Jisung e Jihoon, os betas, essa semana é lua nova, nós tomamos forma humana na lua nova.

  Me virei e olhei para Yifan, agora um homem alto, loiro, extremamente belo aos meus olhos e sem vestes alguma. Os olhos eram a única coisa que permanecia igual, todo o resto era diferente. Eu assenti e então toquei minha camisa puída, ele sorriu:

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