Capítulo XVIII

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- Já pode abrir os olhos Pacífica. Diz Mabel em tom de deboche.

A elfa estava abaixada protegendo o rosto com os braços.
- Ganhamos? Sabia! Bom trabalho time!
Star, com as poucas forças que lhe restam, pede ajuda a Dipper, o garoto se aproxima e usa magia de cura antes dela sequer terminar de falar.
- Gente, é melhor nós continuarmos em movimento, esse barulho todo pode ter atraído mais deles pra cá. Diz Mabel e seu irmão concorda.
- Verdade, temos que chegar o mais longe possível antes que escureça e achar um bom lugar para acampar.
Os cinco continuam a caminhada da mesma forma de antes, eles andam por 6 horas até o sol começar a se por, os cinco decidem acampar por ali. Dipper trouxe duas barracas desmontadas em sua mochila, uma para ele e Marco e outra um pouco maior para as garotas.

Marco é um cara bem cauteloso, mas mesmo assim tem dificuldade de pensar em planos B, e por isso admira que consiga.
- Você pensou em tudo mesmo hein.
- Do mesmo jeito que a sua função é nos proteger, a minha é pensar.
- Esse é meu irmão! Mas hein, nós vamos dormir em turnos?
- Bem lembrado Mabel, essa época do ano as noites duram umas 8 horas, cada um pega um turno de 2 horas e dorme 6, não é o ideal mas serve, que tal?

Todos concordam e os turnos são decididos sem discussão, Mabel pega o primeiro, Dipper o segundo, Marco o terceiro e Star o último.
Os três começam a arrumar as barracas, Pacífica e Star não tem noção de como fazer isso. Depois de prontas, Star, Dipper e Marco vão dormir enquanto Mabel fica acordada fazendo seu turno.
- Você não vai dormir, Pacífica?
- Na verdade, elfos não dormem, nós só precisamos de umas 4 horas de meditação profunda, tipo um transe, estava pensando em te fazer companhia.
Mabel fica levemente corada e abre um sorriso.
Enquanto isso na cabana dos meninos...
- E ai cara, como está você e a Jackie?
- Ahh mano, tá maravilhoso, eu tô vivendo um sonho.
- um sonho molhado ainda por cima.
- O melhor tipo e sonho! kkk. E você, tem se dado bem?
- Eu tô colocando em prática um ensinamento do Stanford, não cace borboletas, cuide do seu jardim que elas virão até você, até agora não apareceu nenhuma mas a esperança é a última que morre.
- Lúcido, de qualquer forma...
O garoto boceja e se espreguiça.
- ...é melhor a gente ir dormir, o dia foi cansativo hoje.
- tem razão, boa noite.
- Boa noite mano.
As duas meninas estavam conversando quando a arqueira ouve alguma coisa e vê e um arbusto mexer.
- Pacífica, fica atrás de mim.
A garota prepara o arco e mira na direção do barulho quando de repente um javali aparece e fixa os olhos nela.
- Vou acordar eles.
- Espera! Eu cuido dele sozinha.
Mabel guarda o arco e a flecha, se agacha e estende a mão direita na direção do bicho e a esquerda bem discretamente toca sua espada curta na bainha.
- Calma, calminha, pode vir, vem cá amiguinho.
O animal se aproxima lentamente, cheira a mão da garota e ela acaricia seu queixo, depois um cafuné até que o javali deita com as patas pra cima e ela faz carinho na barriguinha dele com as duas mãos, o animal já não representava perigo algum.
- Owwwn quem é o javali mais lindo da mamãe hein? É você! É você coisa fofa!
A garota passa o resto do turno dela conversando com a Pacífica enquanto ensina alguns truques pro seu novo animalzinho.
- Pacífica, acho que já deu minha hora, vou chamar meu irmão e eu e o Waddles vamos dormir, boa noite.
- Boa noite... amiga.
Ao ouvir aquilo Mabel hesita, nunca tinha pensado na Pacífica fosse capaz de dizer tais palavras, principalmente de uma forma que parecia ser sincera, talvez ela tenha julgado mal a menina, talvez os altos elfos não sejam tão arrogantes afinal. Ela responde com um sorriso verdadeiro e muito fofo.

O próximo turno é o doDipper. Quando a herdeira do trono de Ontlens pensa nessas palavras, a imagem dogaroto invade sua cabeça, o jeito que ele cuidoudela depois do acidente na carruagem, o jeito inteligente e confiante que elelutou com o orc, ela o considera um garoto acima da média e ocupar sua cabeça com ele é estranhamente reconfortante.

Dipper sai da barraca, se alonga e senta encostado em uma árvore, Pacífica senta ao lado dele.
- Ué você não vai entrar em transe ou sei lá o que os elfos fazem?
- Eu só preciso de umas 4 horinhas, vou fazer isso nos dois últimos turnos, enquanto isso eu só não quero ficar sozinha.
- Entendo, tudo isso deve ser meio assustador pra você né? Passar a noite numa barraca na floresta e tal.
- De fato. Eu sempre estive cercada de pessoas pra me proteger, mas isso eu acho que não mudou né?
- Pode ter certeza, nós vamos estar com você até o fim.
A elfa põe sua mão sobre a do rapaz e apoia a cabeça no ombro dele, o garoto fica corado, respira fundo e mantém a calma, Pacífica pede para Dipper contar suas melhores histórias de aventura, depois de insistir bastante o garoto aceita, ele fala sobre a missão de Lichenbury e Pacífica fica admirada, ela diz ter vontade de um dia poder se proteger sozinha mas seus pais insistem que não seria apropriado e recusam uma arma a ela.
Duas horas passam voando e ele vai acordar Marco pro próximo turno. Os dois se despedem com um boa noite. Quando Dipper já estava se preparando pra dormir a garota volta.
- Ehhh Dipper, então... É que a Mabel e a Star estão ocupando a cama toda e não tem espaço pra mim, durante o turno do Marco eu posso dormir com você?? Depois ele me acorda e como vai ser a vez da Star eu posso voltar pra outra cabana.
A garota estava claramente envergonhada. Marco, que tem um raciocínio lento pra algumas coisas, mas extremamente afiado pra outras, incentiva a ação dizendo que em seu ponto de vista não há problema. Por outro lado, Dipper fica vermelho igual um tomate, mas respira fundo e responde.
- Ok, também não vejo problema.
Os dois entram na cabana e de início eles ficam em cantos opostos do colchão, mas lentamente vão se aproximando.
- Dipper, tá com frio?
- Um pouco, porque? Tá sentindo falta do edredom de lã?
- E do travesseiro de pena de ganso também.
Os dois riem baixinho. Dipper, juntando toda a autoconfiança e coragem de seu ser, pergunta.
- Assim.. Pacífica, se você quiser a gente pode dormir de conchinha, sei lá..
- Pode ser..
O garoto passa os braços ao redor dela e eles dormem agarradinhos.
Nada de interessante acontece no turno do Marco, o tempo acaba e ele acorda a Star para assumir o posto, ao voltar pra sua cabana ele encontra os dois dormindo de conchinha, Marco fica com o coração apertado de separar os dois, o garoto pega seu saco de dormir na mochila, se ajeita do lado da barraca e dormi ali mesmo.
- Nem todo herói usa capa. Diz o paladino pra si mesmo. 

Uma princesa, uma arqueira, um nerd e um paladino entram numa taberna.Onde histórias criam vida. Descubra agora