180 days | Joah

Começos e recomeços

As manhas quentes de verão em Nova Iorque, era a única coisa em que fazia Noah levantar da cama.

O garoto normalmente sentiria vontade de aproveitar aquele dia de sol e o clima maravilhoso de verão daquela cidade. Mas sinceramente, aquele não era seu dia, nem sua semana, muito menos seu mês. Ele levantou-se da cama em segundos, logo foi se arrumar e então, seguiu sua rotina diária. Tomou um longo banho e desceu para o café da manhã. Que por sinal, só conseguiu tomar um único copo de suco.

Noah andava tão desanimado nós últimos dias, que não tinha vontade de fazer mais nada que não fosse dormir ou ficar horas deitado em sua cama. Ele até mesmo perdeu a vontade de fazer suas coisas favoritas. O garoto não tinha mais ânimo pra nada e a única coisa em que estava disposto a fazer era tentar tirar o tal garoto de cabelos enrolados de sua mente.

Mas isso é impossível quando está apaixonado.

E Schnapp estava tão apaixonado que deixou aquele sentimento lhe dominar. Ele sentia falta de Grazer. Sentia falta dos momentos maravilhosos que vivia com o garoto, da maneira como ele o fazia se sentir, das risadas, conversas, provocações, de tudo. Mas não queria ve-lo em sua frente de nenhuma maneira. Sentia vergonha e medo da reação, evitava esbarrar com o moreno pelos corredores da escola e até faltou duas aulas que tinha com o mesmo, apenas para não ve-lo. Mas Millie, não estava gostando nem um pouco daquilo. Ela odiava ver seu melhor amigo triste e desanimado, ainda mais por conta de outra pessoa. Noah sempre foi um garoto feliz, animado e com um sorriso no rosto a maioria das vezes, e para a morena, Jack não era um bom motivo para deixa-lo deprimido. E por mais que Brown quisesse fazer algo pra mudar isso, sabia que não tinha como. Isso dependia de Noah e somente dele.

— Noah. – ela o chamou, fazendo o garoto se despertar de seus pensamentos. Ele olhou para a amiga, com sua nova expressão cabisbaixa e sem graça. Tão sem graça que Millie pensou duas vezes antes de falar. — Hoje você tem aula com... com você sabe quem?

— Millie, eu to bem. – mentiu, apenas porque não queria falar sobre aquilo. — Você não precisa...

— Não, você vai me deixar falar. – ela ordenou. Respirou fundo e então falou tudo o que queria, sem exceções. — Poxa, eu não aguento mais te ver assim. É uma droga, sabia? Te ver triste ao ponto de não querer comer, é uma droga. E isso é sério, você não pode mais ficar assim. – exclamou. – Eu sei o quanto é difícil ser rejeitado, mas você precisa aprender a lidar com isso, se não, essa dor pode lhe consumir e não vai ser bonito. As coisas não acontecem do jeito que queremos e sei o quanto é decepcionante, de verdade. Mas se não fosse agora, seria uma hora ou outra, você iria se magoar do mesmo jeito, porque é assim que a vida funciona, Noah.

Schnapp ainda encarava a amiga, com os olhos cheios de lágrimas e raciocinando tudo que acabara de ouvir. Millie tinha razão e Noah sabia disso. Ele sabia que essa dor estava o consumindo aos poucos e que iria se tornar cada vez pior e ele precisava para-la antes que fosse tarde demais.

Noah hesitou. Ele tinha muito o que pensar, muito o que falar e também, muito o que ouvir. Mas não fez nada. Não queria. Não naquele momento.

— Obrigada, mills. – foi tudo o que conseguiu dizer e para a garota sentada a sua frente, foi o bastante.

A morena levantou para abraça-lo, num gesto de carinho. Aquele abraço que não precisa de palavras, porque ele significa tudo. Significa "vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você." e foi exatamente isso o que Millie quis dizer. E o garoto entendeu. Ele sabia que sua melhor amiga estaria ao seu lado independente de tudo, porque apesar do pouco tempo de amizade, ele achou em Millie, o que procurava a vida toda.

Enquanto Noah havia finalmente encontrado o que sempre quis, Jack havia perdido.

O garoto estava deitado em sua cama, pensando em todas as coisas que aconteceram em sua vida e chegou a conclusão que, nasceu para viver sozinho. Apenas ele e seus pensamentos depressivos. Afinal, todo mundo que chega em sua vida, ele afasta de alguma forma. Até mesmo as pessoas que costumavam estar com ele, não estão mais.