Chaerin Manoban

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Antes, quando eu acreditava que era filha do Taeyang, achava virtuoso ter as qualidades dele.

Uma delas, a qual creio que ele me passou, mesmo sem termos nenhuma relação genética foi a persistência.

Apliquei isso em muitos momentos da minha vida até aqui, e não me desfaço dela enquanto eu sentir que ela é extremamente necessária.

Confunde-se insistência com persistência, eu entendo. Mas insistir é continuar querendo algo que sabe-se que não tem como concertar.

No entanto, persistência se iguala a constância, a perseverança, e ela aparece quando as coisas tem solução.

Eu quero recuperar parágrafos da minha história que eu não pude ler mas que mesmo assim estão no meu livro. Sei que há mistérios que preciso reconhecer, e são eles que me motivam a persistir.

O segui, e chamei os demais para vir comigo.

Taeyang ouviu nossos passos atrás de si, e como eu costumava fazer, virou sua cabeça para nos ver sobre seu ombro orgulhoso.

-Eu mandei saírem daqui!

-Não vou a lugar nenhum, e você, mais do que ninguém, me conhece o suficiente para saber disso!-afirmei.

Ele respirou fundo e jogou a cabeça para trás, buscando a paciência que lhe faltava.

-Não pode continuar abrindo a minha ferida, porque todos ao redor estão fazendo isso, e eu não aguento mais! Não pode ser o único que vai curá-la? Estou te dando a chance de fazer isso, porque se eu for embora, quem não vai querer te ver sou eu!-exclamei.

Ainda achei que ele iria ignorar minhas palavras entristecidas, pois ele continuou andando até seu refúgio. Mas, ao chegar na porta, ele me olhou como fez quando teve que me deixar na escola pela primeira vez. Parecia carregar a enorme culpa de não poder impedir que eu tenha crescido e me tornado semelhante a ele.

Ficando de lado, ele nos convidou com um simples aceno que fez com sua cabeça.

Sorri de lado, convencida de que hoje me alimentaria de esclarecimentos.

Entramos todos lá, onde o ambiente era acolhedor e calmo, e onde se ouvia a chaleira gritar que a água já estava fervendo há tempos.

Sentamos nos sofás cobertos por mantas cor canela e o observamos ir até a cozinha.

Ainda chorava vendo aquela cena, pois ele ainda segurava cada coisa com a mesma delicadeza com que penteou meus cabelos antes de me colocar para dormir, durante um bom tempo.

Magoou meu coração saber que eu não teria sido privada disso se ele não tivesse se escondido de mim, bem nesse lugar, onde eu poderia facilmente chamar de lar.

Taeyang preparou seu café e os colocou em copos, para nos servir. Em partes, sim, eu o reconhecia, pois ele nunca perguntava se nossas visitas queriam comer ou beber algo, ele simplesmente entregava as coisas em suas mãos.

E cá entre nós, esse era um sinal de modéstia que eu admirava, agora me irritava.

Se juntando a nós, bebericava aquele café forte quase sem açúcar e se recusava a nos olhar.

Queria conversar com ele a sós, mas já que a oportunidade não me foi dada no meu momento de ansiedade, iniciei ali mesmo.

-Não vai me dizer nada? Te fiz perguntas, ainda quero minhas respostas!

-Tem coisas que você não precisa saber, então, se não lhe disse nada até agora, é porque não é necessário!

-Não me trate como Lili, não sou mais criança!

Soul Criminal III : WHITEOnde histórias criam vida. Descubra agora