Itachi estudou a expressão carregada do irmão.
Sentiu aquela sensação tão familiar: culpa. Aquela agonia que carregava no peito desde o massacre do clã era um sentimento tão presente que parecia já fazer parte de seu corpo, como se houvesse se materializado em algum lugar próximo ao coração.
Perdido, Sasuke havia escolhido o ódio como força motora, cultuava-o e cultivava-o como à chama da vida. Percorrer aquele caminho era a única coisa que sabia fazer, todas suas respostas vinham de sua ira.
Itachi não conseguia evitar pensar que as coisas poderiam ter sido diferentes se ele tivesse sido honesto. Lá vinham novamente todas aquelas questões assombrá-lo. Não tentaria reeducá-lo, pois acreditava não ter o direito de fazê-lo, tudo aquilo sendo uma consequência direta de seus atos, ainda assim, era muito doloroso dar-se conta do que o irmão havia se tornado.
Portanto, o primogênito apenas esquadrinhou o rosto do outro antes de indagar:
— Tem certeza de que é isto que quer fazer, Sasuke?
Como esperado, Sasuke se enfureceu quase imediatamente. Um vinco fundo se formou entre suas sobrancelhas escuras e ele fuzilou o irmão com o olhar antes de finalmente dizer:
— Se pretende me questionar, pode ir embora. Como falei, seguirei com ou sem sua ajuda. — respondeu com rispidez.
Itachi apenas crispou os lábios em resposta, e não disse mais nada. Não estava em posição de repreendê-lo ou tentar mudar sua decisão, sobretudo considerando que não tinha o perdão do mais novo, e que a reaproximação dos dois acabava de se iniciar, evoluindo de forma lenta e incerta. Reprimendas e passos em falso fariam Sasuke dar-lhe as costas e fechar-se novamente, e não era o que desejava.
Além do mais, não cabia mais a ele tentar proteger Konoha. Havia escolhido este caminho, e deveria arcar com as consequências.
— Tudo bem. Faremos como quiser. — falou finalmente. Sasuke pareceu relaxar, sua expressão facial se suavizando. — Ajudarei no que for preciso.
O Uchiha mais novo pareceu satisfeito. Itachi continuou:
— Você tem um plano?
— Não. — respondeu prontamente. Há anos não via, sabia ou se interessava por Konoha. Não fazia seu feitio inventar algo apenas para parecer preparado ou inteligente, então foi honesto. — Esperava que você pudesse me auxiliar a pensar em algo, considerando que possui mais informações do que eu.
Itachi passou os dedos sobre o lábio inferior, pensativo.
— Hm. Não acho que seria perspicaz ou frutífero atacar a vila diretamente. Seríamos nós contra um exército.
Sasuke estava de acordo. Mesmo sabendo de sua força e do poderio de Itachi, havia ninjas extremamente poderosos na Folha, além de um volume absurdo de adversários, o que tornava as chances de vitória quase pífias.
— Estava pensando em algo mais sorrateiro. — respondeu. Ainda que não houvesse traçado qualquer estratégia, infiltrar-se e atacar uma vez que estivesse dentro era a opção mais inteligente, sobretudo tendo como objetivo tirar Sakura viva de lá.
— Sim. — Itachi anuiu. — Ainda assim, mesmo sendo capazes de adentrar a vila, uma vez lá dentro, como seria?
Sasuke grunhiu. Não queria perguntas, queria respostas. Sabia que era estúpido, mas se pudesse, entraria em Konoha pelo portão da frente, mataria quem fosse preciso, encontraria Sakura, e explodiria a torre do Hokage com um katon. E que tudo fosse pelo ares, aplaudiria de pé o espetáculo.
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A Máscara da Lebre [SasuSaku]
RomanceSakura, adulta e escalada capitã ANBU, é chamada para executar uma missão para a Hokage Tsunade. Ao receber as instruções, toma conhecimento de um fato chocante: Sasuke, ainda um nukenin foragido, foi localizado e cabe a ela e ao seu time trazê-lo d...