Uma princesa, uma arqueira, um nerd e um paladino entram numa taberna.

Capítulo VI

Passos suaves e levemente apressados ecoam pelo corredor e alguém bate a porta.
- Já vou! Responde Marco
A porta é aberta e revela uma garota bem arrumada com os braços atrás das costas e um sorriso no rosto.
- Ah é você , Star? É, eu já devia saber... Ehh então, já tem uma noção de onde quer ir primeiro?
- Uhmmm não sei... Quem sabe comer algum doce ou algo do tipo...
Ela fala isso passando a língua nos lábios.
- Perfeito, vou te mostrar a melhor raspadinha da cidade.
- Ok!! Parece ótimo.
Ela se afasta da porta, vai em direção a escada e o menino a segue. Marco usava a mesma roupa que foi almoçar
Eles saem do prédio da guilda e Marco faz sua primeira apresentação do tour pela cidade: o estábulo.
- Então, Star! Esse é aqui é o estábulo da guilda, é aqui que ficam as montarias e outros companheiros animais de grande porte dos aventureiros, mas você já deve ter visto um desses antes.
O estábulo é simples, mas organizado, limpo e bem cuidado. Nele há dois cavalos bem grandes, um bem mais velho que o outro, também tem uma égua menorzinha, um pônei mal encarado e um urso pardo se deleitando com um pote de mel.
- Wow! Um estábulo eu já vi, mas nunca com um urso.
- Kkk imaginei, relaxa é só o urso do... Como era mesmo o nome daquele druida? Enfim, não precisa se preocupar ele é mais dócil que aquele pônei ali.
-Kkk deve ser mesmo, algum desses cavalos é seu?
- Sim. Aquele veterano de guerra alí, o que parece um dálmata gigante. O nome dele é Trovão.
-Que bonito! Você costuma levar ele pras lutas?
- Na verdade isso ainda nunca aconteceu, mas quando a hora chegar eu sei que posso confiar nele. Sabia que na última batalha que ele lutou carregou seu cavalheiro inconsciente até o curandeiro? Pena que mesmo assim ele não resistiu.
-Nossa! Que cavalo inteligente!
- Pois é! Por isso que eu o comprei, mas de qualquer forma não vamos ficar enrolando aqui, ainda tenho muita coisa pra te mostrar ...
Os dois continuam andando em direção ao centro e Star tenta puxar assunto.
-Então, Marco... Você é daqui mesmo?
- Na verdade não, eu nasci em Kanqun fica a uns 80 quilômetros ao Sul - dá um dia e meio de viagem, meus pais ainda moram lá, eu escrevo pra eles quase toda semana e no final do ano eu vou visitá-los. E você Star? Como é essa outra dimensão de que você veio?
- Ahh não é tão diferente daqui, exceto que lá tudo é mais colorido e bonito, sem ofensa...
-Kkk!!!Relexa....
-Mas uma coisa que eu fiquei impressionada é com a inclusão daqui. "Monstros" trabalhando de recepcionista e faz tudo, pessoas de raças diferentes convivendo normalmente, isso tá longe da realidade de Mewni. Lá os monstros são marginalizados e desde pequena isso meio que me incomoda e depois de conhecer a realidade daqui o sonho de uma Mewni unificada parece ser mais possível.
- Wow, profundo, bem você é uma princesa, então faz sentido você pensar nessas coisas. Você tem chance de assumir o trono algum dia?
- Eu sou a única herdeira.
-Ahhh sim...
Nesse momento começaram a se ouvir barulhos de pessoas andando pra todo lado, alguns gritos de vendedores ambulantes e alguém mandando ver no alaúde.
Eles finalmente chegam no centro. Orelhas pontudas, caninos afiados, chifres, asas, caudas peludas, gente de tudo quanto é raça. Além de um comércio super variado, onde se pode achar ou encomendar toda e qualquer coisa.

Star fica entusiasmada.
-Woow!!! Caramba!!! Olha tudo isso!
Star parece maravilhada com o lugar, seus olhos não miravam para o mesmo ponto por mais de 3 segundos.
- Legal, né? Vem, vou te mostrar aquela raspadinha que eu te falei.
- Só se for agora!
Marco segura na mão da garota e leva ela pra uma contrução rústica de madeira com um letreiro mal pintado escrito: Arl Kalashnikov. Marco entra primeiro seguido por Star.

Ao pisar no estabelecimento ela tem um choque, o lugar parece uma loja de armas, com machados e lanças nas prateleiras verticais e arcos compostos e adagas nas horizontais, além de armaduras de couro reforçado em manequins improvisados, mas ao olhar melhor em volta Star também vê quatro mesas com quatro cadeiras cada uma. Além de um balcão e uma cozinha no fundo da loja.
- É esse o lugar?
- É sim, eu esqueci de te contar, mas aqui eles vendem armas também. Vem! Vamos pedir a raspadinha...
- Oh...Ok, né?!
- Mik, Como vai essa força?
Um orc um pouco mais alto que Marco e com mais de um metro de um ombro ao outro, que estava na cozinha se vira ao ouvir seu nome, revelando nariz enorme, uma cicatriz de três cortes de garra profundos no rosto. Ele usa um avental, luvas de um tecido grosso, um ushanka marrom e um tapa olho no olho direito.
- Fala aí, Marco! Quanto tempo! E trouxe a Jackie? Mudou alguma coisa no cabelo, gata?
Star fica vermelha de vergonha.
- Não, Mik! Essa é a Star, ela é nova aqui na cidade.
- Oh... Foi mal. Eu não enxergo bem coisas que estão mais longe que o alcance do meu braço. Eu costumo reconhecer as pessoas pelo olfato, se eu der uma boa cheirada nelas... Mas que mulher vai querer um orc feio como eu tão perto assim, não é mesmo?? Kkkk.
- Eu não me importo, sério, pode cheirar.
A princesa estende a mão pro orc.
- Verdade? Me sinto lisonjeado.
O orc se aproxima da mão dela, fecha o olho "bom" e cheira seu pulso devagar.
- Uhmmmm, bom cheiro, um aroma doce, parece até... cheiro de fada! Você é uma fada?
- Não que eu saiba. Respondeu Star.
- Ok ,ok !! Já deu de cheiro por hoje, Mik! Me vê duas Gulag Smirn, por favor? Uma de menta e outra de... vai querer de que, Star?
- Pode ser de menta também, não, melhor de morango. Isso de morango.
- É pra já!
Os dois se sentam em banquinhos perto do balcão. Ninguém percebe, mas uma pessoa com um manto preto com algumas manchas verdes e marrons entra no lugar sem fazer som algum. Seu rosto está oculto, mas o manto marca uma forma levemente pontiaguda na lateral da cabeça, ela se senta numa mesa perto do balcão e ali fica.