Uma Hora, Tudo Acaba

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     — Filha, precisamos conversar. — diz com um semblante sério.
     — O que houve? — endireito a minha postura.
     — Desculpe por ontem, okay? Eu não tinha a intenção de gritar com você. Aconteceu tanta coisa, filha. — vejo uma lágrima solitária escapar pelo seu olho, fazendo-me sentir um aperto no peito.
     — Pai...
     — Espera, — respira fundo. — neste momento, o que eu mais preciso é do seu apoio. Por favor.
     — Claro, com certeza. Afinal de contas, você é meu pai! — abraçamo-nos. — Vai me contar o que aconteceu ontem?
     — Antes disso, — novamente, faz uma pausa e engole em seco. — preciso que faça suas malas.
    Quietude. De olhos arregalados e boquiaberta, estou encarando o mais velho à minha frente.
     — O qu...m-mas...você e a Mandy...eu... — balbucio palavras desconexas. — Eu não entendi.
     — Filha, nós vamos voltar ao Brasil.
     — Como assim??? — desvio do seu toque. — Pai, é brincadeira, não é?
     — Izz-
     — NÃO! Você tá doido? — levanto-me da cama e começo a andar de um lado para o outro. — A gente chegou aqui não faz nem 6 meses! O que você fez?
     — Filha, escut-
     — PAI! O que você fez? — interrompo-o bruscamente. Ouço este suspirar.
     — Eu traí ela. — responde, sem olhar nos meus olhos.
     — Você...o quê? — atônita é a situação em que me encontro. — C-como você pôde? A MANDY NÃO MERECIA ISSO!!
     — Eu sei que não.
     — Ah, você sabe? Então por que fez isso? Qual é o seu problema? Você não só arruinou a vida dela, como acabou de arruinar a minha também! Você é u-
     — CHEGA! — vocifera, assustando-me. — Você, querendo ou não, vai fazer as malas e voltar para o Brasil comigo. Hoje à noite partiremos.
     — H-hoje à noite? — sinto meus olhos lacrimejarem.
     — Não quero discutir sobre isso. — encerra a conversa e sai do meu quarto, deixando-me só.
    Agacho-me no chão do meu quarto e começo a chorar desesperadamente. Isso só pode ser um pesadelo. Eu não posso me mudar daqui, não posso! O destino só pode estar de brincadeira com a minha cara.
    Não sei há quanto tempo estou chorando, bem, tempo o suficiente para estar com os olhos vermelhos e inchados. Pego meu celular que estava no criado-mudo e desbloqueio-o. Imediatamente, encontro uma mensagem do Cole que está escrito "encontre-me no meu carro daqui 5 minutos". Rapidamente, vou ao banheiro a fim de lavar o rosto e tentar melhorar a minha situação. Saio do mesmo e sigo até o carro do Cole, ainda com os olhos vermelhos.
     — Ei. — digo fraco assim que fecho a porta do automóvel.
     — Vamos sair daqui. — fala, olhando fixamente para frente.

{...}
    O caminho todo foi um silêncio tenso. Nenhum de nós dois ousou dizer uma palavra sequer. Neste exato momento, estamos perto do penhasco, mas sem sair do carro. Nem parece que ontem, neste mesmo lugar, estávamos felizes e fazendo amor. Agora, estamos calados e com um clima pesado entre nós. Encaro o anel, o qual eu ganhei ontem, em meu dedo e mordo meu lábio inferior.
     — Cole-
     — Eu não sei o que fazer. — encosta a testa no volante e aperta fortemente seus dedos em volta do mesmo.
    Vê-lo assim, tão vulnerável, faz meu peito doer.
     — Não tem o que fazer. Acabou, Cole. — nunca pensei que dizer uma frase doeria tanto. — Vamos voltar a ter a nossa rotina de 5 meses atrás.
     — Não, de jeito nenhum! — contradiz. — Vamos fugir, eu e você.
     — Quê? Tá zoando, né?
     — To falando sério, Iz.
     — Oh, sim, Cole. Vamos fugir daqui e viver juntos mesmo que nenhum de nós tenha terminado o colegial. Claramente, isso vai dar certo. — ironizo.
     — Você quer que eu diga o que? "Tchau, Iz. Vá com Deus."? — não respondo nada. — Que porra.
— Deveríamos estar aproveitando o resto de tempo que temos ao invés de discutir um com o outro.
— Você não vai para lá. — sai do carro e eu faço o mesmo.
— COMO, COLE? Ele é meu pai, droga. Tem total autoridade sobre mim! — sinto-me extremamente cansada com tudo isso.
— EU NÃO SEI, TÁ LEGAL? — esbraveja.
— Gritar comigo não vai adiantar nada. — falo e caminho um pouco, ficando no mesmo lugar que estive, no dia anterior, quando ele me entregou o anel.
— Desculpa. — pronuncia baixo, puxando-me para um abraço apertado. — Eu não quero te perder, Iz. Você é meu ponto fraco.
— Eu também não quero. — desabo nele. É isso? Realmente, tudo que é bom dura pouco.
— Te amo. — sussurra. — Te amo mais que tudo nessa vida.
    Eu ergo o meu olhar para encará-lo. Seus olhos cinzas estão mais escuros do que o normal e ele está chorando. Sinto como se não houvesse mais chão.
     — Não chora, por favor. — imploro. Ele encosta sua testa na minha e fecha os olhos. — Eu te amo incondicionalmente.
     — Izzy. — ele volta a abrir os olhos e encara os meus profundamente. — Você foi a melhor coisa que já me aconteceu.

{ No aeroporto }
     — Vê se não esquece de mim, viu? — Mel me abraça fortemente.
     — Pode deixar. — sorrio fraco.
     — Também quero abraço. — Sam vem correndo em nossa direção e se enfia no abraço. — Não acredito que você vai nos deixar mesmo.
     — Não vamos perder contato! Mandarei mensagem todos os dias para vocês, espero receber de volta. — brinco. — Amo vocês, meninas. São as melhores amigas que alguém poderia ter.
     — Sentiremos sua falta. — Louis fala, fazendo-me sair do abraço das minhas amigas.
     — Também sentirei de todos vocês. — abraço cada um. Todos estão aqui para se despedirem de mim, exceto Cole.
     — Ele não vem? — Sam questiona ao Tom.
     — Acho que não... — responde enquanto tenta ligar para o amigo. — Sinto muito, Iz.
     — Tudo bem. — forço um sorriso.
     — Filha, vamos. Já está na hora. — papai me chama.
    Dou uma última olhada em minha volta, à procura dele. Solto o ar dos meus pulmões, desistindo. Caminho juntamente com o meu pai e, antes de me afastar completamente, aceno pela última vez para os meus amigos.
     — Senhores passageiros, coloquem os cintos, o avião já irá decolar... — a aeromoça diz todas as instruções antes de decolarmos.
    Encosto a minha cabeça no assento e fecho meu olhos, tentando relaxar. De fato, o meu "conto de fadas" acabou.

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Gente, obrigada por lerem até aqui! Escrever esta história foi incrível e eu espero, do fundo do meu coração, que vocês tenham gostado dela. Minha paixão pela escrita cresceu mais ainda e pretendo ir mais longe a cada dia. Vejo vocês na próxima história!
Ps: Comentem o que acharam desta história, vou amar ler cada um.

Quem me dera fosse só um "irmão"Onde histórias criam vida. Descubra agora