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-Uma filha dos Deuses, o que faz aqui? 

-Ivã? 

-Não, me chamo Ari e você? 

-Sou Jasmin, desculpa ter te confundido! 

-Normal, somos parecidos mesmo! 

Ele falou rindo, olhando agora ele parecia mais novo do que Ivã. 

-Quer ajuda? 

-Eu estou a procura de um jovem, um humano, você viu algum por aqui? 

-Não vejo um humano a séculos, mas o que um humano faria para estás bandas? 

Me sentei desanimada no chão da floresta, emocionalmente cansada, Ari se abaixou ao meu lado com a mão em meu ombro. 

-Eu... eu já não sei mais onde procurá-lo, achei que tivessem o deixado por aqui, é um dos poucos lugares intocado, já revirei o mundo várias vezes e nada! 

-Sinto muito, mas nunca vi nada além de bichos selvagens! 

-Tudo bem, vou seguir minha procura, só se passaram pouco mais de trinta anos o que são mais alguns anos! 

-Trinta? hummm.  

-O que foi? eu vi uma luz invadindo a clareira ao sul a mais ou menos esse tempo, acho que até um pouco mais não tenho muita noção, pois contamos o tempo pelos sabbats! 

-Então posso estar no caminho certo! 

-Talvez, mas nunca vi nenhum humano por aqui! 

-Vou seguir procurando! 

-Posso te acompanhar enquanto estiver na floresta? 

-Fico feliz! 

Ari era muito alegre, e me fazia sorrir com suas piadas sobre as ninfas, que pelo visto ele era apaixonado por todas, algumas partes do caminho Ari tocava uma flauta feita por ele de bamboo e me fazia inventar músicas, ele iniciava uma canção e me olhava para seguir uma rima, muitas vezes nós riamos porque nem sempre o que eu cantava rimava, mas ele tornou minha caminhada mais contente. 

-Sabe, meu peito dói a tanto tempo, por ter perdido Iago, mas entre uma coisa e outra consigo me sentir alegre entre as dores e você tornou meu dia melhor e lhe agradeço por isso! 

- Muitas vezes encontramos alegria na escuridão, por mais que não consigamos enxergar, podemos cantar e tocar! 

-Verdade! 

Eu havia contado quase tudo a Ari, só não contei sobre minha Lua, pois ela iria ficar protegida de todos, passamos duas noites e no terceiro dia estávamos caminhando por uma clareira, avistei um cavalo meio marrom, ele era lindo, o pelo brilhava ele estava ao longe e senti uma vontade enorme de ir até ele, comecei a caminhar em sua direção e Ari me segurou pelo braço. 

-Jasmin, onde vai? 

-Preciso tocá-lo! 

-Não esse animal é louco, nunca nenhum de nós conseguiu se comunicar com ele pois ele nos enfrenta! 

-Mas eu preciso ir até ele, olhe como ele é lindo! 

-É muito, mas muito selvagem também! 

-Não mais do que eu! 

-Você pode se machucar, ele machucou um tio meu que tentou se aproximar dele uma vez! 

-Ele não vai me machucar! 

-Eu... eu... acho que não há nada que vá te fazer mudar de ideia, não é? 

-Não! 

-Vou esperar aqui então, se você vê que ele vai te atacar você corre pra cá! 

-Tudo bem! 

Desci uma pequena elevação do solo, e comecei a caminhar em silêncio até o animal, que pastava tranquilamente, até se virar e me ver, bateu o casco no chão relinchou e correu em minha direção, fiquei imóvel só a espera pelo atropelamento, a poucos metros de mim olhei para seus olhos e vi algo que reconheceria em qualquer lugar deste mundo, estiquei a mão e o cavalo esbarrou a poucos centímetros de me atingir, ele bufou em minha mão que estava esticada, e encostou sua cabeça em minha mão, eu alisei sua cabeça até chegar a parte mais arredondada  de sua cabeça senti meu coração acelerar, encostei minha cabeça na dele e sussurrei. 

-Eu te amo!  

Enquanto estava de olhos fechados comecei a chorar, senti a mudança em minha mão, sua transformação, e minha mão estava encostada em seu rosto e sua mão pousou em cima da minha, eu não conseguia abrir os olhos de tantas lágrimas que escorriam. 

-Eu te amei desde o primeiro segundo em que te vi e pra sempre vou te amar!  

Era a voz mais linda do mundo, era o que eu mais ansiava ouvir e agora não consigo nem abrir meus olhos, a dor foi embora, e só tinha uma explosão de sentimentos bons dentro de mim. 

-Não chore mais meu amor, eu estou aqui, você me encontrou! 

Nesse momento consegui olhá-lo, e todas aquelas sensações de prazer me tomaram, aqueles   olhos lindos eram meus e desta vez para sempre, ele encostou os lábios nos meus e me beijou com tanta saudade, tanta paixão, retribui imediatamente, esquecendo de tudo. 

-Rã-ram! 

Olhei para Ari e comecei a rir, Iago me olhou meio assustado. 

-Então este é o seu humano? 

-Sim Ari este é o meu humano, Iago, Iago este é Ari um amigo que conheci a alguns dias! 

-Prazer! 

Disse Iago estendo a mão, lembrei que Ari não conhecia aquilo, então peguei a mão de Ari e coloquei na mão de Iago. 

-É assim ó! 

Falei e Ari riu.  

-É assim que os humanos se cumprimentam? 

-Isso! -disse Iago.   

-Bom, vou me despedir de vocês, tenho que voltar para a aldeia! 

Abracei Ari e ele partiu, fiquei abraçada com a cabeça no peito dele, ouvindo aqueles batimentos. 

-Ai vem encrenca!  

Disse Iago apontando para o céu, eram os Deuses, em segundos eles estavam na minha frente, meus pais com um sorriso largo em seus rostos, e antes mesmo de qualquer a um falar eu comecei. 

-Espero que cumpram com suas promessas! 

-Pois bem, já que o encontrou ele é seu, mas...  

-Mas o quê?   

Já falei meia irritada, tentei ir em sua direção, mas Iago passou a mão por minha barriga e me segurou. 

-Fique calma minha filha! -disse minha mãe. 

-Bom, como disse Ares, se o encontrasse ele seria seu para sempre! 

-Sim, mas? 

-Iago se tornara um caçador como você! 

Olhei para Iago que sorria olhando para Deus. 

-Aceito! -disse Iago. 

-Pois bem, você deixará de ser humano, não poderá ter uma família ou ser humano novamente, não terá uma residência para descaçar, você assim como Jasmin, será do mundo! 

Os Descendentes 2 -A Morte não é o Fim.Onde histórias criam vida. Descubra agora