Fogo

5.6K 270 877
                                    

Quando Sasuke voltou para seu repouso, deixando Sakura novamente sozinha com seus pensamentos, ela optou por sair e reabastecer a despensa com suprimentos. Ele claramente já estava muito melhor e, apesar da kunoichi ter muito a conversar com ele, achou prudente não desencorajá-lo de continuar descansando, já que o Uchiha nunca se permitia repousar.

Caminhando na rua de pedras irregulares, Sakura levava uma sacola de fibras vegetais que encontrara largada pela casa. O vilarejo era todo em tons terrosos, as casas construídas de adobe, madeira e palha, e sem qualquer revestimento ou luxo. Não eram pobres; a ideia de pobreza em um lugar tão remoto e indiferente à vida civil como ela conhecia nem fazia sentido. Viviam do que colhiam e plantavam no terreno pedregoso, caçavam nas trilhas e matas do sopé e faziam comércio ocasional com mercadores viajantes. Nada parecia abalar a paz daquele pacato lugar.

Quando se aproximava da venda, passou em frente à janela do que imaginava ser a casa de Toshiko, adjacente ao seu pequeno comércio. A cabeça de Eiji apareceu no canto da abertura, e ele arregalou os olhos ao vê-la passando, lançando-se para baixo e desaparecendo do campo de vista de Sakura. Ela segurou uma risada; Sasuke havia, definitivamente, assustado aquelas crianças vândalas. Serve de lição, pensou consigo mesma, antes de entrar na pequena loja, fazendo o sino acima da porta soar ao abrir a porta de madeira rústica.

— Quem vem aí? — A velha exclamou de trás do balcão sem levantar os olhos, contando um punhado de ryōs. Então interrompeu a tarefa e arregalou os olhos, ajeitando os óculos fundo de garrafa sobre o nariz. — Ah! É você.

Sakura parou onde estava. Por um breve momento receou a reação da mulher. Estaria ela irritada por seu neto ter sido rechaçado? O que será que o garoto havia dito a avó? Provavelmente seria considerada persona non grata ali e teria que achar outro mercado, se é que havia algum nos arredores. As chances eram mínimas, mas suas compras dependiam inteiramente do tratamento que receberia.

— Olá, Toshiko-san. — Ela cumprimentou polidamente. — Hm, eu gostaria de me desculpar por ter assusta—

— Meu neto?! — a velha interrompeu. — Ora, imagine! Não se preocupe com isso, Jun-chan. Ele é uma peste, sem modos, gosta de ser devasso e ficar perturbando os moradores por aqui. Já estamos todos acostumados com essas travessuras, mas imagino que ele a tenha tirado do sério... — Ela disse, primeiro retirando-se de trás do balcão e gesticulando ininterruptamente enquanto falava, depois aproximando-se de Sakura e, para a surpresa da kunoichi, entrelaçando seu braço com os dela, como se fossem amigas de longa data. — Ele está bem, ele e os amigos levaram apenas um sustinho, nada que não os ajude a se tornarem mais comportados. Diga-me, quem é o... rapaz que os afugentou?

Toshiko fitou Sakura com olhos que transbordavam curiosidade.

Sakura estreitou os orbes esmeralda, estudando a pergunta da mulher. Bisbilhoteira, pensou consigo mesma, não conseguindo conter um meio sorriso de fazer o canto de seu lábio se erguer. A mulher estava disposta a passar por cima do fato de seu neto ter apanhado de um estranho para simplesmente poder adquirir alguma informação sobre Sakura. Ou Sasuke, no caso.

— ... Rapaz? — Sakura indagou, fazendo-se de desentendida.

— Sim, sim... os garotos disseram que um homem os colocou para correr da sua casa... Achei que estava sozinha, Jun-chan. — aquele mesmo brilho voraz passou pelos grandes olhos da mulher.

Sakura levou um dedo ao lábio, fingindo uma expressão pensativa, e então emendou:

— Hmm... Não há nenhum rapaz... Talvez eles tenham visto um vulto e se confundido?

A Máscara da Lebre [SasuSaku]Onde histórias criam vida. Descubra agora