Camila point of views
Quando aquela onda de choro passa, eu fico sentada na cama encarando a janela, um pouco irritada com a hipocrisia dos meus pais, se é que posso os chamar assim.
Os três sempre tentam passar a imagem da família perfeita, para os cristãos no caso. Um homem que respeita e zela pela sua família, uma mulher que cuida da casa e duas filhas perfeitas.
A questão era que, nada era o que parecia. Meu pai além de não ter controle sobre a raiva, já traiu minha mãe, o que gerou uma filha, Sofia, agora ela tinha sete anos. O pior de tudo era que meu pai não assumiu a menina, minha mãe sabe dessa traição e eu tinha pouco contato com a minha meia irmã. Já a minha mãe, usava a religião para justificar tudo, traiu? Foi porque se desviou. Bateu na esposa? Ela não agradou o marido. E muitas outras coisas. Agora a minha irmã, acho que a mais cobra dessa família tentava a todo custo passar a imagem de uma mulher santa e resguardada para o futuro marido.
Na verdade, minha irmã era uma megera. Maria Eduarda sempre foi tudo ao contrário do que tenta parecer, ela aponta o dedo mas não se mexe para ajudar. Condena a pessoa sem saber os seus motivos e algo que ela herdou da minha mãe, usava a religião para justificar tudo. Além do mais, ela era tão "perdida" quanto a mim. Nunca comentei com ela ou com ninguém mas eu já a peguei fazendo um ménage no meio da praia uma vez.
Eu poderia ter contado isso para os meus pais, ontem mesmo, mas ao contrário dela, eu não gosto de fuder com as pessoas.
Incrível que a minha família aceita traição, hipócrita e o caralho A4 mas homossexualidade não. Parece até piada. Tenho certeza que se eu não estivesse grávida, eles iriam ficar calmos, dizer que era um tipo de demônio e me levar para igreja para ser exorcizada pelo pastor que mais parecia um disco riscado, mas como uma gravidez não pode ser escondida por muito tempo, eles optaram por me jogar fora.
Não vou ficar surpresa se em menos de um mês, todo mundo esteja com meu nome na boca dizendo: "vocês souberam que os Cabello expulsaram uma das filhas por estarem grávidas?", "A Maria?", "Não, a Camila!", "Tadinha, sempre foi uma perdida".
Muitas vezes eu me questiono se eu realmente sou filha deles ou se eu fui trocada na maternidade. Se não fosse por eu ser parecida fisicamente com meu pai, eu procuraria meus documentos de adoção.
Pensando bem, eu me denominava a ovelha em pele de lobo da família mas vendo por esse ângulo, aquela família são uma matilha de lobos em peles de cordeiros que tentam se passar por ovelhas.
Naquela noite, pouco dormi. Minha mente trabalhava buscando uma forma de eu conseguir um emprego ou criar coragem para ligar para Lauren, eu não podia ficar a vida inteira com Mali, mesmo sabendo que se fosse necessária, ela não reclamaria e iria me ajudar, porém não era justo ser um peso na vida dela, assim como eu não queria ser um peso na vida de Lauren.
Minha mente criou vários cenários possíveis quando eu ligasse contando da gravidez. A maioria deles era ela não acreditando, desligando na minha cara e sumindo, dizendo que eu estava louca e esse filho não era dela, e outros diversos onde ela sumia. Sim, eu sabia que ela poderia não reagir assim mas eu ainda sentia medo, medo por ela surtar por eu não ter contado antes ou coisa do tipo.
Quando finalmente consegui dormir, já estava amanhecendo. Mali não conseguiu me acompanhar então dormiu ao meu lado, segurando a minha mão como se dissesse "mesmo dormindo, eu estou aqui por você".
Dormir não foi uma boa ideia, eu tive um pesadelo com à noite anterior. Eu ia comer o meu suculento bife de fígado, então eles se transformavam em testes de gravidez e meus pais surtaram enquanto Maria ria.
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Perfeita Para Mim
FanfictionAos dezenove anos, Camila era a típica garota de interior do Ceará, vinda de uma família religiosa e tradicional, se vê apaixonada por uma empresária que havia ido passar uma temporada na pacata cidade para fugir da confusão da cidade grande. Tudo p...