Sem sentimentos

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— ENTÃO POR QUE NÃO ME CONTOU QUE TAVA COM A ASHLEY ONTEM, EM? — grito, já de saco cheio com a situação.
Cole me olha com os olhos arregalados, provavelmente surpreso por eu saber do seu "encontro". Ficamos em silêncio por um tempo, até que ele suspira forte.
— Você queria o quê? Que eu ficasse só com você agora? — encara-me.
— Não, Cole. Eu queria que você tivesse um pouco de consideração por mim, só isso. — falo segurando o choro. — Você tinha acabado de tirar a minha virgindade, caralho.
— Desculpa. — solta outro suspiro.
Não respondo. Nós dois sabemos que eu estou certa. A porta se abre, chamando a nossa atenção.
— Perdão pela demora, tive uns problemas para resolver. — diz a enfermeira. — Deixe-me ver o seu galo.
— Vou indo, então. — Cole fala saindo.
   — Seu namorado? — pergunta-me logo após ele ter fechado a porta.
   — Não. — respondo baixinho. Ela me analisa por uns instantes.
   — Mas pelo visto, gostaria que fosse, né? — sorri amigavelmente para mim.
   — Eu não, credo. — nego, tentando não corar. — Meninos só servem para nos magoar e nos usar como se fôssemos objetos, sem se importar com os nossos sentimentos.
   — Realmente. — concorda enquanto me entrega uma bolsa de gelo. — Eles só nos valorizam depois que nos perdem, isso é fato.
  Ficamos conversando mais um pouco sobre isso.

{ Mais tarde }
— Iz! Como tá o galo? — Mel me olha preocupada na hora de ir embora.
— Não tá doendo tanto, mas tá muito inchado.
— A Ashley passou dos limites. Pelo menos ela levou detenção, bem feito.
— IZZY!! MEL!! — Sam vem correndo em nossa direção. — Como vocês estão? Fiquei sabendo da bolada, Iz...
— Eu to bem agora, relaxa.
— Se eu estivesse na educação física, juro que teria esfregado a cara daquela vaca no chão da quadra. Que garota sem noção. — bufa com raiva.
— Esquece isso, sério. Não vale a pena. — tento acalmá-la. — Falando nisso, por que não foi na avaliação?
— Eu matei aula. — ri sem vergonha. — Falei para a treinadora que tava com cólica e fui para a biblioteca dormir.
— Só você mesmo. — nós três rimos.
   — Mudando de assunto, vamos no Zappa's hoje?? — Mel pergunta.
   — Nossa, VAMOS!! — Sam concorda animada.
   — Vish, meninas...hoje eu passo. — falo desanimada. — To meio cansada...
   — Ahh, tudo bem. Deixa para a próxima, então!!
  Nos despedimos e eu caminho até o carro de Cole. Durante todo o trajeto, ninguém falou nada, foi um completo silêncio.
  Chegamos em casa e eu subo direto para o meu quarto. Preciso de um banho para espairecer. Depois de uns 30 minutos tomando banho, crio forças para sair de lá. Saio do banheiro e visto o de sempre, camisetão e uma calcinha. Minha cabeça continua latejando devido à bolada que levei, então, resolvo dormir um pouco.
  Acordo com muita fome, faz sentido pois não tinha almoçado. Olho o horário no celular e já são 17:00 horas. Desço para cozinhar algo, chegando lá, percebo que não há ninguém em casa. Que ótimo. Parece que eu sou a única que não sai de casa. Decido fazer um macarrão alho e óleo por ser uma das coisas mais fáceis. Comi, porém ainda não estou totalmente satisfeita, preciso de algum doce. Mas qual? Hmm, já sei. Brigadeiro! Com este pensamento, acabo lembrando-me do Brasil. Ah, que saudade. Pego o leite condensado e começo a fazê-lo. Termino rapidinho, pego meu brigadeiro e uma colher, vou à sala e acomodo-me no sofá. Ligo a Tv e coloco em algum filme de romance brega da Netflix.
  Está na metade do filme quando alguém abre a porta. Ignoro o ser que entra e que rapidamente senta ao meu lado.
   — Que filme é esse?
   — Gatos, Fio Dentais e Amassos. — respondo sem olhá-lo.
   — Hmm, que bosta. — ri. — E o que é isso no seu colo?
   — Brigadeiro. É um doce brasileiro. — antes mesmo de eu pensar em oferecer-lhe, ele é mais rápido, pega a colher do prato e experimenta. — Eeeei, eu não deixei você comer.
— Caraca, é muito gostoso.
— Eu sei, o meu brigadeiro é especialmente muuuito bom. — falo convencida.
— Iz. — olho para ele. — Sua boca tá suja.
— Quê? — coro. — Onde???
— Aqui. — passa o seu dedo no canto da minha boca e em seguida, beija-me.
Tento afastá-lo, porém, acabo não resistindo e correspondo ao seu beijo doce. Não quero admitir, mas o filho da mãe beija muito bem. Nos afastamos por falta de ar.
— Cole, eu não quero ficar com você. Que saco.
— Não foi isso que pareceu... — sorri de lado.
— ENFIM, não é para fazer isso de novo.
— Isso o quê? — reviro os olhos.
— Me beijar do nada, caramba!
— Izzy, nós dois sabemos que sentimos tesão um pelo outro. Por que não aproveitamos isso? — fala, chegando mais perto de mim.
— Sinto muito, mas não sou uma das suas cadelinhas.
— Não vou te tratar como elas, até porque, você é diferente. — sinto meu coração acelerar com a última frase.
— Minha resposta ainda é não.
— Qual é? A gente pode ter uma relação prazerosa, só que sem sentimentos. Apenas sexo.
— Eu não sei...
— Por quê? Você gosta de mim?
— Quê? N-não!! — okay, talvez eu goste um pouco dele, mas não estou pronta para contar-lhe isso.
— Então, não há motivos para não termos uma amizade colorida. — suspiro.
— Okay, okay. Sem sentimentos?
— Sem sentimentos!
— Portanto, não quero que você surte, como fez na festa, quando me ver beijando algum cara.
— Tá, tá bom. Já que nos resolvemos... — puxa-me para o seu colo e me beija novamente.
O clima está esquentando cada vez mais, entretanto, fomos interrompidos pelo toque de celular do Cole. Ele bufa enquanto pega o seu celular.
— Alô? Hoje? Tá, vou avisá-la, ok. Tchau.
— Quem era?
— Minha mãe. Vai ter um evento hoje de comemoração da empresa do seu pai e da minha mãe. E nós temos que ir. — suspira forte.
— Ah...que horas?
— Daqui 1 hora eles virão nos buscar. — levanto na hora.
— Vou me arrumar, então.
— E como eu fico? — fala, referindo-se à ereção dentro da calça.
— Dá seus pulos. — rio e sigo até o meu quarto.
Eu dou apenas uma enxaguada rápida no corpo e passo um hidratante corporal. Opto por um vestido de renda preto que bate no meio das minhas coxas e um salto baixo. Faço uma maquiagem básica e capricho no rímel, passo apenas um lip tint nos lábios para dar uma corzinha nos mesmos e penteio o meu cabelo, deixando-o solto. E por fim, coloco alguns acessórios. Olho para o meu galo e ele está menos pior, graças a Deus.
— IZ! Eles já chegaram, vai logo. — ouço o Cole gritar.
— TO INDOO.
Desço rápido e encontro ele na frente da porta. Este está com uma camisa social e uma calça jeans preta, uau. Nem preciso dizer que quase babei, né?
— Eu sei que to bonito. — ri se achando.
— Vai se ferrar. — passo por ele caminhando até o carro do meu pai.
— To brincando. E você tá linda. — sussurra a última parte antes de entrar no carro. Sorrio para mim mesma.
Ficaremos juntos à noite inteira, em um lugar cheio de adultos, o que pode acontecer?

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Quem me dera fosse só um "irmão"Onde histórias criam vida. Descubra agora