Capítulo 4

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Pela posição do sol já se passavam das 10:00 hs da manhã. Estamos no gramado da universidade, sobre uma colcha estendida no chão. O clima está ameno para o mês de setembro. O vento um pouco mais frio indicava que os meses mais quentes do ano já haviam se passado.

Eu estou sentada e Peter deitado em meu colo, com os olhos fechados. Eu acaricio os seus cabelos enquanto observo o campus à nossa volta.

O gramado está constantemente cheio de alunos, lendo um livro ou namorando, como fazíamos agora. Imaginei muitas vezes como seria se Peter estudasse aqui na UNC enquanto via alguns casais juntos durante a semana no gramado. Agora ele estava aqui comigo, ainda que por pouco tempo.

Desço meu rosto até que posso beijá-lo. Meus cabelos estavam soltos, então roçam em seu rosto a tempo de despertá-lo para me ver se aproximando. O beijo é calmo, mas demorado o suficiente para surpreendê-lo.

- Demonstração pública de afeto, Lara Jean. – ele fala sorrindo. – Isso é novidade!

Ainda com a expressão divertida ele cruza as mãos sobre os bruços e fecha os olhos novamente.

- Isso se chama saudade, seu bobo. – falo enquanto toco na ponta do seu nariz.

Ele dá um meio sorriso presunçoso.

- Gosto disso, Covey. Acho que a distância tem as suas vantagens... – então ele abre os olhos e pisca para mim.

De fato, antes Peter era proibido de me beijar em público. Agora eu sinceramente não me importava com quantas pessoas estivessem à nossa volta.

- Aqui parece... legal. Parece muito com a UVA. – Ele fala. Havia virado o rosto de lado e estava observando o campus.

Do gramado tínhamos a visão dos alojamentos e do prédio principal, além do ginásio de esportes.

- É sim. É muito legal. – respondo animada. – Você quer conhecer mais tarde?

- Claro. – ele responde e dá de ombros, depois fecha os olhos novamente e põe minha mão sobre os seus cabelos, para que eu continuasse a acariciá-los.

Nosso café da manhã havia sido estilo um piquenique no gramado, e não havia sobrado muita comida para contar história. Então na hora do almoço comemos na Cosmic Cantina, o restaurante mexicano onde eu e Chris havíamos comido em minha primeira visita à UNC. Peter não acha o burrito lá essas coisas, apesar de eu continuar achando o melhor burrito que já havia comido em toda a minha vida.

Mais tarde, o levo para conhecer o campus.

- Por onde quer começar? – pergunto animada, segurando a sua mão.

- Não sei... – ele responde, dando de ombros novamente. – Deixe-me pensar.... pela biblioteca, por onde mais?

Dou um sorriso, animada, porque sem dúvidas aquele era um dos meus lugares favoritos do campus.

A biblioteca era gigantesca, e lembrava em muita a biblioteca da UVA, onde eu e Margot passamos várias tardes com a nossa mãe, mas na visão de Peter o lugar era apenas "razoável".

Depois seguimos pelo prédio principal, onde mostro algumas salas de aula no estilo anfiteatro. Passamos pelo refeitório, pelo ginásio, pela quadra de basquete...

Por fim, levo Peter para conhecer o Velho Poço.

- É menor do que o chafariz da UVA. – Peter observa. Tudo na UNC parecia inferior para ele.

Tiramos um selfie e voltamos para o alojamento. O sol já estava se pondo. Peter caminha ao meu lado, mais calado do que o habitual.

Atravessar o alojamento feminino até o meu quarto abraçada com Peter Kavinsky me fez lembrar a primeira vez que entramos no refeitório da escola como falsos namorados. Todos os olhares estavam sobre ele, e consequentemente, sobre mim. Garotas entrando e saindo dos seus quartos, lançando olhares furtivos para ele, entre risinhos e comentários em voz baixa. Peter realmente não passava despercebido por um ambiente feminino.

Por um momento penso como seriam as coisas para ele na UVA. Com certeza as garotas tinham esse tipo de reação à sua presença. Mas eu não queria contaminar a minha mente com aquele tipo de pensamento, ou corria o risco de estragar o resto do nosso fim de semana. Afinal, ele estava aqui comigo, não estava?!

Quando entramos no quarto, percebo que está vazio.

Peter senta-se na cama e me puxa para perto. De pé, fico apenas um pouco mais alta do que ele.

- Você não vai se transferir para a UVA. – ele diz em um tom triste. Sua feição desapontada parte o meu coração.

- Peter, eu...

- Não, Lara Jean. Tudo bem! – ele encosta o rosto em minha barriga, abraçando o meu quadril. Eu recosto meu rosto em sua cabeça, fazendo carinho nos seus cabelos. – Eu meio que... meio que... esperava. – ele levanta o rosto e olha nos meus olhos. – Mas eu ainda tinha um pouco de esperança, sabe.

Deus, como era injusto. Eu não queria ver aquele olhar em seu rosto novamente. Por uma pequena fração de segundo eu cogito a ideia. Cogito a ideia de voltar para a Virgínia, estar perto da minha família, estar perto de Peter. Mas a quem eu estaria enganando se eu lhe desse esperança?

Então eu não digo uma palavra. Desço o rosto em sua direção e o beijo. Subo em seu colo, com as pernas ladeando os seus quadris.

O beijo é intenso. Triste e intenso. Não havíamos nos despedido no dia em que eu chequei à UNC, quando Peter, Kitty e meu pai haviam me trazido. Estávamos nos despedindo agora.

Peter tira a blusa e a joga no chão. Eu já havia percebido que ele estava mais forte, mas ao vê-lo sem camisa fico surpreendida. Deslizo os dedos sobre os seus bíceps marcados, subindo pelo seu trapézio, e depois descendo sobre o seu peitoral.

- Você está forte, Kavinsky! – comento.

- Estou? – ele responde, com um olhar presunçoso. – Tudo seu.

Sorrio aliviada, pois parecia que o pior havia passado. Ninguém gostava mais de um elogio do que Peter Kavinsky.

Estamos prestes a continuar quando Ambry entra no quarto.

- Ei! Oh! – ela fala, cobrindo o rosto com as mãos. – Não estou vendo nada, ok?

Desço do colo de Peter, enquanto ele pega a blusa no chão e a veste.

- Pode ficar tranquila. Não há nada para ser visto. – falo e ela então tira a mão dos olhos.

- Senhorita Lara Jean, da próxima vez me avise que o seu namorado vem lhe visitar. É isso que boas colegas de quarto fazem. – ela fala contrariada.

- Desculpe! – peço sem jeito.

- Tudo bem! – Ambry fala, enquanto abre o guarda-roupa. – Como sou uma colega de quarto maravilhosa não vou dormir aqui hoje à noite, ok?

Eu não respondo nada. Olho para Peter, que pisca o olho para mim, parecendo animado.

- Ok? – ela pergunta novamente e eu apenas balanço a cabeça afirmativamente. – Você me deve uma, garota!

- O que você vai fazer hoje à noite? – pergunto, sentando-me na cama ao lado de Peter.

- Vou ao show no Cat's Cradle. – eu não respondo nada e ela olha em minha direção. – Você não está sabendo? – eu balanço a cabeça negativamente. – Nossa, essa garota foi enterrada viva neste quarto. – ela fala, agora olhando na direção de Peter, que parece se divertir ao meu lado.

- Ei, Covey. – ele diz de repente. – Nós podíamos ir. O que acha?

Olho para ele, depois para Ambry.

- É uma boa ideia, Lara Jean. Aproveite que seu namorado está aqui para se divertir um pouco.

- Tudo bem! – aceito, um pouco insegura.

Um show em uma casa noturna não estava nos meus planos para essa noite, mas tudo seria perfeito se Peter estivesse ao meu lado.

Toda sua, Lara JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora