Leito

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Anoitecia.

Itachi caminhou através da floresta, seus passos leves sobre as folhas escuras e úmidas. A chuva fina caía em pingos gelados, formando uma neblina leve acima do solo. Mais cedo, atraído pelo som e poder da batalha, o primogênito dos Uchiha deixou seu esconderijo.

Quanto mais se aproximou, mais ficou evidente.

Sasuke.

A energia inconfundível se tornou finamente delineada. Carregada, pulsante, obscura. Permaneceu à distância vendo as luzes que se erguiam, as explosões lançando terra e fogo pelos ares, o brilho inconfundível de um Susanoo. E então, aquela luz azul poderosa, lançando eletricidade por um raio de quilômetros. Mesmo de onde estava, sentiu o calor estático arranhar sua pele.

Acompanhou quando, moribundo, ele se lançou desesperado através das árvores, cambaleante e extenuado, fugindo no último minuto.

Itachi só voltou a caminhar quando sentiu aquela força minguar. Andou como um civil, um homem simples vagando em meio aos troncos finos, até finalmente encontrá-lo. Havia uma trilha por onde ele havia arrastado o próprio corpo no chão.

A cena o entristeceu.

Seu irmão mais novo jazia no chão, derrotado e moribundo.

Agonizante, não o escutou se aproximar. As pálpebras se fechavam lentamente, o sangue do rosto se diluindo com as gotas de chuva que caíam. Itachi o fitou em sua derrota, sentindo a água molhar suas próprias vestes.

Há tempos os esperava. Imaginou que aquela cena seria diferente. Acreditava em um confronto, na chegada de um Sasuke altivo e determinado que cumpriria o papel que, Itachi, movido por seu dever à vila, tinha plantado e cultivado dentro do Uchiha mais novo: o de algoz. Mas há tempos não havia mais devoção à Konoha, não havia mais fidelidade ao futuro da Folha.

Portanto, talvez, aquela fosse uma mudança para o bem, ainda que dura de ser vista.

Estudava o corpo caído diante de si, quando, alguns metros adiante, atrás de uma árvore, um homem se moveu.

Ele pareceu titubear ao ver Itachi, mas foi questão de um segundo para o nukenin aparecer ao seu lado, agarrando-o por trás, a lâmina negra da kunai pressionada contra o pescoço pulsante.

— Quem é você? — indagou.

O homem arfou contra a máscara. Não respondeu.

Os dedos longos e finos da outra mão de Itachi subiram, tomando a máscara animal pelo queixo, e a removeu, vendo o desespero tingir os olhos do shinobi. Jogou o objeto longe, seus olhos vermelhos perscrutaram a face do inimigo que respirava de forma errática.

— Foi Danzō quem o enviou? — perguntou calmamente.

Não houve resposta.

Tomou as bochechas do homem na mão, aproximando a face inimiga de sua própria. Apertou os músculos, obrigando-o a abrir a boca. A marca listrada apareceu na língua, visível mesmo na penumbra da noite. Os olhos do Uchiha brilharam sinistros.

A lâmina foi puxada e cortou a jugular com um golpe limpo, fazendo o sangue escorrer, formando um colar escarlate.

A som da queda do corpo foi abafado pela cama de folhas do chão.

Nenhuma gota de sangue respingou nos membros de Itachi. Ele guardou a kunai de volta, retornando seus olhos para Sasuke, que continuava exatamente na mesma posição. Ali seria sua lápide.

Andou novamente até o corpo.

Agachou-se e apoiou-o sobre um dos ombros, ajeitando-o e levantando-se lentamente.

A Máscara da Lebre [SasuSaku]Onde histórias criam vida. Descubra agora