Capítulo 3

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Auburn..

Quando tentei me mexer, em algum momento durante a noite, fiquei paralisada ao sentir a respiração de Tyler, próxima ao meu pescoço, fechei os olhos e tentei acalmar meu coração, as batidas estavam cada vez mais altas, eu temia que ele pudesse ouvir, me movi lentamente, mas havia algo me impedindo de me mover, olhei para baixo e vi a perna de Tyler, enroscada em mim.
Deus, isso só podia ser brincadeira, estiquei minha mão tocando seu joelho e empurrei, mas meu amigo estava disposto a dificultar minha vida, como se não bastasse sua perna me prendendo, sua mão se move parando em minha barriga.

"Não respira..não respira"

Caramba, sua mão estava agora subindo por minha barriga, mais um pouquinho e ele estará tocando meus seios, não me movo, respiro devagar, mas Tyler, agora está gemendo, aí merda, ele deve, está sonhando, só pode, sua mão se fecha em volta de meu seio, ele estava apertando como se fosse uma almofada, fecho, meus olhos segurando minha respiração, temo que vou morrer, como se não bastasse apertar ele agora está me pressionando contra algo, o quê, aí minha nossa, o que eu faço, sem ter tempo de pensar, ouço ele resmungar algo ilegível e se virar, volto a respirar, mas preciso muito correr até o banheiro.

Claro que ao despertar no outro dia, Tyler não estava mais ao meu lado, me levantei com aquele pensamento me assombrando, será que ele se lembrou de ter feito um pequeno passeio, com sua mão nervosa pelo meu corpo, eu com toda certeza me lembro e creio que vou fantasiar com isso por muito tempo, já que aquilo foi a única coisa mais próxima de ser tocada por alguém, no meu caso não, era qualquer pessoa, mas o garoto cujo meus pensamentos vêm ocupando, há alguns anos.

Ainda agitada, pelas emoções de ontem a noite acabei me esquecendo o verdadeiro motivo, pelo qual meu quarto foi invadido por ele ontem, Tyler não costumava ficar agitado daquela forma, ele parecia realmente decepcionado com seus pais, talvez hoje ele pudesse me contar, depois de roubar o meu sossego ele me devia pelo menos isso.

Pulo da cama e corro para o banho, não queria chegar atrasada na escola, não, quando Beth, estava disposta a criar um plano, na cabeça dela, eu ia fazer, Tyler se derreter por mim, bom eu não tive coragem de desanima-la, então deixei que ela continuasse a fantasiar.

Depois que estou pronta, desço as escadas tentando me acalmar, eu não queria que meus pais percebessem, que havia algo de diferente no meu bom humor hoje, os dois estão sentados, prontos para trabalhar, meu pai é um bombeiro, então é meu super-homem, minha mãe tem sua confeitaria, que fica próxima a nossa casa, dai a mania de matar todos com tanta, açúcar.

Sabe morar na Flórida, tem suas vantagens, a minha rua, por exemplo, nunca vi lugar, mais pacato que essa, todos tinham suas casinhas com cercas brancas, jardins que enfeitavam a volta de suas casas, eu me sentia no paraíso e ter Tyler, aquilo era a prova que os Anjos existem, mesmo ele crescendo e se tornando impossível com seu gênio, para mim, toda vez que ele sorria ainda se iluminava tudo, qual é, não me julguem, afinal, Lúcifer também era um Anjo.

— Por que me parece, que esta sorrindo mais que de costume?

Droga, às vezes, eu acho, que meu pai era um desses espiões disfarçados de bombeiros, era difícil esconder qualquer movimento dele, mesmo que seja um sorriso estúpido no rosto.

— Não estou!

Digo engolindo o suco apressada, minha mãe ergue uma sobrancelha, analisando meu rosto, droga se não bastasse meu pai, agora tenho a senhora desconfiada no meu pé.

— Eu devia me preocupar com essa sua resposta rápida, mas estou atrasada.

Ela diz, beijando meu pai demoradamente, eca, era estranho ver seus pais se pegando, mesmo que para os outros, tudo fosse muito fofo, ainda era estranho olhar para os dois trocando línguas desesperadas.

— Eca!!.., acho, que estou atrasada também.

Digo, ficando de pé, ouço o som da risada dos dois, enquanto sigo até o ponto de ônibus, para minha alegria Tyler esta la, lindo, segurando seu "skate", como alguém podia ser tão lindo, como ele.

**********

Durante o intervalo, tive que prestar atenção no plano de Beth, pelo menos eu tentei, juro, mas eu estava soltando tantos suspiros, que acabei irritando ela.

— Ok!..acho, que seu cérebro derreteu em algum momento, durante o sono..

Ela diz, balançando as mãos em meu rosto.

— Me desculpe, eu prometo que vou prestar atenção.

Ela cruza os braços, ainda irritada, mas decidi continuar.

— Então, como eu estava falando, vestido!

Ergo uma sobrancelha, eu não pretendia usar um vestido.

— Vestido?!..isso é mesmo sério, digo, eu pretendia vir com meu velho e bom jeans surrado e meu All-Stars.

Ela revira os olhos, demonstrando seu desgosto.

— É um baile Auburn, pelo amor de Deus!!

Ta, agora eu que reviro os olhos e sopro o ar desanimada.

— Onde vou arrumar, um vestido?

Beth abre um sorriso, acho, que ela estava mais empolgada com tudo isso, do eu mesma.

— Isso é tarefa para sua fada madrinha, que no caso aqui, essa sou eu.

— Oh! Claro, me mostre sua varinha ó grande fada.

— Em primeiro lugar, a única varinha que você precisa se preocupar, é a de Tyler..

Fico de boca aberta, mas ela continua...

— Qual é garota, ele vai fazer 18 anos e você também..

— Eu nem beijei ainda Beth, porque vocês têm mania de avançar tudo, Deus!

Ela cruza os braços e sorri.

— Querida, você esta muito atrasada, além disso, sabemos que seu amigo já passou o rodo.

Tá legal, isso era algo que eu não precisava ser lembrada diariamente, eu sabia que meu amigo não era mais tão inocente, como ainda sonhava em meus sonhos, lá eu podia ser a única dele e ele meu único.

— Terra para Auburn?!

Olho para ela, com o cenho franzido.

— Então, voltando ao vestido, temos que ver isso, depois da aula.

— Você deve esta louca, onde vamos arrumar um vestido de baile?

Pelo sorriso no rosto dela, eu podia imaginar que ela já tivesse algo em sua mente brilhante.

*****

Fiquei parada, diante do espelho me encarando, eu não podia fazer aquilo, não mesmo.

— Então, o que achou?

Eu ainda estava em choque, olhando para as camadas de tule ao redor da minha cintura, o decote em formato de coração e o brilho que fazia toda vez que eu me movia, era como esta vivendo um dia de princesa, mas eu não sei se conseguiria.

— É lindo Beth, mas não posso, usa-lo.

Minha amiga se joga em sua cama.

— Pode e vai, essa obra de arte levou anos para ficar pronta e estou querendo ver alguém, usa-la ha algum tempo.

— Como você consegue, isso aqui é perfeito.

Ela abre um sorriso.

— Isso é tudo que amo fazer de verdade Auburn, e algum dia, vou ter a liberdade para investir nisso.

Eu não sabia muito, sobre Beth, conhecia sua mãe e nada a respeito de seu pai, havia também seus avós que ela mencionara poucas vezes, mas esse dom, eu nunca imaginei que a garota que fosse cursar direito, era uma verdadeira fada da moda.

— Por que direito, quando suas mãos sãos como de fadas, olhe para esse vestido, isso deve valer milhares de dólares.

Ela se levanta e fica ao meu lado.

— O meu sonho, não tem preço, mas para algumas pessoas é difícil aceitar isso.

Percebo, uma certa melancolia em sua voz.

— Eu não entendo.

Digo, olhando sua expressão triste.

— Meu pai faleceu, eu tinha 6 anos e já fazia as roupas das minhas bonecas, isso aqui já estava em minha alma, acontece, que para meu pai e meus avós, supõem que tudo não passa de uma brincadeira e para me fazer, perceber isso, antes de morrer ele havia deixado uma cláusula, que modificou todas as minhas escolhas.

Ainda prestando atenção em cada palavra sofrida, que saia de sua boca, me sentei na ponta de sua cama.

— Não posso fazer minha própria escolha Auburn, tenho que ser uma brilhante advogada e todo mês meus avós fazem questão de saber como anda meu rendimento na escola, e esse e o último ano então, pode imaginar o que me aguarda ano que vem.

— Caramba! Mas eles viram isso, digo, não tem como negar seu talento.

Ela abre um pequeno sorriso.

— Minha mãe ate se encantou, quando viu esse vestido a primeira vez, então a realidade bateu e ela deixou seu encanto de lado.

Nossa, aquilo era tão egoísta, como alguém podia renunciar a seus sonhos, de um dom como esses apenas devido a um papel idiota, ninguém devia ser obrigado a impor as vontades, sobre os sonhos das pessoas.

— Tem certeza que posso usar esse vestido, digo, deveria guardar para um futuro..

Ela balança a cabeça.

— Tá! Brincando, olhe para você, parece que esse vestido faz parte de seu corpo, esta, perfeito em você.

Sorrio e a puxo para um abraço, estava feliz por ter mais alguém em minha vida, uma amiga de verdade.

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Meu Melhor Amigo,namorado?Onde histórias criam vida. Descubra agora