Mariana.A agência já tinha me passado o endereço do local onde encontraria a empresária que buscava por uma modelo.
Já a conhecia. Bianca Andrade, uma das maiores influenciadoras do Brasil, e agora, empresária.
Não tinha certeza sobre que ela faria na França, mas a oportunidade era grande. Aceitei a proposta, se eu passasse, seria uma grande alegria.
Constantemente eu imergia nas razões a nas consequências de cada curva que minha vida dobrou. O quão turbulento algumas ocasiões poderiam ser, mesmo que a princípio pareça inofensivo.
Ha um tempo, tive o desprazer de me relacionar com uma pessoa que sufocava minha saúde mental. Cada vez que eu precisava olhar em seu rosto, eu matava uma borboleta que vivia em meu estômago, asfixiada. Me perguntava o porquê eu não conseguia desprender-me das garras que fincavam no meu peito toda vez que eu lembrava das palavras de que eu seria insuficiente.
Insuficiente de lucidez, pelo visto.
Aprendi que o amor pertence ao desejo, e ele é cruel. Visitei a família, fazia tempo que eu não via. E o tempo que passou, eu vi que eu só me enganava.
Então, decidi me ressignificar, iria atrás daquilo que eu acreditava ter vocação. Me agenciei, entre um trabalho aqui e outro ali, acompanhei o sabor agridoce da vida penetrar, aos poucos, nas minhas veias novamente. Acabei trabalhando em excesso, a meta era me tornar uma modelo de sucesso.
Mas o meu progresso foi vê-lo ir embora, pois eu dizia que pra ele eu não tinha tempo agora. Não fiquei mal. Fazia tempo em que não me sentia assim, queria saber agora, o que a vida reservava pra mim. Recebi a proposta de ir me arriscar na França, não pensei duas vezes. Eu sabia que, caso eu viesse a fraquejar, teria um lar e um colo para voltar e repousar.
Eu fui.
Aqui estou.Eu não desacreditei do amor. Eu acredito em tudo aquilo que por longos meses cultivei. Seria cruel e hipócrita eu dizer que desacredito daquele misto de sensações e desejos que pulsava no peito. E sim, eu acredito que eu não tenha achado a pessoa que pegaria o meu coração e cultivaria todo o sentimentalismo que nascera dali, junto comigo, como se fosse seu.
A diferença é que, agora, não me esforçaria para procurar, consigo cuidar de mim e dos meus desejos sem que outra pessoa precise me auxiliar. Também aprendi onde não devo errar de novo. E ao menor sinal de abuso, foge.
Meus primeiros trabalhos no continente europeu foram bastante promissores, mas, como a maioria já possa fazer ideia, ser modelo é, muitas vezes, viver de cachê. Não temos salário fixo todos os meses, não temos garantia que no próximo mês teremos como manter as contas em dia. Por isso, eu vivia poupando o resultado monetário dos meus esforços, e me esforçando cada vez mais.
Me esforçando para manter o corpo, a saude e a sanidade. Consultava agência diariamente para que eles não esquecessem de mim.E eles não esqueceram. Lembraram que eu era brasileira e que talvez, a campanha da Bia fosse um respiro para alguém que nunca mais havia conversado português pessoalmente desde que chegará.
Eles deduziram que, talvez eu precisasse dessa pequena aproximação, para que eu pudesse recarregar as energias e relembrar de quem eu era e de onde eu vim.Bianca, como eu já conhecia, trazia em seus trejeitos o típico gingado brasileiro, ela sempre me pareceu enérgica e destemida, o brasileiro não desiste nunca, e ela era assim. De todas as rasteiras que deram nela, todos os cancelamentos que já a julgaram, condenaram e massacraram, ela voltava, e ensinava a cada um, aos poucos, que pra derruba-la, era preciso o mínimo da garra que ela dispunha. E cada vez que a derrubavam, ela voltava maior.
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Um café ou dois?
Romance"Uma vez li uma frase de escritor norte-americano, Ernest, nesta frase o autor dizia que só existia dois lugares no mundo em que podemos ser felizes: em casa e em Paris. E que Paris é uma festa móvel. Depois de um imenso bloqueio criativo, precisav...