A encruzilhada e o primeiro encontro

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Dominum... Seja um dominum...

  Acordei assustado e quase cai da árvore imensa. O pássaro tinha me deixado ali dizendo que eu devia ir até a encruzilhada e lá encontraria meu destino.

"Quando acordar, vá para a encruzilhada logo a frente, há dois caminhos, entre no mais escuro e siga em frente. Há uma cabana de fadas, elas vão escondê-lo até que eu possa voltar. O mundo é perigoso, mas estará seguro dentro dessa floresta. Não saia dela, nunca saia dela sozinho"

  Assenti para mim mesmo e desci dos galhos indo na direção indicada, tudo era silencioso agora, seria manhã. Tarde? Não sabia, a floresta densa deixava entrar apenas algumas frestas de sol, mas ao chegar na encruzilhada eu vi os dois caminhos, um subia e era mais escuro, o outro seguia em frente e era de chão batido, não tinha grama, não tinha piso. Apenas terra e raízes...

  Entre no mais escuro, ele disse, o que subia, claro...

  Olhei para a trilha e pensei que Kai ia amar aquele chão gramado. Ele amava grama, mas nunca podíamos pisar nelas. Ele adorava dançar, mas não podíamos fazer isso também...

  Como eles estariam naquele momento? Sentindo minha falta, com medo, assustados? Nunca nenhum ômega saiu por si só, apenas seguidos pelo doutor da estufa e nunca mais voltavam. Íamos para casa, ele dizia...

  Eu nunca acreditei. Eu precisava libertar a mim mesmo antes de poder libertar os outros. Haviam nove de nós na estufa... Mas eu sabia que chegariam mais, entravamos na estufa com dez anos, sem memória, e o doutor dizia que vínhamos da mesma mãe...

  Também achávamos aquilo muito estranho, porque éramos separados e tirados da nossa mãe e perdido nossas memórias? Por que nos isolavam? Porquê...?

— Ora ora, um humano na floresta do Leste? Quantos anos não vejo um de vocês!

  Eu me virei e olhei um animal estranho que nunca vi antes, era bípede, peludo e de olhos amarelos estreitos. Ele tinha dois chifres pequenos e patas com fendas... O que seria?

— Não tente adivinhar pequeno humano, o que sou você nem os da sua espécie fazem a menor ideia, mas vejamos – E ele se aproximou com os olhos fixos em mim — Pequeno, descalço, esguio, de grandes olhos negros e confusos, fios rubros e repicados, coisa estranha vindo dos humanos de Nova Seul... Bem... Foi expulso? Se perdeu? Pulou o muro? Não, não veio de lá, verdade? Jamais teria passado pelas pradarias até aqui. Morreria antes... – Eu estremeci e ele riu baixo. Aquela criatura... O que era nova Seul? — As fadas te pegaram? Quem te trouxe? Porque cheira estranho? – Eu dei um passo para trás e logo ele ficou rente a mim sorrindo — Perdeu a língua? Perdeu a...

— Ei Changsub, o que está fazendo aqui sabendo que... Nossa, É UM HUMANO!?

  Eu quase dei um pulo com o grito, mas o estranho ser na minha frente apenas riu:

— Sim Hyunsik, ele é um humano, não é fascinante?

  E então um enorme gato saiu da mata e me encarou curioso. Ele era o maior gato que eu já tinha visto, era quase a minha altura em quatro patas... E era tão branco que ardia os olhos. Me encarou como quem encara algo absurdo e depois sacudiu a cabeça:

— Ei, prazer, agora some daqui se não quiser virar comida de lobo – E o gato se voltou para a criatura de chifres — Está caindo a noite, mano, vamos cair fora, agora!

DominumOnde histórias criam vida. Descubra agora