A Fada e a Caçadora

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  Anáhla estava sozinha desta vez, a fada precisava respirar, tentava ao máximo manter os sentimentos escondidos,  e por isso ficou encarando as plantas de um jardim coberto por uma cúpula que impedia das plantas tomarem sol, a cúpula ficava dentro do castelo, em uma parte sem teto, ela encarava uma rosa branca sentada e respirando fundo diversas vezes. A magia das fadas as mantinham vivas e isso que era o mais belo daquele jardim.

—  Sabe... Estou confusa, por que eu... Logo eu? Não quero ser igual a... —  Ela hesitou responder. —  Minha vida inteira foi reservada apenas para os grandes jogos da natureza, mas se eu estiver com magia negra no corpo, isto vai ser impossível. E se eu não estiver pronta até os jogos eu... Eu...

— Você fala com plantas? —  Perguntou a vampira estranhando aquele momento. 

—  Plantas são seres vivos também! Embora não possam falar, conseguem nos escutar. — Respondeu e Vic fez uma careta de discordância. 

—  Você fadas são estranhas.

—  Meu nome na verdade é Anáhla e não fada então...

—  Olha, vamos resolver isso ok? esse lance da gente estar grudada uma na outra não rola, eu vim aqui apenas para entregar uma mensagem, e quero ir embora.

—  Se não pode tomar a cura, como pretende nos separar? —  Perguntou Anáhla.

—  Mãe natureza disse que há um jeito, só que... Teríamos que embarcar em uma viagem, em Zarténia há um rio, que dizem ser feito com lágrimas de Serpentes, um rio magico feito por um Deus. Esse rio contém propriedades espirituais, e nele podemos separar as almas e...

—  Zarténia? O Reino dos Elfos? —  Anáhla interrompeu. —  Isso é longe! São mais ou menos 1 mês de viagem! Até lá já teria me tornado uma bruxa! São uma distância de três reinos e isso se formos andando montados em animais! A pé nem a pau. Impossível! 

—  Ei... Vai dar tempo. —  Disse Vic. —  E outra coisa, eu não vou ficar grudada com você nem morta, assim que a mãe natureza liberar, iremos em partida, imediatamente.

—  Mas...

— Fada, nós não temos escolha! —  Disse a vampira, curta e grossa. E logo em seguida ela saiu deixando Anáhla sozinha.

***

 Como era de costume das fadas, a colheita era algo sagrado.

Ter o trabalho de colher as flores que enfeitavam suas roupas e seu reino eram uma dádiva, para as fadas, nada era mais sagrado do que a natureza, e removê-la de seu habitat natural era algo que devesse ser feito com reza e agradecimento a mãe natureza.

Uma das fadas artesãs do reino caminhava com a cesta nas mãos já pela metade, havia colhido tantas plantas naquele dia, estava agradecida e feliz, mas algo abalou sua felicidade. Um vento espesso que arrepiou os pelos de seu corpo deixando-a estável, aquele vento só podia significar que algo estava errado.

— Há um desequilíbrio na terra... — Sussurrou ela tocando em uma das árvores e imediatamente correndo na direção dessa sensação ruim.

Passou pelas árvores, pelos rios e pelas pedras molhadas, até então encontrar o que estava procurando.

A fada arregalou os olhos e gritou. Seu grito de desespero desestabilizou seus joelhos, que caiu com as mãos na boca em um choro interminável.

Aquela parte da floresta estava...

Coberta pelas trevas...

As árvores sem folhas e secas, mortas, assim como todo o verde daquela parte. Um círculo certinho... Mas não era nem a parte pior. As fadinhas... Haviam tantas delas...

Tronos da noite - Coroa de Cinzas - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora