Café Des Deux Moulins.
Mesa 7.— Sente-se, por favor, Mariana. Sinta-se a vontade para escolher suas preferências, já vou fazendo meu pedido, tudo bem? Aguardei muito a sua chegada.
— Me desculpe, senhorita. Você mudou o local de última hora, não estava preparada para essa mudança. - disse encolhendo os ombros.- E tudo bem, pode pedir. Pedirei o meu daqui a pouco.
Sendo assim, realizei meu pedido. Eu não sentia muita segurança na Mariana. Ela parecia estar nervosa, embora minha postura seja rígida em momentos que exigiam meu profissionalismo, eu não gostaria daquele nervosismo pairando no ar. Era perceptível a maneira que o corpo de Mariana se comportava, ele faltava gritar que seu interior sentia-se desconfortável, mesmo sem ela precisar abrir a boca. Eu precisava quebrar aquele gelo.
— Então, Mariana. Eu estava esperando uma modelo francesa. - senti ela levantando o olhar para mim e fechado o cardápio.
— Isso é ruim, senhorita? - indagou ainda nervosa, talvez eu não tenha quebrado o gelo de maneira adequada. Seguiremos..
— Não, jamais. Na verdade foi uma grande surpresa, alguém para falar minha língua. Não sou muito boa no inglês, sabe? Pior ainda no francês - lamentei, tinha muita insegurança com minha pronúncia e minhas colocações verbais no inglês. - você faz o que por aqui, Mariana? Como chegou até aqui?
— Entendo, senhorita. Também já tive muita insegurança com os idiomas. Mas fiz aulas de francês aqui e o contatos com os nativos me auxiliou. A construção da língua francesa se parece com o português, não foi tão difícil. - ela parecia se orgulhar da conquista, imagino mesmo o quão difícil tenha sido para se adaptar, pois, estou passando por isso. - eu vim a trabalho uma vez, acabei ficando. Eu sou modelo mesmo, mas nem sempre é fácil.
— Entendo, Mariana. Vou começar minhas aulas em breve. Bom, te chamei aqui para uma conversa casual, manter uma relação um pouco íntima, até porque estou nessa fase tendo que resolver de perto tudo sozinha. Avaliarei suas fotos, você trouxe algum portfólio?
— Entendo, senhorita. Caso me escolha, estarei a disposição pra ajudar-te. Eu trouxe sim, claro. -a frase foi dita enquanto ela tirava seu álbum da mochila e me entregava.
Enquanto o garçom trouxe meu pedido, colheu o pedido de Mariana. Aproveitei para focar minha concentração nas fotos da modelo, sabia o perfil que eu queria, precisaria ver se ela se encaixava. Optei por trabalhar, inicialmente, com uma só modelo, e com o tempo acrescentaria outras até a campanha toda estar devidamente concluída.
Um pouco de lentidão na execução da campanha faria eu ganhar tempo e confiança enquanto as pesquisas e os contratos se desenrolavam.
Pelas fotos, Mariana parecia ter uma boa desenvoltura, era expressiva, seu corpo longilíneo desenhavam curvas dos pés a cabeça, me traziam a sensações das marolas da praia de Copacabana em fim de tarde. Seus membros eram longos, algumas fotos Mariana esticava os braços e o movimento poderia ser descrito como leve e sútil. Mariana nem parecia respirar, nenhuma de suas poses, sequer denunciavam esforço para manter-se na postura.
As fotos que enquadravam seu rosto, a maneira que Mariana sorria e tocava a bochecha, a cabeça... exalava delicadeza, as feições pareciam simplesmente naturais, os olhos fechavam como se aspirasse agradáveis aromas. Mariana era graciosa demais.
Eu gostava da delicadeza. A postura da modelo, em todas as fotos, se apresentava de modo cortês. Eu gostei do perfil dela.
— Mariana, você realmente leva jeito. Gostei do seu perfil. Gostei das fotos. Você gostaria do trabalho? Seria para uma campanha de maquiagem. Não sei se minha assessoria chegou a te passar o formulário. Mas não é nada que exija muito de você. O tempo de veiculação da sua imagem ainda será decidido conforme a campanha caminhar, mas acredito que não seja por poucos meses. -fui falando atentamente para que ela pudesse absorver as informações.
— Fico feliz que tenha gostado, senhorita. Eu realmente tenho disponibilidade e interesse, seria um prazer. Gosto do meu trabalho e de ser útil. - e ela sorriu, dessa vez com a postura descansada.
— Tudo bem, Mariana. Eu acho que eu realmente não preciso mais marcar com nenhuma outra modelo por agora. Podemos trocar telefone e manteremos contato. Você mora por aqui?
— Sim, senhorita. Moro em Rive Gauche, no 15.º arrondissement.
— Entendi. Estou ficando em Rive Droite, 16.º arrondissement. Não é tão longe. Até porque, você mora do lado do rio onde está a Torre. Pretendo fazer alguns ensaios aos arredores da Torre. Outra coisa, Mariana, alguns ensaios faremos juntas, já que a marca cresceu perante a minha imagem.
— Sem problemas, senhorita.
— Mariana, já que iremos trabalhar juntas por esses meses, poderia se referir a mim somente como Bianca? Ou Bia, como preferir.
— Me chame de Mari, Bia. Às vezes levo muito tempo para processar quem é Mariana. - riu nasalado.
A presença de Mariana era agradável, tive uma surpresa quando vi que a modelo era brasileira. Isso me fez sentir um pouco de saudade de casa, da interação e da liberdade de simplesmente dialogar na língua materna, sem que essa insegurança rondasse meus pensamentos. Gostei da companhia da morena, além de que ela tem um rosto perfeito para a minha campanha. Não tinha, absolutamente nada fora do lugar. Nada que eu mudasse na fisionomia dela.
— Nos vemos daqui a dois dias, Mari. -estendi a mão em um cumprimento de despedida.
🚀
Desculpem-me a demora, galere.
Estou um pouco insegura quanto a essa história, minhas expectativas eram altas, mas enfim, seguiremos conforme apareça disponibilidade.
Eu espero que vocês tenham gostado desse cap e da história.
Obrigada. 👄♥️.
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Um café ou dois?
Romance"Uma vez li uma frase de escritor norte-americano, Ernest, nesta frase o autor dizia que só existia dois lugares no mundo em que podemos ser felizes: em casa e em Paris. E que Paris é uma festa móvel. Depois de um imenso bloqueio criativo, precisav...