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Razor não entendia porque sua amiga não podia mais sair de casa. Ele esperou no jardim da casa dela, escondido como ela tinha recomendado há algum tempo, porém, outra vez, ela não apareceu. O rapaz sentia certo desconforto no peito, algo que dizia de uma forma que ele não compreendia que ele não devia estar ali.
Fazia sentido. Quando conheceu [Nome], não demorou muito do pai dela segui-los, apenas para pegar a filha e levá-la de volta, murmurando coisas como "garoto lobo imundo" e outros insultos relativos à criação dele entre os lobos. Aquilo não machucou Razor no momento, afinal, tudo o que podia ver era sua amiga e sua nova família sendo levada para longe. Quase avançou para levá-la embora, mas algo no olhar dela o impediu de fazer qualquer movimento antes de fugir das flechas dos guardas da família.
Razor não compreendia. Não podia entender por qual razão aquela família era tão restrita. Notou que eles tinham muito, uma casa imensa e confortável, comida disponível para qualquer refeição. Razor caçava para alimentar sua família, dormia ao relento, dentro de cavernas, confortável ao lado de uma fogueira. Por ainda ser humano, entendia por alto que suas criações foram mais que diferentes. Talvez fosse a super proteção do pai da jovem, como os lobos tinham com as crias filhotes. Ainda assim... por que eles não podiam ser amigos?
No jardim, olhou para a janela do quarto dela. Entristeceu-se, sentindo saudades como nunca sentiu antes. O coração de Razor batia de forma diferente, e naquela altura pensava que talvez estivesse doente. Por que aquela ansiedade culminava em seu estômago trazendo um aperto tão doloroso? [Nome] o fazia sentir calor, conforto e proteção com seu olhar gentil. Ela tinha um cheiro que ele já conhecia, como o cheiro de Qixing, silvestre, um aroma tão único e doce que Razor poderia reconhecer a quilômetros.
Sozinho outra vez, Razor sentou-se na grama, abraçando os joelhos e sem tirar os olhos protetores daquela janela. Ele ficaria ali na vigília, zelando por ela. Foram afastados, mas isso não o impedia de cuidar para que nada acontecesse. Havia ladrões de tesouros pelas redondezas, aguardando para assaltar casas e pessoas despreparadas em suas casas. Razor não tinha dívida alguma com a família de [Nome], mas se proteger ela significava ter que proteger toda sua família, que assim fosse. Ele não conseguiria dormir naquela noite de qualquer forma, quando não dormia direito quase nunca sem tirar aquela moça dos pensamentos.
Um som atraiu Razor, vindo do interior do quarto. Ficou imóvel, observando a silhueta se aproximar da janela, quando finalmente viu o rosto dela. Razor sentiu o peito apertar, mas não podia controlar aquilo. Ele se levantou, ajeitando o capuz, caminhando devagar sem fazer qualquer som até a parede alguns metros abaixo da janela agora aberta.
— Eu sabia que estaria aqui — sussurrou ela, apoiando-se no batente da janela, com intenção de descer. — Me ajuda a descer.
Já tinham passado por aquele percurso muitas vezes durante a noite para admirar os dandelions brilhantes sob a luz da lua e antes que a família acordasse. Razor já conhecia a rotina, estendendo os braços para ampará-la quando saltasse. Geralmente faziam aquilo em silêncio, e daquela não foi diferente. [Nome] passou as pernas para fora da janela e então fechou os olhos, caindo nos braços de Razor. Ele a segurou e fez um som do fundo da garganta pelo esforço repentino, logo a colocando no chão.