Sobre a luz da tarde, o café onde Yoongi costumava encontrar Taehyung parece estranho a ele. Fica nas extremidades da Junção, depois da cabine de pedágio, e poucas pessoas que ali vivem vão até lá. O menu é um dos problemas - muito Americanizado - e as porções são de um tamanho menor que o normal. Yoongi tem plena certeza de que os locais ignoram o lugar. Poucas pessoas na Junção gastariam dinheiro em café quando poderiam gastá-lo em arroz. Mas a cafeteria em si está posicionada de um jeito esperto: Junção o suficiente mas sem ser muito na Junção, num cruzamento, atraente para entusiastas Extraordinários que querem chegar perto dos centros de atividade ilegal sem estarem realmente na linha de fogo.
A primeira vez em que o policial encontrou Taehyung ali, depois de ser atribuído como o encarregado por ele, o informante estava vestindo uma máscara e óculos grossos no estilo aviador, com lentes cor de âmbar.
-É sério? - Min tinha perguntado, deslizando no assento a frente dele. - Ases Indomáveis*? Você está procurando por chances de se redimir, piloto Mav?**
Taehyung o encarou por uma fração de minuto - algo leve e incompreensível contorcendo sua expressão - e então recuperou o sorriso.
-Me leve para a cama ou me perca para sempre**, Yoongi-ssi.
O detetive mordeu o lábio para conter o sorriso. O Kim suspirou.
-Você devia dizer "mostre-me o caminho para casa, querido."**
-Eu não vou te chamar de querido.
-Eu aceito amor, então.Yoongi se lembra de rir dele. Lembra do jeito apreensivo como Kim o observou, vendo a apreensão derreter como gelo sobre o sol no decorrer das próximas reuniões que tiveram. Uma boa coisa, ele costumava pensar, porque seus superiores estavam sempre pressionando-o a ganhar a confiança de Taehyung. Não é uma boa coisa, pensou depois, numa noite com Taehyung adormecido em sua cama, a luz cor de lavanda da iluminação da rua lá fora se espalhando suavemente em suas costas nuas.
Eles tinham ficado muito envolvidos muito rápido.
E agora - se Taehyung ainda estivesse vivo, em algum lugar, onde aquilo os deixava? Era um pensamento egoísta. Uma posição auto-centrada e egoísta até mesmo de se pensar, mas ele não consegue evitar. Eu te amo, pensa, lembrando daquela noite, tentando ver como soa porque essa é a primeira vez em que ele conseguiu dizê-lo desde aquele dia. Ainda te amo.
Jimin está sentado numa cabine semi-escondida do resto do café devido ao encosto mais alto que usual. Ele tem uma bebida, uma foto em sua frente e uma expressão consternada no rosto. Yoongi tenta não deixar o alívio transparecer em seu semblante, mas acha que falha nisso mesmo assim. Park é jovem, brilhante, audacioso. É parecido demais com Taehyung. É difícil imaginar perdê-lo para esse caso também.
A expressão do mais novo fraqueja quando ele olha pra cima.
-Oi, hyung. - diz - Achou esse lugar com facilidade?
- Sim. Acontece que eu sou um antigo visitante retornando.
- Você consegue o Taemin hyung, então?
- Nos conhecemos. Você vem aqui com frequência?
Jimin assente.
-Só o tempo todo.Yoongi se remexe um pouco no assento. Não devia ser estranho Jimin tê-lo chamado ali. Não deveria ser esquisito ser o mesmo café em que ele sempre encontrou Taehyung. É só que há muitas coincidências se alinhando para não ser nada.
-Eu costumava encontrar o Taehyung aqui.
Algo devastador perpassa vagarosamente pela expressão do novato. Sua garganta se mexe de forma convulsiva.
-Ah. - ele diz. Então: - Ele alguma vez disse alguma coisa sobre...mim?-Quem, o Tae? Não? Por quê? Você o conhecia? Há algo...Você está me escondendo alguma coisa? - Min se inclina para frente. Não se importa se está falando muito rápido, se Jimin está olhando para ele com olhos arregalados e conflituosos. Tudo é terrível e maravilhoso e horrível e ele só quer respostas, de uma vez por todas. Ele só quer saber. - Você sabe - sabe onde ele está?
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Murmuration
FanfictionPark Jimin é um detetive novato no maior departamento da Polícia Metropolitana de Seul. Ao ser designado a trabalhar com Min Yoongi - um policial apático e desprestigiado da ineficiente divisão de arquivos mortos -, ele não esperava que o caso de a...