Resposta

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O moreno pressionou a palma da mão contra o olho esquerdo, sentindo uma dor lancinante.

Não apenas acreditava piamente que ficaria cego, também seu interior ardia como uma labareda. Este é preço a se pagar pelo poder do Mangekyō Sharingan, pensou consigo mesmo, o padrão estrelado ocupando os espaços de sua mente turva e esgotada. Sasuke se considerava resistente à dor e extremamente consciente do sacrifício a fazer por suas habilidades, mas jamais havia imaginado tamanha penitência.

Era isso que Itachi havia sofrido? Se ele vivia para sofrer àquela maneira todos os dias, então estava recebendo o que merecia.

Tão logo o pensamento cruzou sua mente, Sasuke sentiu um aperto nas estranhas. Agarrando o tecido da própria blusa, curvou-se para a frente, urrando de dor. Vomitou sangue, tossindo enquanto via a saliva vermelha saindo à força, cada impulso arranhando seu esôfago e faringe. Quando finalmente se sentiu capaz de respirar novamente, limpou os cantos da boca com as costas da mão, tirando a espuma rosada. Aquilo era uma tortura.

Observou Sakura que dormia sob efeito de um genjutsu alguns metros a frente, completamente alheia ao seu sofrimento.

Fora o uso despreparado, exagerado e inconsequente das habilidades de sua kekkei genkai evoluída, ele havia calculado mal a potência da ilusão e colocado a kunoichi num torpor muito mais longo do que o esperado. Ela já dormia há horas. Arfando, esfregou novamente as pálpebras, apertando-as com força enquanto sentia as pupilas arderem. Acima de tudo, não estava completamente descansado quando adotou a medida desesperada para livrá-la da morte certa nas mãos do ANBU, o que o deixara ainda mais incapacitado.

Não havia sido sua intenção que os eventos se desenrolassem daquela maneira. Ele havia baixado a guarda, estava cansado e desatento, e deixou o time de Konoha se aproximar demais. Precisou agir no último instante, e o Mangekyō aparecera como um coringa: não só conseguiu proteger Sakura, mas também se livrou do ANBU, e conseguiu tempo o suficiente para fugir de Naruto e de Kakashi. Sakura era a causa e a consequência de tudo aquilo, e ele achava que por ela estava perdendo sua sanidade, a única coisa a qual ainda se agarrava, pois sua honra e fé há muito já haviam deixado de existir. Ao mesmo tempo, sabia que a Haruno não era culpada de nada; a culpa era inteiramente sua.

Ele soube, assim que sentira ela desfalecer em seus braços nas terras de Shimazu Ken, que algo estava diferente. Naquele momento, ele pensou, sentindo as palpitações do coração da Haruno fraquejarem, mais uma das maldições do clã Uchiha o havia alcançado.

Uma miríade de questionamentos havia cruzado sua mente quando se deu conta de seu novo poder, pois Sasuke sempre ouvira dizer que somente os responsáveis pela morte de um ente querido seriam merecedores do Mangekyō, algo que ele só conseguiria ao confrontar Itachi. Mas ele se lembrava, lembrava do que sentiu quando sua kusanagi atravessou o tórax de Sakura, e o sangue que escorreu pela lâmina e manchou suas mãos, seus braços, suas roupas e o cobriu de tamanho desespero que ele não sabia dizer se sentiria algo próximo ao encontrar o primogênito de sua família.

Parecia impossível.

Testemunhar a quase morte de Sakura havia sido um trauma tão grande, que Sasuke abriu os olhos na manhã seguinte ciente de ser o mais novo usuário do Mangekyō Sharingan.

————

— Olá, velhota.

Jiraya cumprimentou com bom humor enquanto se lançava sobre a cadeira no lado oposto da mesa da Hokage.

Quando a cabeça loira falhou em se erguer para cumprimentá-lo de volta, o Mestre dos Sapos deixou sua expressão se contorcer em descrença e exagerado ultraje. Aquele insulto em particular costumava funcionar com Tsunade, colocando a loira num quase frenesi. A jovialidade da kunoichi era sempre um ponto delicado, e ele obviamente adorava trazê-lo a tona.

A Máscara da Lebre [SasuSaku]Onde histórias criam vida. Descubra agora