-Um doce pelo seu pensamento. Juliana, arrancada de seus pensamentos íntimos,olhou o rosto do rapaz em pé à sua frente e sorriu levemente. - Sinto muito - disse. - Não o vi aproximar-se. - Percebi que você estava longe. Pensava em alguém especial? - Oh! Não.Pensava na minha irmã. - Ela está feliz.Gostaria de estar no lugar dela? - Eu? - sorriu de novo. - Não - disse com firmeza. - Posso sentar-me? - Claro. Juliana conhecia Armando havia alguns anos,desde que seu pai começou a trabalhar com o doutor Morelli,de quem ele era único filho.Apesar disso, quase nunca ele lhe dera atenção.Mas cumprimentava quando o acaso os reunia no hospital onde ele estagiava em medicina. - Quer dizer que você não gostaria de casar? - continuou ele sério. - Não disse isso. Armando sorriu com uma ponta de ironia. - Eu sabia! Todas as mulheres pensam em casar.Aliás,é só no que elas pensam. É só conversar com uma garota que ela logo fala em namorar em casar, falar com os pais etc. Isso é obsessão. Juliana não respondeu.Ele ,que esperava uma reação enérgica,fixou-a curioso.Ela não deixava transparecer nenhuma emoção. - Você não vai reagir? Ela sorriu: - Reagir a quê? - Ao que eu disse sobre as mulheres. Juliana sacudiu a cabeça. - Não. Essa é sua experiência.Deve ter motivos para dizer isso. - E você, o que acha? - Sobre o quê? Armando olhou-a admirado novamente. Ela estaria se divertindo à sua custa? Mas o rosto de Juliana e seu tom ,educado. - Sobre a vontade de casar que as mulheres têm. - Por que se preocupa com isso? Você não é mulher. - Mas elas são insistentes. Ás vezes, incomodam. - Os homens também.Costumam ser mais insistentes do que as mulheres. - Estou sendo importuno? - Não disse isso. Você falou da sua experiência,e eu falei da minha.Só isso... - Você é muito bonita. Os homens devem ser muito insistentes com você. Juliana sorriu novamente. - Algumas vezes. - Você não disse o que pensava quando eu cheguei. - Por que deveria dizer? - Fiquei curioso. - Pensamentos íntimos,coisas minhas,nada que pudesse interessá-lo. - Estive observando.Vários rapazes tentaram conversar, você não lhes deu chance.Está apaixonada? - Não. Ainda não. - Isso quer dizer que é de carne e osso como os demais.Cheguei a pensar que fosse diferente. Ela sacudiu os ombros e sorriu levemente ao responder: - De onde tirou essa ideia? Neste mundo não existem duas pessoas iguais. Algum dia já encontrou alguém com seu rosto,seu porte,suas ideias? Armando inquietou-se um pouco. Juliana estaria caçoando dele? - Claro que não. - Nesse caso,generalizar é ilusão.Deus é criativo,não se repete. Cada um é um. - Você não gostou do que eu disse.Deseja por acaso ser especial? - Desejo apenas ser eu. - Posso saber como você é? - Ainda estou me descobrindo. - Se deixar, posso ajudar. Juliana olhou-o nos olhos e disse: - Terá condições de me ver? Armando sentiu aumentar seu interesse. Olhando os olhos negros e profundos de Juliana, respondeu lentamente: - Adoraria, tentar. - Obrigada pelo interesse.Mas esse é um trabalho meu. - Vamos dançar? - Lamento,não é o meu forte. - Do que é que você gosta? - De tudo. - Menos dançar. - Depende do momento. -Já entendi. Depende da companhia. - Também.Mas agora não é o caso. Gosto de dançar quando tenho vontade,quando a alma canta de felicidade e energia cresce espontânea. Os olhos dela brilharam expressivos e Armando pensou: " Há mulheres que usam ardis para despertar o interesse. Juliana será uma delas?" .
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Pelas portas do coração
EspiritualEnquanto a cabeça racionaliza,o espírito sente. A razão segue as conveniências do mundo. O espírito busca a essência daquilo que é. Quando a sensibilidade se abre,energias tumultuadas e emoções novas surgem trazendo insegurança,e é preciso estudar a...