TREIZE.

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Mari.

Me perdi nos dias desde quando Bianca chegou. Eu dedicava uma atenção à ela da qual não era necessário com nenhuma outra amiga. Não que eu tivesse muitas por aqui, porém, cada uma tinha uma obrigação, e outro amigos.

Eu sentia, de alguma maneira, que eu deveria estar perto de Bianca. Talvez, porquê eu goste.

Porém, percebi que haveria se passado alguns dias desde a eventualidade fatídica que foi a balada que propus que fôssemos. Não vou dizer que não foi legal, porque foi. Principalmente quando começou, por razões que eu já desconfiava, o funk. Eu me senti totalmente em casa com as batidas típicas do meu país, que há tempos eu não ouvia tão alto e em bom som.

Eu também estava envolvida no álcool. Percebi isso quando tentei, por alguma razão, me aproximar de Bianca ao som de Selena Gomez. Porém, isso não é algo que eu faria sóbria. Fiquei receosa ao perceber que o álcool e a ausência de Gabriela — que fora buscar bebida, me deixava desinibida a ponto de colocar muita coisa a perder, simplesmente com uma aproximação arriscada.

Até que Gabriela chegou.

Bianca ao meu lado já encontrava-se alterada devida a bebida que ingeríamos incansavelmente. O combustível daquela noite, para nossa sanidade — ou a falta dela, era, de fato, o álcool. No entanto, ao começar o funk percebi que a patroa se transformou. Não tinha como comparar a mulher que estava diante dos meus olhos, com a mesma mulher que estava comigo na porta do evento antes de entrar nele.

A morena mudou de postura de maneira fugaz. Mesmo que estivesse dando indícios de que estaria alterada, ela não deixava a Bianca que eu conhecia, escapar.

Porém, essa não era mais a Bianca.

Essa mulher era intensa, exorbitante e perigosa. Sua postura era segura, de repente, ela pareceu dominadora. Podia facilmente fazer o mundo se curvar perante o seu caminhar. Ela estava sublime, fiquei em transe observando seus movimentos que mesmo alcoolizados, eram seguros. Era elevada perfeição de cada movimento do seu corpo, com relevância em seu quadril, que pareciam se deslocar do corpo como uma peça solta.

Eu acho que eu acabei de conhecer a Jenyfer. E ela era soberanamente perfeita.

Jenyfer se apresentou pra mim assim: movimentando sua cintura de um lado para o outro. Tão de repente que eu não pude nem acompanhar. Chegou na sua, até que se revelou, ela não deixava escapar os olhares de ninguém. Jenyfer é mística e se comporta como um imã àqueles que passam de modo descuidadoso pelo seu caminho.

No entanto, me deixou, pela primeira vez, com um tesão fodido.

Eu preciso ser sincera. Eu sou uma mulher que trabalha com a imagem, com o mundo da internet, com a veiculação dessa imagem, eventos e afins. Seria no mínimo, inusitado se eu dissesse que não saberia quem era a Boca Rosa, até porque, quando sai do Brasil, ela já era de sucesso nacional. Então, sim, eu acompanhava algumas das polêmicas da Bianca. E seria uma verdadeira blasfêmia negar a sua beleza.

Entretanto, Bianca tinha mais do que isso. Ela era inteligente, perspicaz e acima de tudo, era leve como um pluma. Tinha o riso fácil, era difícil de se aborrecer, seu ritmo é sempre acelerado, mas nunca deixou de dispor atenção onde fosse necessário, mesmo que precisasse dividi-la em várias ao mesmo tempo.

E essas características são perceptíveis a quaisquer olhos. Mesmo daqueles que a odeiam. E talvez,  seja por isso que a odeiam.

Mas, e sempre existe um mas. Essas características não eram suficiente para decifrar ou definir a complexidade de Bianca. Muito menos seus efeitos.

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