A Máscara da Lebre [SasuSaku]

Rapto

Sem desviar os olhos sequer um instante de seus orbes verdes, a voz de Sasuke soou, parecendo-lhe mais grave e masculina do que se recordava. Ainda que calma, foi como um trovão, colocando-a num quase torpor.

— O que está acontecendo aqui, Suigetsu? Karin? — apesar de imperturbável, denunciava um quê de desaprovação.

Suigetsu soltou um resmungo, voltando a espada para a bainha, soando irritadiço como um adolescente.

— Nós íamos buscar algumas provisões como você mandou, e essa desgraçada apareceu. Fez um estrago e ainda quase me deixou manco. — ele falou, e cuspiu no chão num claro sinal de desprezo.

Karin se manifestou:

— Eu quase a matei, Sasuke-kun, se Suigetsu não tivesse entrado na minha fr-

— Você deu sorte de não ter sido atingida por um contra-ataque, um golpe certeiro desses punhos e estaria morta. — Sasuke a interrompeu, ainda observando Sakura deitada e encolhida no chão, enquanto Karin bufava frustrada.

Estava em choque.

Era como se não estivesse ali de corpo e alma, e apenas fosse uma mera espectadora, presa num transe observando os eventos se passarem ao seu redor. Não podia acreditar que era mesmo Sasuke, ali, em carne e osso e tão próximo. Seu chakra era esmagador.

Antes que pudesse reagir, ele voltou a katana para a bainha e se agachou próximo a ela, segurando-a pelo pulso sem qualquer gentileza, erguendo-a do chão, e Sakura não pôde evitar sua expressão de choque, pondo-se de pé desengonçadamente. Ele passou os olhos por ela, o que lançou um calafrio pela sua espinha, e demorou-se sobre a tatuagem no ombro esquerdo. Uma sombra de sorriso apareceu no canto dos lábios finos, e sumiu quase instantaneamente.

— Qual a sua missão aqui? — Ele perguntou, ainda segurando o pulso com firmeza. Sakura sentia o músculo doer sob o aperto impiedoso.

Tirando coragem de onde nem sequer sabia existir, ela respondeu, sentindo sua voz trêmula e rouca.

— Você sabe que não posso falar sobre isso. — respondeu entredentes, sem conseguir conter a tensão que prendia sua mandíbula.

— Essa vagabunda insolente! — Karin bradou ao lado. — Vamos matá-la, Sasuke-kun. Ela está pedindo para ter uma morte dolorosa.

Suigetsu soltou uma gargalhada, divertindo-se com a resistência da ninja recém-capturada. Já Sasuke não pareceu satisfeito com a resposta.

Sakura viu uma deixa para atacar e reagiu, carregando o chakra no seu punho adamantino no braço esquerdo. A força foi menor do que teria sido capaz com seu braço dominante, mas ainda assim, foi brutal. Girou no eixo, mirou o rosto de Sasuke e o movimento pegou o Uchiha de surpresa.

Ele desviou para o lado rapidamente e ela tombou para frente, seu golpe se chocando contra a árvore mais próxima. O impacto fez uma rachadura se iniciar no ponto acertado e abrir a madeira até a copa com estalos e sons de fibras de partindo ruidosamente. Pássaros voaram com o tremor e ela tirou o punho, voltando para a posição ofensiva.

Iniciou uma sequencia de golpes, atacando sistematicamente, enquanto via Sasuke desviar com maestria.

Sentia-se vagarosa, estava com os movimentos comprometidos pelo cansaço e pelo selo de Karin.

Ele não aparava seus golpes, pois sabia que significaria um possível aleijamento. Apenas desviava-se concentrado, o sharingan brilhando em seus olhos.

O Uchiha sacou a katana, sumindo de sua frente num movimento tão sutil e rápido, que Sakura não soube o que estava acontecendo, apenas foi atingida por uma leve brisa, até que sentiu o metal frio da espada contra as veias do seu pescoço. Piscou e ele estava atrás, segurando a arma contra sua jugular, parado a uma distância de centímetros, sem tocá-la. Sentia sua própria respiração curta e descompassada e o rosto de Sasuke quase colado ao seu.