Picanço 9.1

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AVISO DE GATILHO:

Esse capítulo contém cenas de violência, que podem não ser apropriadas para todos os públicos.

   Um punhado de permutações. Uma aposta maluca. Um exercício de probabilidades.

Foi contra isso que se depararam.

O Liberty vai queimar, em breve. Há Extraordinários lá fora; os policiais não podem estar muito longe. Eles são capazes de lutar - são o suficiente, os três, para segurar a multidão. Mas por quanto tempo? E como isso vai terminar?

Taehyung gostaria que as mortes parassem. Isso não começou com o Escaravelho - não. Começou do gelo, tempos atrás. No gelo: frio, frio, frio correndo em seus pulmões, congelando seu sangue, parando seu coração.

Quando ele morreu pela primeira vez.

Tudo ocorrendo desde aquele ponto é um efeito borboleta. Um punhado de permutações, com um filtro configurado para tirar dali o mais improvável; o mais extremo possível, empecilhos capazes de mudar o mundo.

Ele está pensando sobre isso agora.

Agora, no finalzinho de tudo, no mais estreito dos cantos para ser encurralado.

Kim está fazendo um mapa disso, em sua cabeça. Um traçar relâmpago das escolhas feitas, desvios tomados, pessoas conhecidas.

As escolhas que o trouxeram - os trouxeram - aqui.

-E agora? - Jimin pergunta.

Estão no banheiro do hotel, observando a banheira encher. Taehung está sentado na beirada novamente, como fez anos atrás, num banheiro menor e menos cafona, num prédio da universidade. Não há gelo dessa vez, mas tudo bem. Extraordinários Elementares existem às dúzias. Ele consegue fazer a água congelar ou ferver numa questão de milissegundos.

-Tae, você não pode ficar apagado. É o único aqui com um plano. E agora?

Certo - o plano.

-O plano - Kim diz, depois de engolir em seco - É entrar no Lugar Profundo, e arrastar o Escaravelho para fora. Prender a consciência dele num corpo de verdade. Torná-lo humano de novo.

Park inala, ríspido.

-E então?

-E então nós o matamos. - Diz isso de forma desapegada. Não olha nem para Yoongi nem para Jimin ao que fala. Consegue sentir os pares de olhos sobe si. Ouvir os pensamentos deles, quase, perguntando-se se os anos forjaram mudanças tão pesadas e tão surpreendentes que não há como voltar. Ele sorri, encarando o próprio colo.

Min pergunta, num com controlado:

-E como nós vamos fazer isso? Arrastá-lo pra fora, prender a consciência dele em algum lugar?

-Vocês não - Taehyung diz, trêmulo - Eu. Eu andei vasculhando o Lugar Profundo por mais tempo. Fui eu quem o tirou do próprio corpo, em primeiro lugar. Vou conseguir chegar até ele mais rápido. - diz, pegando uma seringa - Isso vai me ajudar a ir ainda mais fundo.

-Por que você precisa disso? - o mais velho pressiona com um olhar inquisidor afiado - Você tem imergido e voltado e voltado regularmente. Me disse até que está achando difícil ficar aqui.

Kim volta o sorriso para o outro.

-Hyung - diz -Você não confia em mim, não acredita que estou te dizendo a verdade?

Os olhos de Yoongi estão em chamas. Ele engole em seco rapidamente, tentando formular uma resposta para a qual Taehyung não liga. Não, não é nem ao menos ressentimento; ele realmente não liga para a sinceridade na resposta de Min agora. Kim sabe que não tem dado nenhuma razão para confiarem nele. Não tem dado-os nada exceto dor e terror e confusão, andando por caminhos tão complicados e então pedindo-os para que o sigam às cegas. Ele é o Starling, o Ghost, o observador nas sombras. Bem diferente do garoto que costumavam conhecer.

MurmurationOnde histórias criam vida. Descubra agora