Cárcere

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Ao adentrar o esconderijo subterrâneo da ANBU Ne, Itachi se viu em um imenso e intrincado labirinto, no qual figuras mascaradas vagavam sinistras, sumindo ao dobrarem esquinas e adentrarem portas de madeira escura.

Sabia que o disfarce que portava no momento, do ninja enviado como algoz de seu irmão, era ineficaz. Apesar de tê-lo sido proveitoso para adentrar Konoha, uma vez dentro do território da facção, tornava-se um problema: era provável que o retorno tardio e a ausência de justificativa fossem vistas com extrema desconfiança pelos outros membros, além do que, deveria ser de praxe reportar-se ao mestre ao regressar, ou seja, à Danzō. E Itachi definitivamente não queria colocar-se cara a cara com o ancião.

Afinal, tinha de dar cabo ao seu plano.

Até a chegada de Sasuke, tinha o intervalo de algumas horas. Primeiro, escondeu-se apenas: como o exímio utilizador de genjutsu que era, ocultou-se nas sombras de um nicho, e esperou. Ouvindo as conversas no corredor e observando a movimentação, havia descoberto que uma grande rebelião se desenrolava no presídio de Konoha. Aquilo poderia representar uma alteração em seu planejamento, mas nada podia fazer, dada a incerteza sobre o desenrolar dos acontecimentos: havia muitas variáveis. E de qualquer maneira, tinha muito o que fazer até colocar as coisas em movimento de fato.

Sua prioridade era conseguir um novo disfarce, que o permitisse rondar pelo subsolo sem ter de ocultar-se, ou jamais seria capaz de se familiarizar com a planta do complexo, escondendo-se a cada mísero intervalo e com a guarda no máximo. Quando um ninja sozinho surgiu no fim do escuro corredor, Itachi passou a seguí-lo sorrateiramente, resvalando através das sombras sem ser detectado.

Estudava sua postura, seus trejeitos sistemáticos e duros como dos membros da ANBU Ne, a maneira como andava. Para sua sorte, o homem encontrou um outro membro da facção, e na troca de palavras, Itachi gravou o timbre da voz dele.

— Daichi-san. — seu alvo falou, e o outro interrompeu o caminho.

— Hideki-taichou.

Feliz ou infelizmente, ainda não sabia dizer, o alvo escolhido era um dos capitães de Danzō.

— Como vai sua missão com Saori? — a voz abafada pela máscara era grave.

— Encerrada com sucesso, Hideki-taichou. — respondeu o outro. — Reportamo-nos à Danzō-sama assim que havíamos assegurado a transferência do alvo e seu encarceramento.

— Entendido. Ela foi dopada?

— Não, apenas teve o fluxo de chakra desorganizado temporariamente. Desacordei-a mecanicamente, é provável que já esteja acordada.

— Está na masmorra?

— Sim.

O capitão anuiu, e então seu tom de voz soou mais suave, parecia satisfeito.

— Você trabalhou bem, Daichi-san. Será recompensado por Danzō-sama quando tudo estiver acertado. — o subordinado se aprumou com o elogio. — A Haruno é de extrema importância no momento para nós, uma peça importante.

O Uchiha estreitou os olhos ao ouvir o nome familiar. Se não lhe falhava a memória, era este o sobrenome da companheira de Sasuke, não era? O irmão havia dado tão poucas informações, que ele se sentia inapto a responder com precisão, mas acreditava estar correto.

— Entendo.

— Fique a postos, é quase chegada a hora.

Com um breve aceno, o subordinado seguiu seu caminho através do corredor de pedra, e após alguns segundos, o capitão também continuou seu deslocamento na direção original. Itachi prosseguiu em seu encalço, atento a todos os seus movimentos, deslizando como uma entidade entre as quinas escuras. Sentia o suor escorrer por sua têmpora com o esforço e manutenção da técnica, mas seguiu o homem ainda por um tempo considerável. Embrenhou-se naquele emaranhado de caminhos e salas a ponto de acreditar que nunca mais seria capaz de sair, mas era necessário.

A Máscara da Lebre [SasuSaku]Onde histórias criam vida. Descubra agora