SIX.

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Bianca.

Não tinha como não escolher a Mariana. Ela me ganhou quando chegou, num súbito, tão de repente que eu tive que processar, por um milésimo de segundo, quem eu estava esperando. E falou um "oi".

Esse cumprimento fez-me sentir, do nada, em casa.

Preciso dizer que, ganhar o mundo, ou o que quer que defina sair de casa para realizar sonhos, é de fato, muito bom. Mas como eu já me referi antes, quando a noite cai, estou sozinha. Eu e todas as minhas lutas, os meus demônios e meus anseios.

Para chegar onde eu cheguei, muitas vezes precisei pisar em ovos, mas nem sempre foi suficiente. Sofri punições em palavras duras e severas, uma onda de opiniões negativas que fizeram me questionar diversas vezes sobre quem eu era, e o que eu estava fazendo. Todos os julgamentos feitos de tudo aquilo que eu não fiz, e nem falei. Mas, eu levantava todas as manhãs como quem nasce de novo. Encarei cada novo dia como um nascimento, pra tentar amar, lutar e viver tudo do 0. Se vai dar certo? Deixa o tempo dizer.

Ao deitar a cabeça no travesseiro, transformo toda a turbulência que, eventualmente eu vivo,  em monstros, e os mando para debaixo da cama. Muitas vezes eu tive medo de dormir sozinha.

Enfim, ter uma marca, vender meus produtos, receber um elogio carrega significados complexos. Já me questionei se merecia. E eu mereço.

Tive que aprender a me compreender, conhecer quem eu era, de onde eu vim e para onde eu queria ir. Só assim poderia ser possível traçar um perfil e uma rota. Como um plano de marketing.

Quando Mariana chegou, com um sotaque carregado da Bahia, me fez pensar que, talvez, e só talvez, ela era a linha tênue de dois extremos. Eu gosto de extremidade. Me vi no lá, onde tudo começou, e no cá, onde eu queria estar, ao mesmo tempo.

A autorizei. Iríamos trabalhar juntas. Vai ser uma grande oportunidade pra ela, não tenho dúvidas. E para mim, também.

— Mariana? - não esperei ela falar.

— Bia? Oi, senhorita. Está tudo bem? -perecia desconfiada.

— Desculpe te ligar mais cedo. Eu gostaria de saber, antes de discutirmos sobre as fotos de teste, se você poderia sair comigo, hm, para me apresentar algumas lojas? Assim, você poderá escolher seu figurino comigo. -cocei a cabeça em vergonha, afinal, conheci ela há dois dias. — Você está ocupada?

— Não, Bianca. Claro que eu posso. Estou disponível. Você tem preferência de loja?

— Não, Mari. Pode me levar em qualquer lugar, preciso comprar algumas coisas pessoais também. De repente, se desse tempo, poderia aproveitar a oportunidade.

— Bia, podemos ir na rue de Rivoli, fica do seu lado do Sena. É até que perto do 16º arr. Tem umas lojas de departamento. Mas caso queira algo de grife, tem aos arredores. Já que você é classuda, toda empresária. - Mariana riu solto. Abusada?

— Tudo bem, Mari. Nesse caso, se você quiser me encontrar aqui em casa, para você, tudo bem? Queria aprender a usar transporte aqui também.

— Tudo bem, Bia. Me passe o seu endereço por mensagem. Até daqui a pouco. - e desligou.

Passei meu endereço, enquanto aguardava, me arrumei rapidamente. Mas não rápido o suficiente para não impressionar. Gostei quando Marina disse que eu aparentava ser empresária. Gostava que me vissem assim. Por alguma razão que eu ainda não explorei as causas.

Já estava arrumada e a modelo não havia chagado. Eu não tinha aprendido a distância dos pontos dessa cidade ainda, mas sabia que não era tão perto. Demoraria mesmo, então matei o tempo respondendo alguns seguidores no Twitter.

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