Afronta

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Aos poucos, Sakura sentiu recobrar a consciência, a nuvem de mal estar se dissipando lentamente.

Inspirou o ar, sentindo o cheiro de Sasuke misturado com suor. Ele a estava carregando nos braços, pois podia sentir a quentura do peito dele junto ao seu corpo. Os movimentos do Uchiha eram rápidos e leves, e ela podia escutar outros passos ao redor, pulando e tentando se equiparar ao ritmo do moreno.

Permaneceu de olhos fechados, entorpecida pelo leve balançar dos saltos enquanto eles se movimentava. Foi-se um intervalo considerável até que, de repente, sentiu um leve frio na barriga quando Sasuke pulou para baixo, até parar com um som abafado. Estavam no chão da floresta, ela supôs.

— Sasuke-san, Juugo e Ka—

— Cuide dela. — a voz dele falou, imperativa como sempre, interrompendo qualquer que fosse a observação do outro ninja.

E então, mãos a depositaram em outro lugar, e ela sentiu dedos gelados a tomarem por baixo das pernas e por trás da costas, para então ajeitá-la nos braços. Foi segurada por alguns segundos e então colocada no chão, ajeitada junto às raízes. Em nenhum momento ela abriu os olhos, mantendo a respiração o mais estável possível.

O antídoto estava fazendo efeito.

Foi uma manobra arriscada, ela admitia, pois não tinha como saber se a quantidade que havia conseguido derramar na mão antes de deixar o pote cair seria o suficiente para mantê-la desacordada por um curto período de tempo. Se tivesse dado o azar de conseguir um pouco a menos, teria dormido por horas e seu plano teria ido por água abaixo. Pressionou disfarçadamente o dedo sobre os furos das agulhas, sentindo a ardência do contato da química com o ferimento, e apertou os olhos com o incômodo.

Não sentia mais o chakra de Sasuke no seu entorno imediato, apenas o de Suigetsu. Em algum lugar, um homem urrava de maneira selvagem, e o som da batalha chegava abafado até os seus ouvidos.

— ...Juugo está destruindo tudo para variar... Tch. — Ela ouviu Suigetsu resmungar para si mesmo de algum lugar próximo. — E ainda por cima vou ter que ficar aqui de babá...

Sakura permaneceu imóvel, sentindo a grama pinicar seu rosto. Ela conhecia todos os antídotos e os havia testado em si mesma, pensava, enquanto sentia o sangue circular pelas suas pernas, fazendo-as formigarem. Ainda se lembrava de todas as vezes em que Tsunade havia repetido em seu ouvido que a única forma de conhecer um antídoto, era testá-lo você mesma, e, num fluxo de memória, lembrou-se das subsequentes vezes em que jazira no chão do laboratório, passando mal e delirando enquanto esperava os venenos serem expulsos de seu corpo.

Valeu a pena, ela pensou, e desejou poder agradecer Tsunade-shishou pessoalmente.

Em questão de minutos, seu corpo estaria de volta à capacidade normal. Mas não tinha minutos. Tinha segundos. Se Sasuke retornasse, sua tentativa de fuga seria frustrada.

Ela abriu os olhos, vendo as costas de Suigetsu, enquanto ele tentava olhar a batalha, apertando os olhos para enxergar através da névoa que havia se esvaecido parcialmente. Abriu e fechou o punho, sentindo seus movimentos ainda comprometidos.

Vai ter que servir, ponderou.

Aproveitando-se da distração do ninja da névoa, ela rolou no chão, ficando de cócoras, sem fazer som algum. Enquanto sentia suas pernas ainda oscilantes, procurou firmar os joelhos. Viu Suigetsu colocar as mãos na cintura, murmurando algo para si mesmo.

Ele não notou quando ela se aproximou, erguendo os braços para o ataque que o acertou em cheio na nuca, derrubando o shinobi em um só movimento. Sakura viu o corpo cair mole no chão, observando-o desacordado, e respirou fundo antes de acelerar, aproveitando o ataque inimigo para fugir do time Hebi.

A Máscara da Lebre [SasuSaku]Onde histórias criam vida. Descubra agora