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Chuuya conhecia quase todos os principais pubs da região de Yokohama de tanto que fez check in neles, fosse por horas ou por minutos de reuniões secretas envoltas em uma zona entorpecente de música alta e cheiro de erva difundido com perfume.
Gostava das músicas pois elas faziam parte de suas playlist diárias para os exercícios matinais. Gostava de acordar cedo e fazer flexões no escuro de seu quarto, com os fones de ouvido enterrados e o celular abaixo dele no chão, em uma página aleatória de um livro de contos de terror. Nem gostava de ler, mas os livros sempre foram indicações da mulher que tirava dele qualquer chance de se misturar no embalo daquelas solteiras da balada. Ah, não porque ela o impedia, na verdade era resiliente a qualquer comportamento dele... mas porque ele a respeitava o bastante para não fazê-lo.
Naquele pub enfeitiçado pela batida fervorosa de Cradle of Filth, Chuuya jazia imóvel no balcão do bar. Duas taças de vinho brilhavam com os resquícios da bebida e o barman ainda trazia outra! Ah ele conhecia Chuuya de outras noitadas, e já aprendeu que quando ele estava com aquela careta emburrada e as bochechas rosadas pelo grau de bebida, significava que não era capaz de pedir por mais - precisava levar pra ele. E Chuuya sempre agradecia com um "valeu" murcho, não era sempre que se afogava em álcool, pois não era nada tolerante. Isso só ocorria em momentos como aquele exato: quando a mulher que lhe indicava contos de terror e zombava da altura dele - mesmo sendo ainda menor - não estava feliz com ele.
— Deixa a garrafa —soou mais como um grunhido embriagado para o barman, que tinha deixado um shot de vodka pra ele. Estava indo longe demais, mas ligava pra isso naquela altura do campeonato?
O barman era curioso, mas não a ponto de interrogar o ruivo emburrado, que de cinco em cinco minutos – pelo que ele notava – olhava para um celular com a tela apagada. Talvez na esperança de receber uma mensagem ou então refletindo consigo mesmo se discava o número que não sumia de sua cabeça mesmo com a névoa da bebida.
Nakahara Chuuya já tinha idade suficiente para arcar com as besteiras que fazia mas era tamanho seu orgulho que ignorava o fato de que talvez não tivesse razão naquela briga. Aquilo foi uma briga? Disso ele não se lembrava com exatidão, mas lembrava de sua namorada se irritar com ele por estar irritado com o mundo! A raiva era um combustível inflamável mas o bastante para trazer a explosão também de quem não tinha nada a ver? Sem dúvida alguma, ele sabia disso melhor do que ninguém, afinal, ele explodiu um bairro inteiro sem consciência disso. Natural que sua raiva desencadeasse uma reação em cadeia, trazendo mágoa para sua companheira e levando a gritos de madrugada de ambas as partes.
Aquilo terminou com ele expulso do quarto dela carregando apenas uma almofada e o amargo gosto de vê-la chorar. Levou também os insultos que ele nem imaginava que ela conhecia. Uma boca linda daquelas era capaz de proferir o mais baixo calão e ele não sabia?
