Capítulo 5

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Auburn...

Beth me encara, com sua mão no queixo, ela estava me deixando mais nervosa, do que quando cheguei em sua casa a tarde.

— Isso, agora esta, perfeito!

Ela diz, examinando sua obra de arte, era assim que ela estava se referindo, ao me olhar com um certo brilho nos olhos, Beth era pequena e seus traços orientais a deixava com um ar delicado, isso quando ela não estava com os olhos carregados com a maquiagem escura, e suas roupas muito originais, isso era o que eu mais identificava com ela, não costumava desfilar de sandálias com saltos, mesmo de vestido eu não largava um bom par de All-stars.

— Serio, acho isso um exagero!

Digo, abrindo os braços, ela me fizera colocar um vestido de alcinha branco, estilo praiano, um decote generoso, exibia parte do biquíni branco que ela também escolhera, estava com chinelos, e meus cabelos haviam sido preso num coque, estrategicamente bagunçado, ela dizia, que isso era ser atraente de uma forma natural, fez eu passar rímel deixando meus cílios mais longos, sobre meus olhos de um tom verde apagado, claro que aquilo acabou dando um ar de vida a eles, meus cílios estavam fabulosos e quando eu piscava, me sentia atrevida, sorrio com meu pensamento.

— Ok, agora passe esse batom..

Ela me estende um batom e eu reviro os olhos.

— Passe a droga do batom e não reclame garota.

Era impossível discutir com essa baixinha irritante, seus olhos assustavam qualquer um.

Examino o tom de rosa, quase cor de boca e aprovo sorrindo.

— Viu, você precisa ter a sua foda, madrinha..

Solto uma risada e pego minha bolsa a seguindo, quando passamos pela sala, avistamos sua mãe ao telefone, ela abre um sorriso discreto em nossa direção, mas continua em seu telefonema importante.

— Sua mãe, parece legal.

Digo, tentando puxar conversa, ou talvez esse seja um meio, de descobrir mais sobre minha amiga.

— Ela é, só não sabe enfrentar as coisas, como deveria, se é que me entende!

Talvez não fosse tão difícil de entende-lá, às vezes nos acostumamos com tudo e o tempo simplesmente se vai, levando com ele toda nossa coragem, será que seria assim comigo, sinto um aperto no peito com esse pensamento, eu realmente não queria vê-lo se transformar em uma realidade, talvez hoje isso pudesse mudar, dependendo de minha coragem.

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Quando chegamos a praia, avistamos a imensa fogueira, havia muita gente ali, muita garota sorrindo solta em volta de Tyler, que está de bermuda Branca e regata preta, minha nossa, cadê o ar de meus pulmões, onde eles foram parar, minhas pernas se prendem na areia por alguns instantes, mãos hábeis e nervosas me fazem se mover.

— Nem vem, não tivemos tanto trabalho, para você fraquejar agora.

Sigo, com Beth me empurrando, até esta próxima da fogueira, os olhos de Tyler, se erguem na minha direção, mas esta com a testa franzida e sua expressão é completamente inesperada, ele não fala nada e nem sorri como sempre faz, eu podia sentir seus olhos me queimarem, ele toma um gole de cerveja, e uma das muitas garotas simpáticas, sussurra algo em seu ouvido o fazendo ri, ótimo, isso com toda certeza era pessoal e eu fazia ideia, talvez o fato de não ter lhe mandado uma mensagem ou ligado, ou até mesmo ido até sua casa para dar os parabéns, seus olhos voltam a me examinar sem muito entusiasmo, aí, com toda certeza era isso.

Sinto vontade de me virar e sair correndo dali, mas as mãos de alguém, passam por minha cintura me fazendo cambalear para o lado, era um dos amigos de Tyler, eu sempre o via ao seu lado, mas esta sorrindo e segurando uma cerveja, com toda certeza esta muito, altinho.

— Eu acabei de ganhar uma aposta linda, aquele, cara disse, que você não viria, mas você esta aqui.

Ele diz, sorrindo, olho para Tyler que bebe, mais um gole de sua cerveja, eu me perguntava quantos ele havia tomado, éramos jovens e tínhamos pais nos aguardando em casa.

O vejo se afastar da fogueira e seguir para o outro lado, claro que ele estava muito chateado comigo, eu costumava fazer bolos e levar até ele, mesmo que estivessem horríveis, ainda era divertido, éramos amigos.

Empurro seu amigo, alegre demais e tomo coragem em correr atrás dele, seus passos estavam pesados e eu sei que ele sabe que estou tentando, alcança-lo, mas esta, puto demais comigo, claro que esta.

— Tyler?!...

Grito uma vez e ele me ignora, eu merecia, eu acho, não sei, e u estava confusa e com raiva 'por ele não perceber que eu estava ali, sempre por ele.

— TYLER?!

Grito mais alto o fazendo parar, mas isso não foi lá uma boa ideia, suas mãos estão nos bolsos e seu maxilar agora esta, travado me encarando com fúria naqueles olhos lindos, eles me lembravam a duas pedras preciosas, merda, isso não era hora para ficar me derretendo.

— O que Auburn, finalmente achou um tempo, para aparecer.

Aí, isso sim era raiva genuína, eu podia sentir, acredite, tive que me segurar para não dar meia volta e sair correndo.

"Coragem garota, respire"

— Desculpe, fiquei ocupada o dia todo...

Péssima desculpa e péssima ideia, porque ele aperta os olhos, como se tentasse enxergar alguém, mas quem.

— Achei, por um momento, que estivesse enganado, mas é você, o que torna tudo pior.

Me abraço sentindo, um frio percorrer meu corpo.

— Do que esta falando?

Ele solta uma risada, esta um pouco alterado, eu sabia, talvez, tenha bebido mais que uma cerveja.

— Você esta cada dia mais estranha, some, foge, não se lembra de mandar a DROGA DE UMA MENSAGEM!...e agora aparece assim..

Ele aponta para mim, e sim, puta merda, aquilo foi como levar um maldito soco no estômago, essa era eu,a estúpida apaixonada, desde sempre por seu melhor amigo, mas eu era só isso e ele estava me achando ridícula, por tentar parecer apresentável, por querer me sentir bonita, meus olhos ardem, como fogo e minha garganta se aperta me deixando sem ar.

— Feliz aniversario, Tyler!

Digo, com a voz baixa, então me viro e volto apressada, aquilo ainda era uma maldita festa e estava arrumada para isso, então era hora de provar para mim mesma que eu podia sim ser essa garota, podia receber elogios de alguém que percebesse que tenho peitos e um coração, e não esse meu amigo babaca e egoísta.

Beth, me encara assim que volto e pego uma cerveja da mão de um garoto ergo no ar e grito.

— Ok, hora da festa gente!

Minha amiga, me encara com a sobrancelha erguida, mas o que, eu não iria desperdiçar horas dela me arrumando, mesmo que meu coração esteja sangrando por dentro e minha garganta esteja me estrangulando.

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Meu Melhor Amigo,namorado?Onde histórias criam vida. Descubra agora