Fadas Assassinas

83 22 23
                                    

  Anáhla caminhou ao lado de Vic enquanto Serena caminhava na frente sozinha.

— Eu nasci por algum motivo com essa maldição, alguns falavam que eu nem era filha da minha mãe, que fui entrega nas mãos dela, outros dizem que demônios amaldiçoaram ela na barriga, ninguém sabe a verdadeira história sobre meu nascimento, tudo o que sei é que até eu nascer, minha mãe não era uma fada das trevas, era uma mulher normal, casada com um homem normal, o meu pai. Ela não era uma fada herdeira, mas era uma fada elementar muito boa no que fazia. Na época era a melhor amiga da Fada mãe, até que um dia...

  Anáhla respirou fundo. 

— Um dia em que eu mesma sendo uma criança acabei me exaltando, e fiquei zangada, minha magia foi lançada nela sem querer, mas ao invés da minha mãe se machucar, ela acabou absorvendo a magia...

—  Magia negra.

—  Sim. Magia negra, por isso falam que sou amaldiçoada, eu não sei o por que mas consigo usar magia negra sem me tronar uma bruxa... Já a minha mãe acabou provando daquela magia e não conseguiu parar mais. Por causa daquilo ela matou os pais das herdeiras, incluindo o meu pai, e os pais da Serena. Era para eu ter sido condenada a prisão por isso, mas a fada mãe decidiu me criar, ela disse que não era culpa minha e me absolveu o caso, mas desde então eu fui odiada por não conseguir usar magia branca  direito, eu só sei dominar magia das trevas, só que... Se eu me tronar uma fada das trevas, a mãe natureza disse que é algo catastrófico. Meus poderes poderiam destruir Arghalon. Por isso é mais do que importante que nos separemos assim que possível. É perigoso demais eu perder o controle de novo...

  Victórika encarava o rosto tristonho da fada, logo depois observou Serena.

—  Eu admito, a fada verde estava certa sobre mim, eu me acho demais o centro das dores. Eu esqueço que cada reino tem sua cultura e sua espécie, você tem sua dor e eu tenho a minha, fui um pouco egoísta com você e peço perdão. A você também Serena. —  Disse Vic e Serena apenas escutou sem responder.

  Victórika parou no meio do caminho.

—  A verdade é que... Eu sou egoísta, pois eu perdi meu clã inteiro, e nunca mais entrei para um novo clã. Eu não sou nada, sou caçada pelo meu povo, e sou caçada por ser diferente... Eu não sou uma vampira. —  Disse ela e Serena a encarou e Anáhla também. —  mas eu também não sou uma fada. Esse é o motivo de eu ser tão conhecida e temida em Ohrador...

—  Então o que você é? —  Perguntou Serena.

—  Nada. Eu não existo, minha espécie não existe. —  Anáhla arregalou os olhos, ela já havia entendido, estava estampado na cara delas esse tempo todo e ninguém havia reparado.

— Você é uma híbrida...  —  Disse Anáhla, e Serena arregalou os olhos. — É metade fada... Por isso manipula o fogo!

—  Não... Isso é impossível, não existem mestiços tão perfeitos assim! —  Disse Serena. —  Duas espécies diferentes não podem fecundar! É a lei da natureza, é impossível engravidar de outra espécie!

—  Na verdade... É possível, mas é muito raro... —  Anáhla interviu.

—  Sim! Raro, e quando acontece não é uma pessoa que sai, é uma criatura deformada, que pode causar um enorme problema no reino, pois uma criatura sem cérebro andando por aí com super poderes acha que pode ser bom? Ela é perfeita! É impossível nascer perfeita!

—  Ah, meu olhos nasceram de cores anormais.

—  Ter olho roxo é um defeito para você??? —  Perguntou Serena.

—  Não, eu gosto deles, acho que me trás um certo charme. — Vic sorriu e Serena parecia querer arrancar os olhos dela. —  Ta, tá! Eu não sei como eu nasci sem nenhum defeito ou deformidade, eu sou normal, e bem forte e poderosa quando me alimento, mas! —  Ela voltou a andar. —  Eu não sei de fato o que houve, só sei que eu tenho o poder do fogo, nada além disso, foi o que herdei das fadas, e de resto sou como uma vampira comum.

—  Ótimo... —  Disse Serena. De repente ela parou. — Aqui é a divisa com Kayhmor, a partir daqui nós fadas não podemos atravessar, é escuro e de noite. —  Disse ela olhando para o céus e vendo que e de um lado estava ensolarado e do outro de noite. —  E lobisomens não são seres amigáveis.

—  Eu que diga. —  Disse Vic.

—  Se estamos na divisa, então estamos perto, precisamos tomar cuidado, minha mãe pode estar em qualquer local por aqui, ela pode tanto andar na noite quanto de dia. Aquela sombra pode ter sido fácil de derrotar, mas aquilo era de longe os poderes dela. Bruxas elementares podem aprender todos os elementos da natureza e se especializar em um, mas isso não as deixa vulneráveis, elas ainda sabem usar outros elementos. —  Disse Anáhla avançando.

  Caminharam pela divisa em alerta quando Anáhla parou de repente. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela rapidamente as secou.

—  O que houve? —  Disse a vampira e Anáhla apontou para uma árvore no fundo.

  E dela algo saiu da árvore.

  Uma mulher. Uma mulher de pele cinza e dentes pontudos. Sua pele era áspera, e a mulher tinha olhos arroxeados como as de uma bruxa e iguais aos de Victórika. Possuía um símbolo na testa no formato diferente da de Anáhla, cheio de losangos e e vetores.

  Ela marcava uma mulher que já fora bonita, mas agora parecia uma bruxa, como o rosto ossudo e magro, seus cabelos eram muito cheios e sua roupa era marrom rasgada nas laterais das pernas e com um enorme decote. Suas garras eram enormes, e ela lambeu os lábios negros e sorriu. 

—  Ora, ora... O que temos aqui... —  Disse ela e Victórika imediatamente arregalou o olhos e encarou Anáhla engolindo em seco.

—  Essa é sua mãe? —  Perguntou e Anáhla fez que sim com a cabeça. —  Ah... Que merda... — Disse a vampira e Anáhla franziu o cenho da testa encarando Vic de volta. —  Essa vadia é a minha mãe também.

—  E o destino reúne minhas mais nobres filhinhas... —  A bruxa gargalhou enquanto Serena e Anáhla arregalaram os olhos em estado de choque.

  Victórika e Anáhla eram irmãs?









Tronos da noite - Coroa de Cinzas - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora