LEIAM AS NOTAS FINAIS.
É sempre o mesmo sonho vago.
Jimin anda por um corredor. Há um carpete debaixo de seus pés e luzes quentes acima de sua cabeça. O corredor continua se estendendo. Há portas fechadas dos dois lados. Ele está molhado, como se tivesse saído da chuva, água pingando pela ponta de seus cabelos e a roupa ensopada grudando na pele. Não há ninguém ao redor por tão longe quanto sua vista alcança, nenhum som a não ser o de seus passos e da respiração atordoada.
Sua pele formiga em alarme. Ele está carregando uma faca, apertando tão forte o cabo que os nós dos dedos estão brancos. Algo aparece rapidamente a sua esquerda. Está lá e então não está. O mesmo acontece na direita. É possível ouvir passos pesados a frente, palavras sussurradas.
Encontre-me.
Ele avança em disparada. O que quer que esteja a sua frente, adentrando vivamente a escuridão, é complementado pelo que quer que esteja atrás dele, imerso no fundo do corredor. Ele sente o ar frio na nuca, o compulsivo tamborilar das paredes, o pânico que se instala em seu peito.
-Espere! - ele chama - Espere, não vá!
Estica-se para agarrar uma mão. É quente, molhada pela chuva assim como a dele, as mangas de um casaco longo grudadas no pulso. A coisa atrás dele, o que quer que seja, se aproxima. O terror aperta o peito de Jimin, como unhas arranhando sua espinha.
Ele sabe o que precisa fazer para escapar.
A epifania é intempestiva. O que quer que esteja atrás dele, o alcança. O que quer que esteja em sua frente, se afasta. O calor das luzes acima está apenas sobre Jimin, o jogador solitário que importa no sonho. Ele é a única estrela ali, o único sobre o holofote.
É ele quem deve fazer a história.
Jimin engole em seco. Lambe os lábios em tentação, como se considerasse as escolhas. Na verdade, ele nunca o faz. Na verdade, sempre sabe que o quer quer que esteja atrás dele é muito forte, forte demais. Ele não consegue virar para encarar.
Park respira de forma áspera. A mão em seu aperto treme. Cinco palavras sussurradas do escuro: Jimin, por favor. Escolha diferente.
Ele não consegue. É impossível, e ele está muito assustado. Ao invés disso, ergue a faca. Ergue bem alto e a abaixa muito rapidamente, um grito arranhando sua garganta. Ele assiste sangue surgir em seus dedos, pintando a pele de escarlate.
O holofote se apaga. O mundo fica branco. É como ele sabe que fez a escolha certa - as luzes se acendem e ele está sozinho, está a salvo.
Jimin exala descompassadamente. Ainda tem a faca nas mãos. Ainda há sangue.
Mas é tudo brilhante e claro e há luz ao seu redor e ele está sozinho. Então isso significa que fez a coisa certa. Escolheu certo.
Não escolheu?
🚨🚨🚨
Jimin acorda com um barulho que lentamente se distingue como o toque do celular. Ele rola, tentando encontrá-lo, recuando quando algo duro toca sua barriga. Os olhos ainda estão ásperos e quentes por causa da longa noite, e quando consegue tirar o telefone debaixo dele, sua voz ainda não é nada além de um ruído baixo.
-Eu acordei você? - Yoongi pergunta do outro lado.
- O quê? Não. Não, eu estava acordado.
-Delegacia em trinta minutos, então?
- Hã? - ele tenta levantar e cai da cama - Ah. Hm, ok, claro.
- Tem certeza que você está acordado, garoto? - o outro suspira - Eu vou levar café.
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Murmuration
FanfictionPark Jimin é um detetive novato no maior departamento da Polícia Metropolitana de Seul. Ao ser designado a trabalhar com Min Yoongi - um policial apático e desprestigiado da ineficiente divisão de arquivos mortos -, ele não esperava que o caso de a...