Fênix 6.3

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AVISO

Esse capítulo contém cenas explícitas de sexo, e pode conter cenas de conteúdo sensível/violento, não apropriadas para todos os leitores.

  Taehyung está certo.

É um tipo de noite quente e leve, e Jimin não consegue dormir. Ele se remexe e se revira em lençóis engomados, pensando sobre mais cedo - o zumbido da eletricidade, o fluxo linear do som do monitor cardíaco, a sensação melancólica de alarme que sentiu ao assistir Yoongi tremendo e soluçando. A ausência de pulso na garganta de Taehyung quando colocou os dedos lá, esperando e esperando, o medo vibrando em sua cabeça como uma bola de destruição em movimento livre.

Park fecha os olhos tentando escapar, mas sua mente está tumultuada, e depois de um tempo ele sai de fininho, atravessando a grama molhada até o prédio antigo.

É estranho que já saiba que estão lá. Ambos - ele sabe. Sabe o que estão fazendo. Esteve girando pela mente de Jimin, suavemente sujo em contraponto a escuridão da morte. É aquela coisa; a estranha ideia subconsciente de como desejo e morte e delírio estão todos ligados, e eles andaram bebericando um coquetel fortemente batizado com todos os três. Talvez eles saibam também, porque ele mal está na metade do caminho até lá quando seu telefone acende com uma mensagem de texto de Yoongi.

Ce tá acordado?

Sim, Park responde, a grama do pátio fazendo cócegas sobre as meias enquanto fica ali parado pensando a respeito disso por alguns rápidos segundos. Se move novamente antes mesmo do telefone acender outra vez.

Vem pra cá, então.

No lugar convertido em laboratório, Taehyung já está arfando, fragilizado, uma bagunça, os olhos revirando e os dedos segurando o cabelo do outro. Ele é bonito quando está sério e primoroso quando desmoronado, e fazê-lo se desfazer é o que Yoongi faz, tão gentilmente: um, dois, três dedos até os nós. Kim geme, arqueando as costas de forma bela, mexendo os quadris pedindo por mais.

A boca de Yoongi está avermelhada por conta dos beijos, a calça abaixada até o meio das pernas, marcas de dente abaixo de sua mandíbula. Ele encara Jimin, o olhar pesado, olhos oblíquos e sombrios, com um rubor colorindo suas bochechas. Passa a mão pelo peitoral de Taehyung e empurra as pernas dele para que se abram mais.

-Jimin está aqui - sussurra, as palavras de alguma forma parecem obscenas em sua boca e Kim reage a elas, inocentemente chocado, os olhos se arregalando e procurando por Park.

-Está? - questiona num gemido. É tão estranho estar no meio disso, tão surpreendente que ele quase ri. Quase: por que Taehyung o encontra, os olhos espiando-o com uma borboleta numa redoma de vidro, franzindo o cenho e perguntando com um bico:

- Por que ele não está me beijando, hyung?

Jimin sente cada centímetro da tensão de mais cedo surgir nele, como uma parede, uma onda afogando-o. É um esforço dar os poucos paços necessários para chegar até Taehyung; fisicamente doloroso não estar com ele - com eles -, e quando seus lábios encontram a boca de Kim, é um estrondo. Uma colisão rude, forte e bruta e pesada, com a memória da mágoa.

Ele beija Yoongi também, beija-o de forma suja, suga seu pescoço com força e brinca com a pele entre os dentes. Tem o sabor de um pedido de desculpas quando Min o beija de volta. Ele se afasta, desliza um dedo sobre a maçã do rosto de Taehyung, acaricia seu rosto lentamente enquanto Yoongi se posiciona para penetrá-lo, ágil e firme, fodendo-o em uma doce bagunça cor de rosa.

Taehyung suspira, o belo pescoço se esticando para ganhar beijos, e Jimin os dá, apaixonado e catatônico. Suas mãos serpenteiam o caminho abaixo do peito de Kim, uma onda de desejo disparando por todo o caminho em que o abdômen dele se contorce sob a palma de Jimin. Taehyung o para, as mãos agarrando seus pulsos em desespero, fazendo-o mudar os beijos, querendo-os profundos e com a língua. Seus quadris desdobram-se na ânsia por mais, uma mão correndo pelos cabelos de Yoongi, e Jimin o ama - ele pensa -, esse homem louco, o bebê deles, esse garoto reservado e estranho. É estranho como o rosto dele parece tão jovem nesse momento, nesse específico pedaço de tempo em que são provavelmente mais adultos do que jamais foram. Park, com a boca inchada e o pau duro, latejando perto de um orgasmo, pensa que talvez seja porque todo mundo se torna jovem e assustado diante da morte.

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