NEUF.

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Minha marca havia estagnado em um patamar onde, nacionalmente, meus produtos já eram conhecidos pelo meu público. Porém, sentia cada vez mais a necessidade de alavancar meu potencial profissional através da minha dos meus produtos. Sentia a necessidade de inovar aquilo que eu já oferecia para o público.

Grandes marcas se arriscaram na inovação. Mesmo que não seja uma inovação universal, mas, ao menos naquilo que você já tem por costume em meio ao que você faz. Seja no seu serviço, no seu produto ou nos dois.

Coco Chanel, foi pioneira por se arriscar, por ter uma visão além do seu tempo, por sair da curva e simplesmente tentar.

Procuro sempre estar, eventualmente, bebendo de fontes que me inspiram, e que inspirem o mundo. E era isso que eu sempre fazia. Eu estudava, eu arriscava e eu tentava tudo que eu podia.

Estou agora, na casa cenário alugada para os testes do ensaio de hoje. Passei a semana toda enfiada em casa com a minha equipe em ligações, para que pudéssemos escolher o fotógrafo, o cenário e tudo que fosse necessário para construir as fotos de acordo com a proposta da minha nova coleção. E cá estamos nós, eu e o fotógrafo.

Mariana havia avisado que já estaria chegando.

Eu trouxe comigo as maquiagens - que no momento são, ainda, protótipos em confecção, para maquiar a modelo.

Na casa escolhida, a princípio, seria usado apenas um cômodo: a sala. Nela havia uma parede inteiramente coberta de prateleiras com livros, era bem grande, e por isso tinha uma escada, como aquelas de filme, simples, de madeira que corria por toda a parede. O conceito da coleção exigia um local decorado com um luxo erudito específico, que não fosse muito ultrapassado, nem moderno demais. Na discussão da interiorização do ambiente com a proposta que havia sendo debatida já há longos meses, assim como os figurinos, tudo tinha que conversar de alguma forma.

Optei por fazer as fotos testes aqui, nessa região específica da casa, assim que for aprovada pela equipe de Marketing da Payot, iríamos refazer e/ou ampliar as imagens para o resto da casa, e eu faria fotos junto.

Enquanto o fotógrafo ajustava as luzes que tinha trazido, eu arrumava a área onde maquiaria a Mariana. Nesse meio tempo, a modelo já havia chegado e estava vestindo o figurino.

— Caraca, Mari! — deslumbrei, mal sabia explicar a satisfação por ter ficado simplesmente perfeito o figurino em Mariana, como eu havia pensado. — você está PERFEITA, tem noção? — eu sorria enquanto pegava em uma das mãos da modelo fazendo-a girar em seu próprio eixo.

— Bianca, assim você me deixa com vergonha. Gostou mesmo? — Mariana ria com a outra mão no rosto, escondendo a timidez que causei.

O figurino de Mariana era ousado, porém, não vulgar. O intuito não era sexualizar a modelo, até porque seu corpo mal apareceria, mas tinha por intuito, fortalecer o estereótipo sensual, tal como a arte burlesca. Portanto, seu vestido tinha o comprimento um pouco acima do joelho. Era feita de pequenas pedrarias douradas que cobriam toda a extensão do vestido. Na parte da frente, havia uma pequena fenda na barra. O busto era decotado, mas um decote não muito grande, porém, por ser de alça, deixava o colo e os seios com bastante área descoberta. A equipe combinou com Mariana de não dispor de grandes acessórios, no máximo um pequeno e dourado colar, que tivesse altura um pouco abaixo do pescoço. As unhas deveriam ser curtas e sem esmalte de cor. Nos pés, um salto nude, não muito alto, embora ele não vá aparecer. A atenção deveria ser toda no rosto, e consequentemente, na maquiagem. O resto era somente contextualização.

Devo explicar que o meu insight para a criação de o conceito, surgiu por diversas fontes que me fizeram contextualizar um protótipo na minha cabeça. No entanto, eu usaria de inspirações o erudito francês e a sensualidade da arte burlesca. Mas não significaria a arte burlesca muito menos o erudito francês. Mas sim, uma mistura e um reforço dos esteriótipos mais marcantes das áreas que peguei de inspiração.

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